1 de março de 2009

C.2. e C.4.: O Mundo Muçulmano em expansão:Os Muçulmanos na Península Ibérica

Os Muçulmanos na Península Ibérica
No século VIII (711) a Península Ibérica foi de novo invadida, desta vez pelos Muçulmanos vindos do Norte de África.

Quem eram os Muçulmanos?

Os Árabes são originários da Península da Arábia, uma zona desértica da Ásia, situada entre o Mar Vermelho e o Golfo Pérsico. Muito pobres, viviam divididos em tribos, dedicavam-se à pastorícia e ao transporte de mercadorias através do deserto. A sua principal cidade era Meca onde, no século VII, Maomet funda uma nova religião - o Islamismo - a que se converteram todas as tribos.
Os seguidores desta religião são os Muçulmanos.
Por que se expandiram os Muçulmanos?
Após a morte de Maomet, os Muçulmanos iniciaram a sua expansão para a Ásia, o Norte de África e a Península Ibérica.
Pretendiam:
.expandir o Islamismo, procurando converter outros povos à sua religião;
.procurar novas terras e riquezas, para melhorar as suas condições de vida.

Em 711, os Muçulmanos invadem a Península Ibérica, derrotam os Visigodos na batalha de Guadalete e em poucos anos ocupam todo o território, à excepção de uma zona a Norte, as Astúrias.

A Mesquita
A ideia que em geral se tem de uma mesquita é a de um edifício como os que foram concebidos pelo grande ar­quitecto otomano Sinan (1491-1588) e copiados em grande parte do Império Otomano. Trata-se de uma estrutura com cúpula e esbeltos minaretes; de preferência quatro. Mas, desde que seja dada resposta as necessida­des litúrgicas básicas, como, por exemplo, que a orientação em relação a Meca seja clara, qualquer edifício ou estilo serve. Assim, em muitas regi6es do mundo islâmico adaptaram-se os estilos locais, muitas vezes utilizados em edifícios de outras religi6es e que podem mesmo estar fortemente associados a elas.
Fonte: Francis Robinson, Mundo Islâmico, Círculo de Leitores
Uma mesquita da sexta-feira A mesquita e o primeiro edifício cuja planta se traça e em volta do qual se organiza a medina. A medina e um local de prosternação, onde os crentes se reúnem por ocasião da oração solene da sexta-feira. Nas grandes cidades para além da mesquita da sexta-feira, cada bairro tem o seu oratório destinado as orações quotidianas. Também os madraçais possuem muitas vezes uma sala de orações do mesmo tipo da mesquita. As cinco orações quotidianas podem ser feitas pelo muçulmano onde este desejar. Mas a sexta-feira reza-se pelo menos uma vez em conjunto na grande mesquita. A arquitectura das mesquitas e ditada pela religião islâmica: orientação para Meca, estrutura de tipo basilical, temas decorativos. Do mesmo modo, a água necessária as abluções determinou muitas vezes a escolha do sítio do edifício. Não sendo este o caso, a água é conduzida por um sistema de condução subterrânea.
Regras arquitecturais precisas A mesquita marroquina e concebida a partir do modelo islâmico. o acesso a sala de orações e feito por um pátio a céu aberto, muitas vezes orlado por galerias laterais. Nos fontanários ou nos reservatórios centrais. constantemente alimentados por água fresca, os fiéis entregam-se as abluções rituais. Na sala de orações adjacente, formada por um rectângulo alongado, os muçulmanos em oração alinham-se paralelamente uns aos outros e prosternam-se virados para a parede da qibla. No centro desta parede existe uma espécie de nicho muito decorado de forma semicircular, o mihrab, que simboliza a direcção de Meca. À direita do mihrab encontra-se o minbar, cátedra de madeira composta por uma escada encimada por um trono, do qual o imã dirige a oração e profere o sermão da sexta-feira. Este é, por vezes, rica mente decorado de madeiras preciosas.
Fonte: Marrocos, Lugares de Sonho, Larousse/Círculo de Leitores
Fonte: Marrocos, Lugares de Sonho, Larousse/Círculo de Leitores
"A oração é como uma corrente de água doce que passa diante da porta de cada um de vós», diz uma tradição. ?0 muçulmano mergulha nela cinco vezes por dia." Ao amanhecer, ao meio-dia, à tarde, imediatamente após o pôr do Sol e à noite, o muezim chama os muçulmanos à oração: "Deus é o maior», grita ele quatro vezes em árabe. "Sou testemunha de que não há outro deus a não ser Deus" (duas vezes). "Sou testemunha de que Maomé é o mensageiro de Deus» (duas vezes). "Vinde orar» (duas vezes). "Vinde triunfar) (duas vezes). "Deus é o maior.» (duas vezes). "Não há outro deus a não ser Deus!" Ao ouvir este convite, os muçulmanos devem preparar-se para a oração, seja em suas casas, onde, em geral, oram as mulheres, seja na mesquita - termo derivado da palavra árabe masjid, que significa lugar para prostrar-se –, onde é preferível que os homens rezem, se puderem. No entanto, os muçulmanos só tem obrigação de ir à mesquita para a oração do meio-dia de sexta-feira, altura em que escutam também um sermão.
O muçulmano deve entrar na mesquita em silêncio e tentar chegar a horas. Ao chegar, descalça os sapatos, que pode deixar à entrada ou levar na mão, com as solas juntas, ate ao lugar onde vai orar, colocando-os um pouco mais adiante do sítio onde irá apoiar a cabeça.
Depois lava-se, exprimindo simbolicamente o seu desejo de limpeza interior, enquanto elimina a sujidade do seu corpo. Em seguida junta-se as filas dos seus companheiros, voltando-se para Meca, e aguarda que o imame dê o sinal para que comecem as orações. Ao realizar um rakat, ou ciclo de oração, todo o seu corpo exprime as palavras que pronuncia ao dizer "Glória ao meu Senhor, o grande», inclina-se, e ao pronunciar "Glória ao meu Deus, o Omnipotente», prosterna-se, com a testa e o nariz no chão em sinal de submissão a Deus. A sua atitude deve ser de humildade, devoção e total concentração. Está a falar com Deus e a ouvi-lo; se não for sincero, a oração não tem qualquer valor.
Fonte: Francis Robinson, Mundo Islâmico, Círculo de Leitores

Arte Islâmica
De um lado, temos o mundo tardo-antigo bizantino (com a arte cristã a atravessar um momento de grande florescimento) e, portanto, uma produção artística substancialmente mediterrânea; do outro, a Mesopotâmia e a Pérsia Sassânida (com influências indianas e helenísticas "de regresso"): estas são as duas principais fontes que o novo mundo islâmico utilizará para encontrar os elementos constitutivos daquilo que – reelaborado e libertado das raízes – se tornará a linguagem artística islâmica original, uma civilização com mais de 1400 anos de história, espalhada por um vastíssimo território. Este processo – que pode ser considerado como o momento formativo da arte islâmica – desenvolveu-se com as primeiras duas dinastias, Omíada e Abássida, e pode-se dizer que se completou já no fim do século IX, embora novas exigências, enriquecimentos e alterações fossem de qualquer maneira constelar, obviamente, o curso e evolução da arte até aos nossos dias.

Devendo indicar uma única imagem para resumir emblematicamente toda a mensagem artística islâmica, a escolha recairia, sem dúvida (tratando-se de arquitectura ou de outra forma de arte), sobre uma representação que contenha uma caligrafia árabe. A iconografia do Islão é a escrita. Elemento fundamental e obrigat6rio em toda a civilização e cultura islâmica, com as suas variantes gráficas e, posteriormente, com a sua interpretação por parte de Ibn Muqla no século X, a escrita é a máxima expressão da arte, também nas suas vers6es mais decorativas e falseadas (isto é, na pseudo inscrição); a escrita relembra a mensagem divina, o Alcorão, cuja primeira sura (capítulo) revelada proclama que foi Deus quem ensinou ao homem a arte da escrita. Não existe obra mais sublime para o homem, e útil para a salvação da sua alma, do que copiar e divulgar o Verbo Divino. A acompanhar e a integrar a caligrafia, impõem-se outras duas exigências artísticas: a elaboração geométrica e o floreado abstracto ou arabesco. Os motivos geométricos, baseados em figuras planas regulares ou irregulares, permitem campir grandes superfícies com um efeito de "caleidoscópio"; o ornato – uma faixa, um painel, uma cúpula ou um rebordo – é geralmente interrompido bruscamente. Noutras palavras, dispõe-se apenas do fragmento de uma ornamentação que poderia, na realidade, continuar infinitamente: a obra criadora de Deus é inexaurível – e, por conseguinte, para os muçulmanos, nunca terminada –, e a ela alude-se, evidentemente deixando a decoração indeterminada e aberta. O mesmo sucede com o chamado «arabesco» (do italiano a robesche, ou seja, de folhas e flores, e que nada tem a ver com "árabe"), uma livre interpretação: de motivos vegetais (com a c1assicíssima folha de acanto, mas não só: também a palmeta e a semipalmeta tem um papel preeminente) que na realidade, não existem na natureza, mas são plausíveis. Observa-se – e, desde a início, quando, verosimilmente, as mesteirais ainda não se haviam convertido ao islamismo, mas os encomendadores sim – uma­acentuada tendência para a abstracção, a que e geralmente considerado não figurativo, numa forma de arte que permite a concentração necessária para a oração. Os muçulmanos, nas suas cinco sessões de oração diárias, dirigem-se directamente a Deus.
Fonte: A Grande História da Arte. Arte Islâmica, Público, 2006

A Península Ibérica e a Civilização Muçulmana
"Tendo entrado no ano 711 pelo estreito de Gibraltar, os Muçulmanos subjugaram a reino visigótico e, em poucos anos, conquistaram toda a Península Ibérica, com excepção da região das Astúrias, onde os Cristãos organizaram a resistência.Os Muçulmanos ainda tentaram conquistar o reino franco. Passando os Pirinéus no ano 732, chegaram a Poitiers, mas aí foram derrotados por Carlos Martel e obrigados a recuar para Península Ibérica.A resistência dos cristãos à ocupação muçulmana transformou-se no movimento da Reconquista. Iniciando-se nas Astúrias, com o lendário rei Pelágio, a Reconquista foi simultaneamente um movimento militar e religioso de luta entre Cristãos e Muçulmanos. Apoiado pela Santa Sé e pelos reinos cristãos da Europa, a partir do século XI integrou-se no movimento das cruzadas."
Pedro Almiro Neves, Cristina Maia, Dalila Baptista - Clube de História 7, Porto Editora.

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