30 de março de 2009

TAREFAS PARA AS FÉRIAS DA PÁSCOA

TAREFAS PARA AS FÉRIAS DA PÁSCOA
(fazer no Blogue)
7º A e B
HISTÓRIA
-ARTE ROMÂNICA (texto e imagens)
-ARTE GÓTICA (texto e imagens)
-IDADE MÉDIA (texto e imagens)
-GLOSSÁRIO (tema C e D do manual) (texto e imagens)

7ºA
ÁREA DE PROJECTO
-DIAS MUNDIAIS ( DIA da PÁSCOA, DIA 1º MAIO,DIA do 25 de ABRIL etc) (texto e imagens)
-MODALIDADES (texto e imagens)
-SANTO DA TERRA ONDE HABITA (texto e imagens)
-HISTÓRIA DA TERRA ONDE HABITA (texto e imagens)

7ºA
FORMAÇÃO CÍVICA
-DROGAS (ALCOOL e TABACO) (texto e imagens)
-SIDA (Descrição da doença; Formas de contágio; Efeitos)(texto e imagens)


O Professor: João Nunes

Boas Férias e Bom Trabalho.

23 de março de 2009

D. JOÃO I

D. João I


D.João I

D. João I


Filho bastardo de D. Pedro I e de uma dama galega. O mestrado da Ordem de Avis foi-lhe destinado desde a sua infância e é nesse sentido que decorre a sua educação, a cargo do comendador-mor da Ordem.

Em 1383, já na situação de um dos mais ricos senhores de Portugal, jura, com muitas outras figuras importantes do reino, cumprir cláusulas do contrato de matrimónio da infanta D. Beatriz com D. João I de Castela. Nesse mesmo ano, é um dos escolhidos para acompanhar a infanta a Badajoz, onde foi entregue ao marido. O facto de ter sangue real e de ser olhado como chefe provável do partido adverso à parceria Leonor Teles-conde de Andeiro, deve ter contribuído para a sua prisão ordenada por D. Fernando. Mais tarde é libertado por ordem do rei e a esse facto não deve ter sido estranha a intervenção pessoal do conde de Cambridge, chefe do contingente inglês em Portugal.

Depois da morte do rei, entra-se no período da guerra civil e da guerra com Castela e D. João, aclamado regedor e defensor do reino, procura consolidar a sua posição no meio de hesitações e compromissos. E aclamado rei em 1385, vence a guerra com Castela e obtém tréguas em 1389. Volta-se então para os problemas internos do reino e impõe a sua autoridade à nova nobreza, que chefiada por D. Nuno Álvares Pereira, lhe desfalca os bens da coroa. Em 1396, novamente guerra com Castela até 1398.

Segue-se um longo período de paz interna e externa, só cortado pela aventura de Ceuta. Fora dos actos da administração pública, quase nada sabemos da vida do monarca. Casou em 1387 com D. Filipa, filha do duque de Lencastre e ano e meio depois nasce D. Branca, que não chegou a viver um ano; segue-se o herdeiro do trono Afonso, que morre por volta dos dez anos; vêm a seguir em rápida sucessão os infantes da «ínclita geração».

Morreu em 1433. Pessoalmente, foi-nos legado o retrato de um homem prudente, astuto, cioso do poder e da autoridade, ao mesmo tempo, terno, humano e benevolente. Foi sem dúvida o mais culto dos nossos monarcas medievais, reflexo da educação que o preparara para dirigir superiormente uma importante ordem religioso-militar.

Ficha genealógica:

D. João I, nasceu provavelmente em Lisboa, a 14 de Agosto de 1357, tendo morrido na mesma cidade, em igual dia de 1433). Casou no Porto, a 2 de Fevereiro de 1387, com D. Filipa de Lencastre (n. em Inglaterra, 1359; f. em Odivelas, a 19 de Julho de 1415), filha de João de Gant, duque de Lencastre, e de sua primeira mulher, D. Branca. Tiveram os seguintes filhos:

1. D. Branca (n. em Santarém, a 30 de Julho de 1388; f. em Março de 1389; enterrada na capela-mor da sé de Lisboa);

2. D. Afonso (n. em Santarém, a 30 de Julho de 1390; f. a 22 de Dezembro de 1400; sepultado na sé de Braga);

3. D. Duarte, que herdou a coroa;

4. D. Pedro (n. em Lisboa, a 9 de Dezembro de 1392; f. na Batalha de Alfarrobeira, a 20 de Maio de 1449; sepultado no Mosteiro da Batalha). Casou a 13 de Setembro de 1429 com D. Isabel de Urgel (n. por 1410; f. em data posterior a 1470; sepultada no Mosteiro da Batalha), filha de D. Jaime II, conde de Urgel, e de D. Isabel, infanta de Aragão. Foi regente do Reino de 1438 a 1446;

5. D. Henrique (n. no Porto, a 4 de Dezembro de 1394; f. na vila do Infante, em Sagres, a 13 de Novembro de 1460; sepultado no Mosteiro da Batalha);

6. D. Isabel (n. em Évora, a 11 de Fevereiro de 1397; casou com Filipe, o Bom, duque da Borgonha, a 7 de Janeiro de 1430, em Écluse; f. em Dijon, a 11 de Dezembro de 1471; sepultada no Convento da Cartuxa da mesma cidade);

7. D. João (n. em Santarém, a 13 de Janeiro de 1400; f. em Alcácer do Sal, a 18 de Outubro de 1442; sepultado no Mosteiro da Batalha). Casou em 1424 com sua sobrinha D. Isabel (n. em 1404; f. em Arévalo, a 26 de Outubro de 1465; transladada para o Mosteiro da Batalha), filha de D. Afonso, 8 ° conde de Barcelos, e de sua primeira mulher, D. Beatriz Pereira de Alvim;

8. D. Fernando (n. em Santarém, 1402; f. no cativeiro em Fez, a 5 de Junho de 1443; transladado em 1471 para o Mosteiro da Batalha).

Da união, anterior ao seu casamento, com uma Inês Pires, o monarca teve os seguintes bastardos:

9. D. Afonso (n. talvez em Veiros, por 1380; f, na vila de Chaves, em Dezembro de 1461). Foi o 8 ° conde de Barcelos e 1 ° duque de Bragança. Casou em primeiras núpcias, a 8 de Novembro de 1401, com D. Beatriz Pereira de Alvim (n. em 1378; f. em Chaves por 1412), filha do condestável Nuno Álvares Pereira e de D. Leonor de Alvim; e em segundas núpcias, no ano de 1420, com D. Constança de Noronha (n. em data incerta; f. em Guimarães, a 26 de Janeiro de 1480), filha de D. Afonso, conde de Gijon e de D. Isabel, filha ilegítima de D. Fernando I de Castela;

10. D. Beatriz (n. talvez em Veiros, por 1382; f. de peste em Bordéus, a 25 de Outubro de 1439). Casou, no ano de 1405, com Tomás Fitzalan, 7 ° conde de Arundel, pelo que seguiu para Inglaterra; e, tendo enviuvado, a 13 de Outubro de 1415, tornou-se esposa de Gilberto Talbot, barão de Irchenfield, f. pouco depois. Pretende-se que em 1432 a infanta voltou a casar com John Holland, filho do duque de Exeter.

Fontes:
Joel Serrão (dir.)
Pequeno Dicionário de História de Portugal,
Lisboa, Iniciativas Editoriais, 1976

Joaquim Veríssimo Serrão
História de Portugal, Volume II: Formação do Estado Moderno (1415-1495),
2.ª ed., Lisboa, Verbo, 1978

2 de março de 2009

A PENSAR...

ORDENS RELIGIOSAS : Monges,frades,militares

As Ordens religiosas são constituídas por membros do clero regular.
Elas nasceram da necessidade do Cristianismo de agrupar esforços móveis no sentido da propação da religião.
Para o efeito, criaram-se ordens militares, que iriam combater os infiéis (além das Cruzadas), e ordens religiosas que iriam ser responsáveis pela gestão e manutenção desses fiéis. Outras ordens seriam mistas e/ou dedicadas apenas ao suporte de peregrinos.
Desde o início do cristianismo existiram homens e mulheres, que procuraram seguir a Jesus Cristo com uma maior liberdade, consagrando a sua vida a Deus.
No final do Império Romano, em virtude da sua conversão, milhares de fieis recém-convertidos abandonaram as suas casas, as suas cidades e refugiaram-se em lugares desertos ou simplesmente mais ermos, por forma a levarem um modo de vida mais consentâneo com aquilo que entendiam que era o modelo de vida de Cristo e dos primeiros cristãos.
Por vezes, esses cristãos agrupavam-se em pequenas comunidades, para as quais se tornou necessário criar não apenas algumas regras de convivência, mas, posteriormente, um modelo de sociedade que pudesse ser repetido em diferentes locais.
Nasciam assim as primeiras ordens, mais ou menos formais, mais ou menos aceites pela hierarquia.
O primeiro grande codificador e fundador de uma ordem religiosa, a qual teve um imenso significado, sobretudo na Europa foi São Bento de Núrsia, o qual fundou uma comunidade no Monte Cassino.
Desse centro e mediante a propagação da respectiva regra, foram-se criando dezenas e centenas de mosteiros por todo o continente. Tinha aquela regra a simplicidade necessária para cobrir quase todos os aspectos da vida quotidiana de uma comunidade religiosa, definindo os tempos de oração, os tempos de trabalho, os tempos de descanso, bem como as regras sobre deveres mútuos, resolução de conflitos, penas, etc.
Posteriormente, outros fundadores, fosse por acrescentarem algum carisma especial, fosse por as circunstâncias históricas, sociais ou geográficas assim o exigirem, foram adaptando e alterando a Regra de São Bento, criando novas comunidades e novas Ordens.
As ordens religiosas em Portugal foram exstintas em 1834.

ORDEM BENEDITINA
São Bento de Núrsia

Uma ordem religiosa monástica católica que se baseia na observância dos preceitos destinados a regular a convivência comunitária. Foi composta no século VI, em 529 para a abadia de Montecassino, por Bento de Núrsia: a Regula Beneticti.
A ordem não foi, porém, fundada por este santo, tendo antes nascido da reunião de vários mosteiros que professavam a sua regra, muito após a sua morte.
Os monges desta ordem são conhecidos como beneditinos. Bento de Nursia contribuiu decididamente para a evangelização da Europa pelo que foi declarado "Patrono da Europa".
Hoje em dia, a Ordem está espalhada por todo o mundo, com mosteiros masculinos e femininos.
Seguindo o seu exemplo e inspiração, diversos fundadores de ordens religiosas têm baseado as normas e regras de seus mosteiros na "Regra" deixada por Bento, cujo princípio fundamental é Ora et labora, o que quer dizer "Reza e trabalha."
Os mosteiros beneditinos são sempre dirigidos por um superior que, dependendo da categoria do mosteiro, pode chamar-se de prior ou abade que é escolhido pelo restante da comunidade. o ritmo de vida beneditino tem como eixo principal o Oficio Divino, também chamado de Liturgia das Horas, que se reza sete vezes ao dia, tal como São Bento havia ordenado. Junto com a intensa vida de piedade e oração, em cada mosteiro se trabalha arduamente em diversas atividades manuais, agrícolas, etc. para o sustento e o autoabastecimento da comunidade.
Na Idade Media os monges beneditinos usavam camisa de lã e escapulário. O hábito ou vestidura superior é preto, pelo qual foram chamados de monges negros, em oposição aos cistercienses, que usam túnica e escapulário branco, denominados os monges brancos.
Reformas da Ordem Beneditina
Durante o transcurso da sua história, a Ordem Beneditina sofreu numerosas reformas, devido à eventual decadência da disciplina no interior dos mosteiros. A primeira reforma importante foi levada a cabo por São Juan De Perez Lloma no século X; esta reforma, chamada cluniacense (nome proveniente de Cluny, lugar da França onde se fundou o primeiro mosteiro desta reforma), chegou a tomar um grande impulso, até tal ponto que durante grande parte da Idade Média praticamente todos os mosteiros beneditinos estavam sob o domínio de Cluny.
Os cluniacenses adquiriram grande poder econômico e político, e os abades mais importantes chegaram a fazer parte das cortes imperiais e papais. Vários pontífices romanos foram beneditinos provenientes dos mosteiros cluniacenses (Alexandre II, 1061-73; S. Gregório VII, 1073-85; beato Vitor III, 1086-87; beato Urbano II, 1088-99; Pascoal II, 1099-1118; Gelásio II, 1118-19; et cétera).
Tanto poder adquirido levou à decadência da reforma cluniacense, que encontrou uma importante contraparte na reforma cisterciense, palavra proveniente de Cister (Cîteaux, em francês), na França onde se fundou o primeiro mosteiro desta reforma. São Roberto de Molesmes, S. Estevão Harding e S. Roberto de Chaise-Dieu foram os fundadores da Abadia de Cîteaux em 1098. Buscavam afastar-se do estilo cluniacense, que caíra na indisciplina e o relaxamento da vida monástica. O principal objetivo dos fundadores de Cister foi impor a prática estrita da Regra de São Benito e o regresso à vida contemplativa.
O principal impulsionador desta reforma foi S. Bernardo de Claraval (1090-1153), quem foi discípulo dos fundadores de Cîteaux, tendo ingressado ali por volta de 1108. Foi-lhe encarregada a fundação da Abadia de Claraval (Clairvaux em francês), da qual foi abade durante uns 38 anos, até sua morte. Bernardo de Claraval converteu-se no principal conselheiro dos papas, e vários dos seus monges chegaram igualmente a ocupar a Sede Pontifícia. Bernardo predicou também a Segunda Cruzada. Ao falecer levava fundados 68 mosteiros da sua ordem.
A reforma cisterciense subsiste até hoje como ordem beneditina independente, dividida igualmente em duos ramos: a Ordem Cisterciense da Comum Observância (O. Cist.) e a Ordem Cisterciense da Estrita Observância (OCSO), também conhecidos como Trapenses. São chamados também "beneditinos brancos", devido à cor do seu hábito, em contraste com os demais monges da Ordem de São Bento, chamados de "beneditinos negros".
Durante a Idade Média surgiram outras reformas importantes da Ordem Beneditina. A de S. Romualdo (†1027), quem deu começo à reforma Camaldulense. Esta reforma subsiste até hoje em dois ramos: a primeira faz parte de Confederação Beneditina (beneditinos negros); a segunda é independente, mas rege-se igualmente pela Regra de São Benito. Outra reforma importante foi a empreendida por são Juan Gualberto (†1073), quem fundou os Beneditinos de Valle Umbrosa, pelo lugar na Itália em que se construiu o primeiro mosteiro desta reforma; é igualmente hoje em dia uma congregação da Confederação Beneditina. A reforma de S. Silvestre (1177-1267), fundador dos Beneditinos de Montefano, que subsiste também hoje como congregação associada à Confederação Beneditina. A reforma do beato Bernardo Tolomei (1272-1348), que deu origem aos Beneditinos de Monte Oliveto, hoje também parte integrante da Confederação Beneditina.
Após agitados períodos da história, como a Reforma na Alemanha e os Países Baixos, a expulsão ou execução de religiosos católicos por Henrique VIII em Inglaterra, seguido do período revolucionário na França, bem como também a decadência da disciplina nos mosteiros, levou a que se dizimara a população de monges. Depois da Revolução Francesa, foi Dom Prosper Guéranger quem fez renascer a ordem beneditina em Solesmes a partir de 1833, na França.

A Ordem dos Frades Menores (em latim Ordo Fratrum Minorum, O. F. M.), também conhecida por Ordem dos Franciscanos ou Ordem Franciscana, é a ordem religiosa fundada por São Francisco de Assis. Sua regra esteve na base da Segunda Ordem Franciscana - a Ordem das Clarissas, fundada por Santa Clara de Assis e também a Ordem Franciscana Secular para leigos.
Os franciscanos não são monges, mas sim religiosos: realizam voto de pobreza, castidade e obediência. Vivem em fraternidades, que se designam por conventos e não como abadias ou mosteiros. Os seus conventos são tradicionalmente junto das cidades.

A Ordem dos Pregadores (latim: Ordo Prædicatorum, O. P.), também conhecida por Ordem dos Dominicanos ou Ordem Dominicana, é uma ordem religiosa católica que tem como objectivo a pregação da mensagem de Jesus Cristo e a conversão ao cristianismo.
Foi fundada em Toulouse, França, no ano de 1216 por São Domingos de Gusmão, sacerdote castelhano (actual Espanha), o qual era originário de Caleruega.
Os dominicanos não são monges, mas sim religiosos: realizam voto de pobreza, castidade e obediência. Vivem em comunidade, que se designam por conventos e não como abadias ou mosteiros. Os seus conventos são tradicionalmente junto das cidades.

A Ordem de Santo Agostinho (OSA), em latim Ordo Sancti Augustini, cujos membros são denominados frades agostinianos ou agostinhos, é uma ordem religiosa católica de frades mendicantes que seguem a linha de pensamento de Santo Agostinho.
Na ordem, há frades ordenados sacerdotes e há os que não são, fazendo apenas os votos de profissão religiosa.
O dia 16 de dezembro de 1243, o papa Inocêncio IV emitiu a bula Incumbit nobis conclamando numerosas comunidades eremitas da Toscana a se unirem em uma só ordem religiosa com a Regra e forma de vida determinadas por Santo Agostinho, às comunidades que fundou durante sua vida.
Os principais eremitas eram: os Eremitas de Santo Agostinho da Túxia, cujos mosteiros, originariamente independentes, em março de 1244, por decisão da Santa Sé, foram reunidos numa única organização; os Eremitas de Brettino, pelo nome da localidade; e os Eremitas de São João Bono.
No mês de março de 1256, em Roma, na Igreja de Santa Maria do Povo, reuniram-se, por vontade do Papa Alexandre IV, os delegados de todos os mosteiros acima citados e de outros institutos menores, num total de cerca de trezentos e sessenta membros. Na presença do legado papal, Cardeal Ricardo degli Annibaldi, os frades eremitas ouviram e aceitaram a vontade do Pontífice de se reunirem para constituir uma única grande Ordem, a dos Eremitas de Santo Agostinho.
Os frades eremitas da Toscana elegeram, então, um Prior-Geral e formalizaram suas constituições. A Santa Sé achou por bem fazer isso também para que os frades se transferissem para as cidades e lá construíssem seus conventos, podendo assim catequizar o povo através do exemplo, da pregação e do atendimento nas confissões.
Desta forma, a Ordem Agostiniana passou a desenvolver sua dimensão apostólica, muito marcante em seu fundador.
ORDENS MILITARES
As Ordens militares (e religiosas) nasceram da necessidade do Cristianismo de agrupar esforços móveis no sentido da propagação da religião. Para o efeito, criaram-se ordens militares, que iriam combater os infiéis (além das Cruzadas), e ordens religiosas que iriam ser responsáveis pela gestão e manutenção desses fiéis. Outras ordens seriam mistas e/ou dedicadas apenas ao suporte de peregrinos.
Segue-se uma lista de ordens militares documentadas na Wikipédia, ordenadas pela data da sua militarização:
criada em 1118, militarizada em 1120 - Ordem dos Templários
1136 - Ordem dos Hospitalários
1147 - Ordem de S. Miguel da Ala
1158 - Ordem de Calatrava
c. 1160 - Ordem de Santiago
1176 - Ordem de Avis (ramo da Ordem de Calatrava)
1193 - Cavaleiros Teutônicos
1246 - Ordem dos Cavaleiros da Concórdia
1323 - Ordem de Cristo (descendente da Ordem dos Templários, formada pelo grão-mestre da Ordem de Avis)
século XIV - Ordem da Jarreteira
1573 - Ordem de S. Sebastião dita da Frecha
1687 - Ordem do Cardo-selvagem

ORDEM DOS TEMPLÁRIOS
A Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão (em latim "Pauperes commilitones Christi Templique Solomonici"), vulgarmente conhecida como Ordem dos Templários ou Ordem do Templo (em francês "Ordre du Temple" ou "Les Templiers"), foi uma das mais famosas das Ordens Militares de Cavalaria[1]. A organização existiu por cerca de dois séculos na Idade Média, fundada no rescaldo da Primeira Cruzada de 1096, com o propósito original de assegurar a segurança dos muitos cristãos que voltaram a fazer a peregrinação a Jerusalém após a sua conquista.
Oficialmente aprovada pela Igreja Católica em torno de 1129[2], a Ordem tornou-se uma das favoritas da caridade em toda a cristandade, e cresceu rapidamente quer em membros quer em poder. Os cavaleiros templários, em seus característicos mantos brancos com a cruz vermelha, estavam entre as mais qualificadas unidades de combate nas Cruzadas[3]. Os membros não-combatentes da Ordem geriam uma vasta infra-estrutura económica em toda Cristandade, inovando em técnicas financeiras que constituíam o embrião de um sistema bancário[4], [5] e erguendo muitas fortificações por toda a Europa e a Terra Santa.

O sucesso dos Templários esteve estreitamente vinculado ao das Cruzadas. Quando a Terra Santa foi perdida, o apoio à Ordem reduziu-se. Rumores acerca da cerimónia de iniciação secreta dos Templários criaram desconfianças, e o rei Filipe IV de França, profundamente endividado com a Ordem, começou a pressionar o Papa Clemente V a tomar medidas contra eles. Em 1307, muitos dos membros da Ordem em França foram detidos, torturados até darem falsas confissões, e então, serem queimados em estacas[6]. Em 1312, o Papa Clemente, sob contínua pressão do rei Filipe, dissolveu a Ordem. O súbito desaparecimento da maior parte da infra-estrutura europeia da Ordem deu origem a especulações e lendas, que têm mantido o nome dos Templários vivo até aos nossos dias.
ORDEM DOS HOSPITALÁRIOS
A Ordem de Malta (oficialmente Ordem Soberana e Militar Hospitalária de São João de Jerusalém, de Rodes e de Malta, também conhecida por Ordem do Hospital, Ordem de S. João de Jerusalém, Ordem de S. João de Rodes, etc.), é uma organização internacional católica que começou como uma Ordem Beneditina fundada no século XI na Terra Santa, durante as Cruzadas, mas que rapidamente se tornaria numa Ordem militar cristã, numa congregação de regra própria, encarregada de assistir e proteger os peregrinos àquela terra.
Face às derrotas e consequente perda pelos cruzados dos territórios na Palestina, a Ordem passou a operar a partir da ilha de Rodes, onde era soberana, e mais tarde desde Malta, como estado vassalo do Reino da Sicília.
Actualmente, a Ordem de Malta é uma organização humanitária internacional, que dirige hospitais e centros de reabilitação em diversos países.
ORDEM DE CALATRAVA
No ano de 1150, Afonso VII de Castela doou à Ordem dos Templários os domínios e o Castelo de Calatrava, no rio Guadiana, para os defenderem das arremetidas dos Mouros. Abandonado pouco depois, só no tempo de Sancho III de Castela o castelo voltou a ser ocupado pelo abade D. Raimundo e mais alguns monges que seguiam a regra da Ordem de Cister. Por essa época, o número de cavaleiros da Ordem aumentou rapidamente, e o Papa reconheceu a Ordem de Calatrava em 1164.
Tendo alguns frades da nova Ordem vindo a radicar-se em Évora, em Portugal, em 1211, D. Afonso II (1211-1223) doou-lhes os domínios de Avis, e acredita-se que, já nessa época, a Ordem portuguesa de Avis tivesse um estatuto independente, embora continuasse subordinada à castelhana.
A insíginia da Ordem é uma cruz floreada de vermelho, no hábito.
ORDEM DE SANTIAGO
A Ordem Militar de Santiago é uma ordem religiosa-militar castelhano-leonesa instituída por Afonso VIII de Castela e aprovada pelo Papa Alexandre III, tornando-a assim uma ordem supranacional, directamente responsável perante o chefe máximo da Cristandade. Apesar disso, os primórdios da ordem são confusos, já que, antes de ser instituída formalmente por Afonso VIII, já o seu sobrinho-neto Fernando II de Leão lhes havia concedido a guarda da cidade de Cáceres, na Extremadura (a qual, no entanto, tiveram que abandonar por haver sido conquistada pelos muçulmanos).
Os Cavaleiros de Santiago, chamados de Santiaguistas ou Espatários (por ser o seu símbolo uma espada em forma crucífera – ou uma cruz de forma espatária, dependendo do ponto de vista), fizeram votos de pobreza e de obediência, mas, seguindo a regra de Santo Agostinho ao invés da de Cister, os seus membros não eram obrigados ao voto de castidade, e podiam como tal contrair matrimónio (alguns dos seus fundadores eram casados). No entanto, a bula papal recomendava (não obrigava) o celibato, e os estatutos da fundação da Ordem afirmavam, seguindo um princípio das cartas paulinas: "Em castidade conjugal, vivendo sem pecado, assemelham-se aos primeiros padres apostólicos, porque é melhor casar do que viver consumindo-se pelas paixões".
Santiago Maior como Santiago Matamouros, envolvido no manto da Ordem. Pintura da escola de Cuzco, século XVII.Afonso VIII cedeu-lhes Uclés (em 1174), que se tornou a principal sede da ordem – donde, a designação usada nos primeiros tempos para a Ordem como Ordem de Uclés – e mais tarde Moya, Mira Osa, Montiel e Alfambra.
Os Espatários participaram na reconquista de Teruel e Castellón e combateram na batalha de Navas de Tolosa (1212). Os monarcas, primeiro de Leão, depois de Castela, concederam-lhe inúmeros privilégios, para além de lhe darem a posse de extensas regiões, com o intuito de as repovoar, na Andaluzia e em Múrcia.
Durante o século XV, a ordem transferiu o seu campo de actuação para a Serra Morena, e os seus mestres tomaram como residência a povoação de Llerena (Badajoz), proporcionando um grande crescimento na região.
Com o passar do tempo e o fim da Reconquista, a Ordem de Santiago viu-se implicada nas lutas internas de Castela. Ao mesmo tempo, devido aos seus inúmeros bens, teve que, por várias vezes, sustentar as pretensões da Coroa. Por outro lado, sendo o cargo de Grão-Mestre de tamanha importância, eram frequentes as lutas entre grandes famílias para alcançar essa dignidade.
Devido a todos estes problemas, após a morte do Grão-Mestre Alonso de Cárdenas em 1493, os Reis Católicos pediram à Santa Sé que providenciasse uma forma de acabar com os problemas na administração da ordem, reservando para si mesmos o mestrado da ordem – medida que era ao mesmo tempo uma necessidade e uma recompensa pelos serviços prestados pelos reis de Castela e Aragão ao serviço da fé católica (em 1492 fora conquistado o último reduto muçulmano da Península Ibérica – Granada). Assim, por uma bula de 1493, o papa concedeu aquela dignidade aos Reis Católicos.
Após a morte de Fernando, o Católico, tornou-se grão-mestre da Ordem Carlos I de Espanha; volvidos sete anos, em 1523, o Papa Adriano VI uniu para sempre à coroa de Espanha os grão-mestrados das Ordens de Santiago, Calatrava e Alcântara, tornando-se este um mero título hereditário dos reis de Espanha. Até então, o Grão-Mestre de Santiago era eleito pelo Conselho dos Treze, assim chamado por estarem presentes treze cavaleiros designados de entre os governadores e comendadores provinciais da Ordem.

D.2. : Cultura: Arte e Religião: FICHA

ARTE MEDIEVAL: ROMÂNICO E GÓTICO
Fig. A: Românico
Fig. B: Gótico


1. Lê o texto e observa as figuras A e B.
“A arte europeia ficou marcada por dois estilos: o Românico e o Gótico. A arte românica criou edifícios robustos e fechados, ligados a uma época de guerras e insegurança. O gótico assumiu-se como uma arte sobretudo urbana, mais leve e luminosa ligada a uma época de prosperidade e desenvolvimento.”
1.1. Identifica, na figura A, três elementos característicos da arquitectura românica.
1___________________
2___________________
3___________________

1.2. Identifica, na figura B, três elementos característicos da arquitectura gótica.
1___________________
2___________________
3___________________
1.3. Indica um monumento românico português.
1.4. Indica um monumento gótico português.
1.5. Faz um desenho arquitectónico, de cada estilo medieval e elabora uma legenda.

D.2. : Cultura: Arte e Religião: Arte Gótica

Gótico

Introdução
Desvalorizado enquanto criação artística pelos humanistas da Renascença, defensores dum classicismo italianizante que reviam no Gótico a maniera tedesca (germânica) ou a maniera dei goti (dos bárbaros), esta arte medieval foi reabilitada a partir do século XVIII, emergindo, ainda que com algumas hesitações, das "Trevas" a que estava associada.
Esta arte, que se desenvolve na Europa entre os séculos XII e XV, nasceu na Ilha de França (Paris), na Catedral de Sens (1130-1162) e na Abadia de St. Denis (1130-1144), expandindo-se depois a outras regiões. O abade Suger aparece como o grande mentor da renovação estética e ideológica do Gótico, ao realizar uma série de intenções programáticas em St. Denis, imbuídas do enquadramento escolástico e das interpretações neoplatónicas. Este sistema de pensamento faz-se corresponder numa arte onde o Mistério da Luz teoriza e fundamenta a própria concepção espacial, ao serviço duma fé aglutinadora e poderosa. Trata-se da "estética da elevação espiritual" que este estilo eterniza, mas a sua originalidade não se resume aos princípios ideológicos.

Arquitectura
Durante a época gótica, a arquitectura, simbolizada pela grande Catedral, foi a forma artística que conheceu um maior desenvolvimento técnico e formal. Grande parte das criações escultóricas deste período surgem associadas à arquitectura (normalmente de carácter religioso), sendo aplicadas tanto no exterior como no interior dos edifícios. Procurava em simultâneo exaltar e descrer os textos sagrados, todas as esculturas da Catedral cumpriam um vasto programa narrativo que as transformou num verdadeiro "Livro de Pedra". Para além destas peças escultóricas que integravam as fachadas (caso das representações de anjos e de santos das portas, das figuras fantásticas que formavam as gárgulas, das séries de retratos de reis), ou os interiores das naves, como os capitéis esculpidos, os frisos decorados e os retábulos em pedra, foram igualmente desenvolvidas estátuas de escala mais modesta que se tornaram autónomas relativamente aos organismos arquitectónicos.
Estas esculturas, de pequena dimensão e de temática religiosa, destinavam-se ora às igrejas rurais, ora ao culto privado. A partir dos inícios do século XIII, momento que marcou a ascensão de uma estética mais naturalista e menos estilizada, as estátuas representando a Madonna com o menino constituíram um dos temas preferidos. Estas estátuas, tal como grande parte dos edifícios, eram pintadas.
O mosteiro da Batalha, em Portugal, apresenta um dos mais notáveis conjuntos de estatuária gótica integrada em arquitectura, assim como o grande túmulo de D. João I. Dentro deste género são de referir ainda os túmulos de D. Pedro I e de D. Inês de Castro, colocados no transepto do mosteiro de Alcobaça, que constituem o mais perfeito conjunto escultórico português da época gótica.
Tecnologicamente, o gótico define-se pela utilização concertada do arco ogival e da abóbada de nervuras cruzadas, que permitiram o arrojo de coberturas mais altas (estreitamento dos pilares) e mais leves. O uso de nervuras diagonais introduz a complexificação dos sistemas de suporte - os pilares adensam-se e concentram elementos distintos (colunelos, colunas, pilastras), recebendo a descarga imposta pelas nervuras. As paredes libertam-se das anteriores abóbadas, adelgaçam-se numa quase desmaterialização, à qual não é estranho o emprego de contrafortes exteriores separados dos panos parietais, aos quais se unem por meio de arcobotantes (arcos de descarga). Verifica-se na arquitectura gótica uma acentuada renovação espacial que nos distancia do modelo basilical, sobretudo pela verticalidade.
Os elementos de suporte complexificam-se e alongam-se e as abóbadas de cruzaria conferem unidade ao espaço. As paredes desmultiplicam-se em andares (galerias, trifório), onde a presença da luz natural contribui para a intensificação da mística religiosa. Tudo é linear, proporcional e uno, numa estreita correspondência de partes. O coro desenvolve-se de maneira por vezes excepcional, dando origem à formação de deambulatórios com as respectivas capelas radiantes, favorecendo a aproximação tangencial do crente com o seu Deus. As paredes são ritmadas por amplos janelões que transfiguram a luz através de elaborados vitrais, de vincado carácter narrativo.

A nível da planta consagra-se a adopção do plano em cruz latina, com três naves de altura e largura desiguais e transepto geralmente com três naves, embora pouco saliente.
As fachadas concentram dois elementos-chave do Gótico - o portal e a rosácea (alude ao sol como símbolo de Cristo e à rosa como símbolo de Maria) -, rivalizando entre si nas dimensões e enriquecimento escultórico.

Artes plásticas e decorativas
Na época gótica abandonou-se a tendência para pintar o interior das igrejas com os grandes ciclos narrativos que caracterizaram o estilo românico, acentuando-se a preferência por decorações parietais com base em tapeçarias ou esculturas. Por esta razão, a pintura sobre tábua ou o grande fresco parietal, aplicado nos salões das residências nobres, tornaram-se nos géneros pictóricos com maior divulgação e desenvolvimento.
As pinturas sobre madeira, geralmente de temática religiosa, eram muitas vezes organizadas em conjuntos, formando polípticos. Destes os mais divulgados foram os trípticos, formados por um painel central quadrado e por dois elementos laterais que se fechavam sobre ele.
Num primeiro momento, os artistas góticos, interessados em criar atmosferas mística e divinas de carácter abstractizante e irreal, não revelavam grande interesse pela representação da sensação de profundidade. Assim, os fundos das imagens eram geralmente dourados, tratados como panos lisos, o que permitia realçar as figuras e as cenas, representadas com grande pormenor.
A partir de finais do século XIII e durante a centúria seguinte, os fundos das pinturas ganham um sentido mais naturalístico. O italiano Giotto di Bondone foi o mais importante pintor do período do Gótico final. As suas pinturas e frescos tornaram-se famosos pelo grande naturalismo na representação das figuras, do claro-escuro, dos suaves modelados das vestes ondulantes e dos elementos vegetais e pela integração das personagens em espaços arquitectónicos de acentuada tridimensionalidade.
O "Políptico da Veneração" (também conhecido por "S. Vicente de Fora"), que retrata, em vários painéis, os diferentes grupos sociais do Portugal medieval, constitui um dos mais importantes conjuntos pictóricos da história da arte portuguesa. A sua autoria, envolvida em grande polémica, é geralmente atribuída ao pintor Nuno Gonçalves, cuja obra alcançou um grande nível artístico.
Dentro do campo das artes decorativas ou aplicadas, a Iluminura conheceu, na época gótica, simultaneamente o seu paroxismo e ocaso, derrotada no século XV com a divulgação da imprensa e a expansão da gravura. De entre os principais centros artísticos de produção e exportação de manuscritos iluminados salientavam-se as ricas cidades comerciais flamengas, como Gant e Bruges. Estes manuscritos, de carácter religioso ou profano, eram realizados por encomenda e continham, para além dos textos, elementos decorativos ou (como por exemplo as caprichosas letras de início de página e as molduras com motivos geométricos ou vegetalistas) narrativos (ilustrações pintadas geralmente em páginas inteiras). Um dos mais interessantes manuscritos iluminados realizados neste período foi o famoso livro de horas do duque de Berry "Les Très Riches Heures" realizado pelos irmãos Limbourg no século XV.
Um género que conhece grande divulgação e desenvolvimento nesta altura é o vitral. Respondia às necessidades de encerrar os enormes vãos abertos nas paredes dos templos criando uma superfície translúcida e luminosa de acentuada imaterialidade que pudesse acentuar o sentido etéreo e místico do próprio espaço arquitectónico. O vitral era formado por pedaços de vidro colorido unidos por fios de chumbo, podendo formar imagens figurativas ou abstractas.

Em Portugal
Em Portugal, a utilização dos novos suportes, das nervuras ou ogivas góticas, surge já em edifícios do século XII, com soluções pontuais de compromisso com o estilo anterior (primitiva abóbada de S. João de Tarouca; Póvoa de Lanhoso). Os exemplos góticos, se exceptuarmos o caso de Alcobaça, da Batalha e da Sé de Évora, são normalmente de pequenas dimensões e recorrem a estruturas românicas (não necessitando portanto de arcobotantes), de exterior marcadamente horizontal. As cabeceiras e capelas-mores foram objecto de um maior enriquecimento e arrojo técnico, sendo normalmente o corpo destituído de abobadamento. A aparente singeleza e modéstia dos templos portugueses é um pouco reflexo da sociedade que albergavam - de facto, a Batalha, dotada das suas agulhas, pináculos e flechas, surge isolada no panorama português.
O primeiro edifício plenamente gótico em Portugal data do século XII (1178). O Mosteiro de Alcobaça, embora seja fruto de uma importação estilística, foi responsável pela introdução pontual da nova linguagem ao contribuir para a formação dos seus interlocutores.
O estilo gótico consolida-se após a crise de 1190-1250, numa cronologia quase paralela ao reinado de D. Afonso III (1245-1279), que assiste à unificação e estabilização da nação após a conquista do Sul - Lisboa, Santarém e seus arredores polarizam as empreitadas. Iniciam-se empreendimentos como S. João de Alporão (Santarém) e Santa Maria do Olival (Tomar), surgindo também estaleiros de referência (Sé de Évora), e os grandes mosteiros mendicantes iniciam obras.
Com D. Dinis (1279-1325), prolongam-se e concluem-se as obras dos ditos conventos e a arquitectura militar é impulsionada. Alcobaça é dotada de um claustro, tal como a Sé lisboeta e, Coimbra, Tavira e Vila do Conde vêem nascer os seus conventos. D. Afonso IV (1325-1357) assiste à edificação da abside da Sé de Lisboa e D. Fernando (1367-1383) faz novamente uma inflexão face à arquitectura militar. É com D. João I (1383-1433) que surge o período final do gótico português - o imenso estaleiro da Batalha que se irá eternizar. Há uma continuação das obras que os tempos de crise forçaram a parar, surgindo mesmo novas iniciativas régias (claustro da Sé do Porto; catedrais da Guarda e de Silves, e Colegiada de Guimarães).
Esta "arte nova", reflexo de uma construção ideológica complexa, afirma-se lentamente, ainda que com soluções de compromisso, tal como a sociedade que a viu nascer se vai libertando do corporativismo feudal. O crescimento urbano dinamiza a vida comunal, a sociedade enriquece e as encomendas proliferam, contribuindo para um enriquecimento dos templos. Estes, imbuídos duma nova vivência religiosa, abrem-se aos crentes na glorificação do mistério cristológico.

Como referenciar este artigo:
Gótico. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2009. [Consult. 2009-03-20].

D.2. : Cultura: Arte e Religião: Gótico

A ARTE GÓTICA
Surge em França, no século XII. A Abadia de S. Dinis, próximo de Paris, é considerada como a primeira construção gótica e espalhou-se por toda a Europa entre o século XII e XV.
Características da Arquitectura gótica:
- VERTICALIDADE: construções atingem grandes alturas e terminam em PINÁCULOS
- ARCOS QUEBRADOS: nos portais e nas janelas.
-ABÓBADA DE CRUZAMENTO DE OGIVAS: de estrutura leve.
-ARCOBOTANTES-COLUNAS MAIS FINAS-ROSÁCEAS COM VITRAIS: que permite iluminar melhor o interior.
-APLICAÇÃO DE ESCULTURAS NAS FACHADAS: Sobretudo nos portais esculpidos com maior realismo.
O estilo gótico produziu grandiosas catedrais, assim como castelos e edíficios civis.
A ESCULTURA GÓTICA era aplicada na decoração dos edíficios e de túmulos.
A PINTURA GÓTICA, desenvolveu-se sobretudo na Iluminura e em frescos pintados nas paredes e vitrais.
O GÓTICO EM PORTUGAL
As principais construções:
-Sé Catedral de Évora
-Igreja do Mosteiro de Alcobaça
-Mosteiro da Batalha
-Igreja da Graça: Santarém
-Igreja de S. Francisco: Porto
-Sé da Guarda
Escultura gótica em Portugal.
-Túmulos de D.Pedro I e D. Inês de Castro.

D.2. : Cultura: Arte e Religião: Arte românica

Românico

Introdução
O Românico é o primeiro estilo artístico internacional da Cristandade Ocidental, um estilo original com diversas escolas regionais, congregando elementos romanos, germânicos, bizantinos, islâmicos e arménios.
No início da Idade Média, a Europa Ocidental fortaleceu-se e definiu uma civilização muito própria, numa época de grandes transformações motivadas por três factores: a estabilização dos povos Bárbaros, a sua admissão e miscigenação nas comunidades cristãs, possíveis devido à diminuição das incursões guerreiras e a fixação dos Húngaros na região Leste da Alemanha; o recuo dos Árabes, com a fragmentação do califado de Córdova depois da morte de Almançor; e o crescimento de uma civilização urbana e mercantil, a par da permanência de uma civilização feudal e monástica.
A renovação material, proporcionada pelo renascimento do comércio e do artesanato, do uso da moeda, e pelo desenvolvimento da agricultura para responder às necessidades de uma população em crescimento, reflectiu-se numa renovação material, cultural e religiosa. Esta época é mais favorável à produção artística. Dado o papel preponderante da Igreja, é privilegiada a construção de edifícios religiosos. Nesta sociedade, predominantemente cristã, assumem-se como grandes encomendadores os institutos religiosos, particularmente no âmbito do monaquismo. Os mosteiros rurais beneditinos de Cluny e dos monges brancos de Cister assumem um papel importante num
período em que o domínio do homem sobre a natureza era ainda pouco expressivo. Para além de se afirmarem como os intermediários entre Deus e o Homem, tornaram-se importantes unidades em termos económicos, intelectuais e religiosos.
Este é o tempo das grande peregrinações e das Cruzadas, da reorganização dos bispados e da expansão das ordens monacais no Ocidente.

Arquitectura
O primeiro momento da evolução da arquitectura românica regista-se na Itália (de onde irradia para toda a Cristandade), onde mestres canteiros, organizados em corpos itinerantes, erigem igrejas caracterizadas por uma grande simplicidade, com paredes em aparelho pequeno que dão a ilusão de serem feitas de tijolo, cobertas de tectos de madeira (que posteriormente darão lugar a abóbadas de berço) e cujas naves se apresentam divididas por colunas ou pilares, despidas de ornamentação plástica e com campanários no flanco do edifício.
Em França irá surgir uma outra manifestação da mesma corrente arquitectónica, na qual são mais notórias as influências germânicas (da Alemanha dos Otões, especialmente).
A abadia-mãe de Cluny é o exemplo paradigmático de um tipo de arquitectura monástica, muito expressiva, que traz uma nova estrutura e uma nova estética. Cluny, o paradigma da arquitectura monástica do século XII, foi iniciada em 1088 pelo abade D. Hugo e dedicada a S. Pedro, "O Pescador de Almas". Note-se que a abadia existia já desde o século X, mas sucederam ampliações e reconstruções. Em 1088, parte-se para a tipologia românica própria de Cluny.
No nosso país, a arquitectura românica de Cluny chegou a pequenas igrejas de mosteiros do Norte de Portugal, normalmente de uma só nave e de acentuado carácter defensivo. É que, para além da função religiosa, a Igreja era, por vezes, usada como fortaleza numa região sujeita às razias do adversário árabe, localizado no Sul da Península. Os contrafortes e as janelas em forma de seteiras atestam essa função defensiva.
A arquitectura cisterciense, por seu turno, foi muito marcada pela espiritualidade do rigor e da simplicidade professadas pelo seu maior mentor, S. Bernardo, quarto abade geral. Os seus edifícios estão filiados na casa-mãe, a qual enviava, por norma, um abade e doze monges para cada nova fundação. A primeira fundação documentada em território português é a abadia de S. João de Tarouca em 1140-1144, filiada em Claraval, seguida pela abadia de Santa Maria de Salzedas, também na região de Tarouca.
Os edifícios deste estilo românico denotam uma adaptação à liturgia romana, mais simples, mas ao mesmo tempo mais encenada, e são vestidos de esculturas concentradas nas portas, símbolo das portas do céu, e nas janelas, por onde entra a luz divina, e muitas vezes embelezadas por pinturas a fresco nos seus panos.
Em Portugal, este estilo coincidiu com a reorganização do território, dividido em paróquias, e com o nascimento e afirmação da nossa identidade nacional.
O estilo românico apresenta algumas características básicas comuns a todos os núcleos de produção deste tipo de arte. No entanto, este fio condutor não impede que se formem escolas nacionais e até regionais, que lhe conferem uma das suas especificidades.
Em França, as igrejas, normalmente de dupla torre, apresentam abóbadas de berço e capelas radiantes. Podemos distinguir as seguintes escolas: da Provença; do Languedoc; da Aquitânia; da Borgonha (que teve grande influência em Portugal) e da Normandia. Na Itália, o românico é diverso e original, e nele coexistem as escolas da Lombardia, de influência germânica, a de Pisa, simbolizada pela sua catedral, e a da Toscânia, cheia de cor devido aos jogos de mármores. Na Alemanha, as igrejas são monumentais e de planta romana como a catedral de Spire. O românico da Grã-Bretanha está, nitidamente, relacionado com o da Normandia, depois da conquista de Guilherme em 1066; o da Escandinávia está sintetizado, por exemplo, na catedral sueca de Lund com alguma influência germânica.
A planta-padrão de uma igreja românica é uma planta do tipo basilical, composta, no entanto, por três ou cinco naves para servir a nova liturgia. Apresenta um coro entre o transepto e a abside e uma charola ou deambulatório, isto é, uma galeria de formato semicircular em volta da capela-mor. Este elemento arquitectónico foi adicionado para integrar as igrejas de peregrinação, nas quais os crentes podiam visitar as capelas absidiais sem interromper o serviço religioso. Em alternativa podiam-se construir, em volta da ousia ou do transepto, pequenas absides ou absidíolos.
A igreja típica seria abobadada, dotada de tribunas ou trifórios, ritmada por vãos e janelas estreitos para criar uma atmosfera mística, e as suas paredes seriam suportadas por contrafortes.
Em Portugal, a arquitectura românica é rica em formas ou influência local, apesar de se notar uma forte influência francesa e um baixo nível técnico, predominando os edifícios de apenas uma nave, de aspecto maciço e compacto. No país podem distinguir-se as escolas do Alto Minho, da área de Braga, da região do Porto e de Coimbra. Nos exemplos mais significativos da arte românica encontram-se a Sé de Braga, de todas a mais antiga (finais do século XI), a Sé do Porto e a de Coimbra.
No Norte do país, o estilo românico teve uma longa permanência, prolongando-se até aos séculos XIII e, por vezes, XIV, numa altura em que na Europa já se construía ao estilo gótico. Aqui, o material utilizado foi basicamente o granito. Esta longa permanência tem a ver com a própria história desta região. No Centro e no Sul do país este fenómeno foi mais efémero. Aí, a conjuntura política e económica era distinta, e a confluência de influências, nomeadamente a muçulmana e a moçárabe, ditava uma arte bastante diferente da nortenha. Usava-se predominantemente a rocha calcária.

Artes Plásticas e Decorativas
Arte fundamentalmente religiosa, indissociável da religião cristã, o Românico alarga-se igualmente à pintura e à escultura, que em comum têm a subordinação a um propósito edificante e se colocam ao serviço de uma visão ortodoxa do transcendente. Arte sem a pretensão de figurar a realidade de forma objectiva, antes se pretendendo simbólica, procura levar o crente a meditar sobre o seu lugar e o seu destino.
A pintura românica é antes de mais pedagógica, encontrando-se ao serviço da religião, transmitindo os ensinamentos e os princípios fundamentais da doutrina cristã, visíveis na decoração arquitectónica articulada com a componente escultórica. Tenta transmitir uma mensagem mais amena do que a transmitida nas esculturas dos portais que representam a salvação ou a condenação das almas. Os fiéis são advertidos, pelas esculturas, das punições a que estarão sujeitos se não se redimirem dos seus pecados.
Muito provavelmente, as paredes das igrejas estariam revestidas de cores vivas (ao contrário do que muitos restauros enganadores poderiam levar a pensar), a fim de suavizar a pesada atmosfera destes templos. Infelizmente, no nosso país, são muito escassos os exemplares que apresentam pintura.
Os temas mais comuns nas pinturas a fresco, concentrados nas absides e nas paredes superiores da nave central, pretendem representar os princípios da religião Cristã: a Trindade, a Virgem Maria, a vida dos santos e temas apocalípticos, como o Juízo Final, normalmente colocados junto das saídas. Há também alguns elementos iconográficos simbólicos, que acompanham estes temas. É usual encontrarmos a representação da Jerusalém celeste, dos trabalhos, bem como a simbólica dos temas da tradição clássica como a sereia, o pavão real ou a árvore da vida.
Trata-se de uma pintura mental ou intelectualizada, com figuras lineares e sem perspectiva, que comungam com elementos da estética paleocristã, da bizantina e da pré-românica.
A iluminura, a arte de decorar textos sagrados utilizando a pena ou o pincel sobre um suporte de papel ou de papiro recorrendo a miniaturas e à utilização de prata, ouro e cores, surgiu no Egipto no tempo dos faraós. Foi depois transmitida aos Gregos e Romanos, que por sua vez legaram esta técnica aos Bizantinos, estendendo-se a toda a Cristandade no século IV. Na Idade Média, a técnica da iluminura foi muito utilizada na decoração dos livros de teologia e dos livros de culto produzidos nas comunidades monásticas.
A escultura românica é arquitectónica porque, tal como a pintura, está subordinada à arquitectura, resumindo-se a apontamentos decorativos concentrados nos tímpanos, nas arcadas e nos capitéis dos portais e noutros vazamentos. Ela transmite as novas concepções do corpo e da estética da representação. A sua iconografia é pedagógica, pretendendo transmitir a mensagem cristã a uma população maioritariamente analfabeta. Os motivos glosados são essencialmente vegetalistas, geométricos, antropomórficos e zoomórficos. Nas representações esculpidas abundam cenas e passagens das Escrituras Sagradas como o Juízo Final, o Deus Castigador, o Tetramorfo e Cristo em Majestade.
Tanto a escultura como a pintura do período românico nascem de esquemas mentais, mas a escultura parte daí para transfigurar o real, provocando simultaneamente sentimentos de admiração e de familiaridade.

Como referenciar este artigo:
Românico. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2009

Idade Média: Feudalismo

Idade Média

Período histórico entre a Antiguidade e a Época Moderna, a Idade Média, como qualquer outra divisão cronológica, apresenta datas discutíveis quanto ao seu início e fim. Tradicionalmente, os manuais de História apontam para início o ano de 476, data da deposição do último imperador romano do Ocidente, Rómulo Augusto, por Odoacro, que transferiu mesmo as insígnias imperiais para Constantinopla. Porém outras datas são avançadas usualmente: 395, morte de Teodósio I e divisão do império; 406, início das invasões germânicas; 410, queda de Roma às mãos de Alarico, rei germânico. Se o início da Idade Média é polémico, o fim não é claro também: para além de 1453, ocupação de Constantinopla pelos Otomanos, também se aponta 1492, ano da primeira viagem de Colombo à América, ou até as Guerras da Religião, ocorridas após a Reforma Protestante de 1517 até ao Édito de Nantes, em 1598.
Mas, afinal, o que foi a Idade Média? A civilização medieval caracterizou-se por um fraccionamento da autoridade política e um enfraquecimento da noção de Estado, tendo em conta a organização e centralidade romanas. A economia baseava-se na agricultura, embora o comércio e as manufacturas tenham lentamente progredido. Socialmente, existia uma divisão em três grupos distintos: dois poderosos, a nobreza, guerreira e proprietária, e o clero, dominador mental e culturalmente, e um pobre, servil e maioritariamente camponês, o povo.
A Idade Média pode ser dividida em três períodos, ainda que com variações cronológicas e regionais. Se o Leste da Europa se manteve sob a influência de Constantinopla e da cultura grega, sem grandes mutações políticas e religiosas, o Ocidente europeu acabou por ser a área de definição e desenvolvimento da chamada civilização medieval. Assim, a Alta Idade Média inicia-se com as invasões germânicas e com a gradual ruptura com Constantinopla, capital do Império Romano do Oriente, que se manterá até 1453. A oeste, a fusão das populações romanizadas com os invasores germânicos acentua o declínio económico que se verifica desde o século III na região. A insegurança, a falta de mão-de-obra, os abusos de poder e a estagnação das cidades, que se começam a fortificar então e se resumem cada vez mais a funções episcopais, são traços comuns da época. As populações das cidades retornam ao campo. Os fracos submetem-se aos ricos e poderosos, à aristocracia proprietária, com mais poder que o rei, distante e sem influência. O sistema administrativo romano perde-se gradualmente, restando a Igreja como única herdeira do mundo antigo, voltada agora para a catequização dos campos e dos povos germânicos.
Uma das marcas assinaláveis e de maior projecção da Cristandade em crescimento e da própria civilização medieval é a difusão da vida monástica no Ocidente a partir da elaboração da Regra de S. Bento, figura exponencial do seu tempo, fundador da primeira Ordem religiosa ocidental, os beneditinos, e considerado o pai da Europa. Os mosteiros beneditinos passam a ser os herdeiros da cultura latina e fiéis depositários do mundo antigo, criadores do estilo românico e modelo de administração e unidade. A monarquia carolíngia (dinastia a que pertencia Carlos Magno, rei dos Francos) serve-se desse exemplo.
O sonho de retorno ao Império Romano ilumina a acção dos reis desses tempos, como Carlos Magno. Porém, as partilhas sucessórias (como em 843, em Verdun, com a divisão da França em três reinos) e o estado da sociedade tornam-no difícil. O período entre os séculos X e XIII marca o apogeu da feudalidade, do senhorialismo. As tentativas centralizadoras - como a dos carolíngios - enfraquecem-se desde o século IX: os reis, para manterem alguma autoridade e fidelidade dos seus vassalos, fazem inúmeras concessões de terras (benefícios), fortalecendo os senhores feudais. Nessa época, regressa a insegurança e o medo das populações, devido às incursões de Normandos, Árabes e Húngaros. A única defesa possível é em torno do castelo senhorial: para se protegerem, os camponeses renegam a sua liberdade e rendem-se à vassalidade ou ao servilismo, fortalecendo ainda mais o senhorialismo. Assim, o poder e a autoridade do rei esfumam-se, com a classe guerreira a dominar, apoiada nos benefícios (os feudos). A Alemanha é um excepção: Otton I restaura em 962 o império, agora designado Sacro Império Romano-Germânico. Também a aproximação do ano 1000 animará o Ocidente, semeando medos e incertezas, tumultos, heresias e radicalismos: o refúgio é a Igreja, que daí tira partido e se torna mais poderosa.
O reforço do papado e da Igreja marca o segundo período da Idade Média, compreendido entre o ano 1000 e o século XIII. Com a reforma gregoriana, em finais do século XI, que elimina certos abusos papais, a par da expansão monástica (nascimento de novas ordens - Cister, Premontré, Cartuxa - e reforma de outras - como a beneditina, com Cluny), da suavização da brutalidade militar (com a "paz" ou "tréguas" de Deus e os ideais de cavalaria), do apelo às cruzadas (com S. Bernardo) e da luta contra as heresias (por exemplo, os cátaros no sul de França), a Igreja ganha um grande fulgor e assume-se como o "farol" da Idade Média, moldando mentalidades, difundindo cultura e impondo uma influência política determinante. O papa sobrepõe-se mesmo aos príncipes, entrando em conflito com os imperadores alemães: qualquer rei, para o ser, teria que ter a aprovação de Roma, por exemplo.
As cruzadas e as vitórias no mar sobre o Islão, bem como o crescimento demográfico resultante de certas melhorias na produção agrícola, reanimam o comércio e o artesanato. Dá-se, consequentemente, um grande impulso às cidades, elemento definidor por excelência da Europa dos séculos XII e XIII, anunciando já o Renascimento em certas regiões da Itália e da Provença. Autonomizam-se cada vez mais as cidades, refreando a tutela senhorial e lançando as bases do movimento comunal, principalmente no Norte de Itália e na Flandres. Nasce à margem da sociedade feudal, no povo, um novo grupo social, a burguesia, urbana, mercantil e manufactureira, dedicada à finança, acumulando riquezas, poder e importância cultural.
Com o seu apoio, constrói-se um dos baluartes do mundo medieval, principalmente dos séculos XII a XV: a renovação da intelectualidade, desde sempre remetida ao clero e fechada nas abadias europeias. Assim, a actividade intelectual abre-se ao exterior, ainda que de forma lenta, absorvendo elementos das culturas judaica, árabe e persa, redescobrindo os autores clássicos, como Aristóteles e, em menor escala, Platão. Novos focos de cultura e de ensino nascem um pouco por toda a Europa a partir dos séculos XII e XIII: as universidades. Também é de assinalar a importância crescente dos mosteiros medievais, em cujos scriptoriae os copistas e bibliotecários se dedicavam à conservação e tradução dos clássicos: sem eles, não teria havido, talvez, Renascimento e Humanismo. As Ordens Mendicantes são outra marca da civilização medieval, em virtude da sua actividade assistencial, caritativa e apostólica, revolucionando a atitude da Igreja perante o Homem e o mundo: S. Francisco de Assis e S. Domingos de Gusmão são duas das luminárias do seu tempo.
A partir do século XIV, começo do fim da Idade Média, enfraquece-se a autoridade moral da Igreja (cismas, papas em Avinhão e Roma simultaneamente, abusos vários). A actividade intelectual laiciza-se em parte: as Ciências começam a rivalizar com a Teologia. A Guerra dos Cem Anos consagra o estilhaçar da Cristandade e o começo da ideia de nação, com tentativas de criação de estados fortes. Na França, a monarquia emancipa-se do papa, com conflitos entre Filipe, o Belo, e o papa Bonifácio VIII. Um duro golpe é inflingido à Europa em 1347-50, com a peste negra a dizimar mais de um terço da população, para além de outras epidemias e mortandades comuns nestes tempos. A sociedade continua maioritariamente rural, com a burguesia citadina cada vez mais activa, empreendedora e individualista, génese e motor das novas ideias que triunfarão no século XVI, mercê do progresso cultural, intelectual e artístico iniciado na Idade Média, cujo auge é, para muitos, a invenção dos caracteres móveis (a imprensa) por Gutenberg.

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Idade Média. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2009.

Europa Feudal: Inglaterra, França e Germânia (sécs. X-XIV)

O Feudalismo é um sistema contratual, político e militar baseado em relações estabelecidas entre os membros da nobreza e os seus vassalos desenvolvidos na Europa Ocidental durante a Idade Média. Estas ideias feudais, que juntavam a autoridade com a liberdade através de um contrato, tornaram-se uma parte essencial da evolução política da civilização ocidental.
Este sistema caracterizava-se pela concessão de feudos, sobretudo em forma de terras e trabalho, em troca da prestação de serviços militares e políticos; era, pois, um contrato selado por juras de vassalagem e de fidelidade. Neste contrato, tanto o senhor como o seu vassalo eram homens livres e pares sociais. Deste modo, não se deve confundir o Feudalismo com o senhorialismo, um sistema de relações mantidas entre o senhor e os seus camponeses no mesmo período.
O Feudalismo aliava o serviço político e militar e a posse da terra, para preservar a integridade da Europa, ameaçada com a queda do Império Carolíngio.
Quando os invasores germânicos conquistaram o Império Romano do Ocidente, no século V, destruíram o exército profissional romano, que foi substituído pelos exércitos destes povos, compostos por guerreiros que serviam os seus chefes em nome da honra e do saque. Estes guerreiros lutavam a pé e viviam fora das terras. Enquanto lutaram entre iguais não precisaram de cavalaria. Mas com a chegada dos Muçulmanos, dos Vikings e dos Magiares, nos séculos VIII, IX, e X, os germânicos viram-se impotentes face a estes exércitos, que se moviam muito rapidamente.
O gaulês Carlos Martel, no território da actual França, o rei Alfredo no da Inglaterra e o germânico Henrique, o Passarinheiro foram obrigados a providenciar cavalos para alguns dos seus homens para afastar os invasores das suas terras. Não está provado que estas tropas lutassem a cavalo, mas podiam seguir os inimigos mais depressa; como os arreios estavam a começar a ser usados, é bastante plausível que as acções de cavalaria estivessem a principiar no mesmo período. No século XI esta situação era já, de facto, uma realidade.
Os cavalos de guerra eram, porém, caros e o seu treino moroso. Carlos Martel, o avô de Carlos Magno, para suportar os soldados de cavalaria, deu-lhes terras aradas por trabalhadores dependentes, que usurpou da Igreja. Estas propriedades, chamadas benefícios, eram concedidas durante o serviço dos soldados.
Os soldados chamados vassalos - uma palavra derivada do termo gaélico para "servo" - começaram a ser modelos para os nobres da corte, porque estes eram escolhidos e estavam sempre em volta dos chefes carolíngios. No século IX, quando ruiu o Império Carolíngio, muitos senhores poderosos reuniram os seus vassalos montados e concederam-lhes benefícios em troca de serviços. Alguns dos terratenentes mais fracos viram-se na iminência de entrar para a vassalagem e de dar as suas terras aos senhores mais fortes, recebendo-as em troca em forma de benefícios.
As relações militares dos séculos VIII e IX são muitas vezes descritas como formas do feudalismo carolíngio. No entanto, faltam-lhes as características clássicas do feudalismo, um sistema desenvolvido mais tarde, no século X. Só por volta do ano 1000, é que o termo feudo começou a ser utilizado em vez de benefício, e a mudança de terminologia reflecte essa mutação da instituição.
A partir de então, a propriedade concedida ao vassalo era usualmente aceite como hereditária, isto se a prestação do herdeiro do vassalo fosse satisfatória para o senhor e se este pagasse a taxa de herança, a lutuosa (de luto).
O vassalo jurava fidelidade, que toda a gente devia ao senhor, e fazia um juramento especial de homenagem ao senhor feudal, que o investia com o feudo. Embora o feudalismo fosse uma instituição político-militar, ambos os indivíduos envolvidos no contrato tinham direitos sobre o feudo.
As razões deste sistema podem ser encontradas no facto de a guerra ser uma constante neste período. O feudalismo surgiu, como se disse, quando o estado carolíngio entrou em decadência, facto que suscitou o aparecimento deste novo sistema.
O Império Carolíngio caiu porque estava baseado no poder e na governação de um homem, que não tinha instituições bem preparadas para satisfazer as suas vontades. O desaparecimento do Império, na sequência da morte de Carlos Magno, ameaçou a estabilidade da Europa, quando muitos senhores passaram a poder governar os seus dependentes, à margem de qualquer autoridade soberana.
Os laços feudais permitiram que os senhores dessem apenas as liberdades que considerassem estritamente necessárias para a cooperação com os seus vassalos. Sob a liderança dos senhores feudais, os vassalos podiam repelir os invasores e criar principados feudais com alguma complexidade de relações de poderes e com um considerável tamanho. Quando o feudalismo provou a sua eficiência a nível local, reis e imperadores utilizaram-no para fortalecer as suas monarquias.
A maturidade do feudalismo foi atingida no século XI e continuou a florescer nos séculos XII e XIII. O seu berço foi a região entre o Reno e o Loire, mas no final do século XI os senhores dessa região conquistaram o Sul da Itália e a Sicília, a Inglaterra e, com a primeira Cruzada, a Terra Santa. Para cada local onde iam levavam consigo o sistema feudal. O Sul da França, a Espanha, o Norte da Itália e a Alemanha também adoptaram este sistema no século XII, ainda que com variantes próprias. Até a Europa central e oriental foram atraídas por este sistema, sobretudo depois da feudalização do Império Bizantino, na sequência da quarta Cruzada.
Os "feudalismos" do Egipto antigo, da Pérsia, da China e do Japão nada têm a ver com o sistema feudal europeu. Em termos gerais, eram somente estruturas superficialmente aparentadas. Talvez apenas os samurais japoneses tivessem algumas parecenças com os cavaleiros medievais, sobretudo durante o período dos xóguns Ashikaga (1336-1537). Apesar disso, as relações entre senhores e vassalos eram substancialmente diferentes.
Na forma clássica do feudalismo ocidental, toda a terra era pertença do príncipe soberano, sendo este um rei, um duque, um marquês ou até um conde, que só prestava contas das suas acções perante Deus. O príncipe tinha o direito de conceder feudos aos seus barões, que faziam as suas juras de homenagem e fidelidade ao seu senhor e ficavam obrigados a dar assistência política e militar, mediante os termos acordados.
O senhor, ou suserano, podia conceder porções do seu feudo aos cavaleiros, que, por sua vez, lhe prestavam o mesmo tipo de vassalagem que o ligava ao príncipe, vassalagem essa em concordância com os direitos concedidos por aquele (o príncipe).
Se por exemplo um rei concedesse doze senhorios a um barão e viesse a recuperar o serviço de dez cavaleiros o barão podia dar a concessão de dez dos senhorios a dez cavaleiros, e devia estar preparado para dar o serviço devido ao rei.
Podia dar-se o caso de o suserano pretender ficar com todo o feudo e manter os cavaleiros às suas expensas, mas esta situação era contestada por aqueles cavaleiros que queriam ser senhores deles próprios. Os cavaleiros podiam adquirir dois ou mais feudos e também podiam desejar subgarantir o serviço que se obrigavam a cumprir. Estava criada, assim, uma pirâmide feudal, com o soberano no topo, sob este os senhores, e uma força feudal de cavaleiros para servi-lo.
Surgiram complicações neste sistema, todavia, quando alguns cavaleiros aceitavam mais do que um senhor, mas a instituição de homenagem permitia que servisse pessoalmente um senhor e mandasse os seus vassalos servi-lo com os outros senhores. Era tradição em França que "o senhor do meu senhor não é o meu senhor"; por isso, não era considerada uma rebelião para um subvassalo lutar contra o senhor do seu senhor. Na Inglaterra, pelo contrário, Guilherme, o Conquistador, e os seus descendentes obrigavam os vassalos dos seus vassalos a fazer os mesmos juramentos perante si.
Um vassalo devia servir no campo, mas era ainda mais importante o seu contributo militar. Quando o senhor tinha um castelo, ele pedia aos vassalos para o defenderem. O senhor também podia pedir que os seus vassalos frequentassem a sua corte, para o aconselhar e para participar em julgamentos de casos relativos a outros vassalos. Chamam-se a estes dois deveres de "auxilium" e "concilium". Se o senhor precisasse de dinheiro, este podia esperar que o vassalo lhe prestasse uma ajuda financeira, por exemplo, quando pretendia dotar uma filha que casasse.
Nos séculos XII e XIII, muitos conflitos entre senhores e vassalos foram levantados por causa dos serviços que estes deveriam prestar. Em Inglaterra, a Magna Carta definia as obrigações dos vassalos do rei. Por exemplo, estes não deveriam prestar ajuda monetária, excepto na ocasião do casamento da filha mais velha do rei, na cerimónia de passagem a cavaleiro do seu filho mais velho ou para pagar um eventual resgate do rei. Na França, havia normalmente uma quarta situação em que o vassalo deveria emprestar dinheiro ao seu senhor: esta acontecia quando o senhor se envolvia numa cruzada.
Quando os feudos se tornaram hereditários, o senhor reservava uma taxa, a já referida lutuosa, que frequentemente deu azo a muitas contendas. A Magna Carta estabelecia, por exemplo, que a lutuosa de um barão deveria ser de 100 libras e a taxa de um cavaleiro de 5 libras; noutras regiões, esta taxa era bastante variável.
Os senhores reservavam o direito de assegurar um leal e útil possuidor do feudo. Se o herdeiro fosse um filho varão, de maior idade e cavaleiro, o senhor não poderia pôr objecções à passagem do feudo de pai para filho; se, pelo contrário, o herdeiro do feudo fosse menor ou mulher, o senhor tinha o direito de tomar conta do feudo até o jovem atingir a maturidade, ou, no caso de ser mulher, até esta se casar com a aprovação do senhor. O direito de tutoria do senhor permitia-lhe também escolher e arranjar o casamento dos herdeiros do feudo. A viúva de um vassalo tinha direito ao feudo de seu marido enquanto vivesse, um facto que poderia conduzir ao interesse do senhor em recasá-la. No caso de um vassalo morrer sem deixar descendência, as relações dos seus herdeiros para com o senhor variavam muito. Tradicionalmente, irmãos podiam ser aceites, mas primos não. Se o senhor não aceitasse quaisquer herdeiros, o feudo regressava à sua posse total. Ele podia mantê-lo ou, então, entregá-lo a qualquer cavaleiro que escolhesse para seu novo vassalo.
Estas relações feudais eram, como se referiu, contratuais. O incumprimento de alguma das determinações por qualquer das partes interessadas podia conduzir ao rompimento do contrato. Quando um vassalo não cumpria determinados serviços devidos ao suserano, este podia apresentar queixa dele no tribunal perante outros vassalos. Estes, se considerassem o seu par culpado, podiam sancionar o regresso do feudo ao património do senhor. No caso de um vassalo tentar defender as suas terras, o senhor podia entrar em guerra com ele para retomar o controlo do seu feudo. Mas era muito pouco comum que um vassalo entrasse em guerra com o senhor e os seus pares.
Por outro lado, se um vassalo considerasse que o senhor tinha faltado aos seus compromissos, poderia desafiá-lo, eventualmente, declarando que não podia continuar a aceitar a sua autoridade, mas que manteria o feudo, ou, então, procurar outro senhor que o quisesse para vassalo. Esta atitude podia ser perigosa, porque os senhores tomavam esta reacção como uma revolta. Portanto, o dependente deveria estar bem seguro, apoiado e preparado para o confronto no caso de não ser atendido.
Os reis, durante o período medieval, tinham outro tipo de fontes de autoridade para além da soberania feudal. A recuperação dos ensinamentos clássicos incluía a retoma do Direito Romano, com as suas tradições de poderosos governantes e de um governo territorial. A Igreja, por seu turno, ordenava divinamente os governantes, conferindo-lhes um direito sagrado.
O desenvolvimento das cidades, devido ao ressurgimento do comércio e da indústria, formou uma classe urbana poderosa protótipo da "burguesia", que recorria aos príncipes para manter a sua liberdade e paz ou que favorecessem os seus negócios; e inclusivamente, em muitos casos, exigiam participar no governo das urbes.
Na Itália, estes homens formaram comunas, em territórios tomados a diversos senhores e, em alguns casos, forçaram-nos mesmo a mudar-se para as cidades. A norte dos Alpes, as populações fixadas no interior mandavam representantes aos conselhos da monarquia e desenvolveram instituições parlamentares para terem uma voz no governo, em pé de igualdade com o feudalismo. Com os impostos das cidades, os príncipes podiam contratar servos civis e tropas profissionais. Assim, podiam impor-se sobre a feudalidade e tornarem-se independentes, dispensando o serviço dos seus vassalos.
No século XIII o feudalismo atingiu o seu ponto alto, mas rapidamente cristalizou e logo começou a entrar em declínio. Tinha-se chegado a um ponto em que os senhores tinham dificuldade em obter os serviços que supostamente lhes eram devidos. Os vassalos preferiam agora pagar as suas contribuições em dinheiro em vez de prestar serviço militar. Os próprios senhores preferiam, em muitos casos, o dinheiro, porque este lhes permitia contratar tropas profissionais, que estavam mais bem treinadas e mais bem disciplinadas do que os vassalos. Ainda para mais estava-se numa altura em que a reintrodução das tácticas de infantaria e o aparecimento de novas armas - como o arco e a lança - tornavam as tácticas de cavalaria menos decisivas na obtenção de vitórias militares.
Nos séculos XIV e XV, a decadência do sistema feudal foi acelerada. No decurso da Guerra dos Cem Anos, as cavalarias inglesa e francesa lutaram bravamente, mas as batalhas foram ganhas, sobretudo, por homens bem treinados e bem armados, que combatiam a pé, munidos de arcos. Relembre-se, por exemplo, o sucesso dos "lonhowmen" em batalhas como Crécy e Poitiers.
Os guerreiros profissionais lutavam em companhias, cujos líderes mantinham os juramentos de obediência e lealdade ao seu senhor, mas agora sob contratos não hereditários, normalmente acordados por um período de meses ou de anos. Este tipo de feudalismo estava muito próximo dos exércitos de mercenários. Foi na Itália renascentista que se fez esta transição: neste país surgiram os condottieri, guerreiros, em muitos casos de origem inglesa, experimentados e bem sucedidos na guerra transalpina.
Por outro lado, o feudo foi fixado na lei consuetudinária da Europa Ocidental, e algumas características do feudalismo, como a tutoria e o casamento, continuaram depois do serviço militar feudal acabar. Na Inglaterra, os laços feudais foram quebrados em 1600 pela abolição do estatuto, mas arrastaram-se em algumas partes do continente europeu até as leis consuetudinárias serem substituídas pelas leis romanas, como na França, em que este processo apenas terminou com Napoleão.
O Direito Romano tomou o lugar de algumas determinações legais no continente, mas na Inglaterra a lei comum continuou a ser, no geral, feudal. Onde se instalavam, os ingleses levavam consigo as suas leis; o constitucionalismo britânico é, deste modo, feudal, pois baseia-se numa teoria contratual de governo. Quando, no século XVII, John Locke escreveu as suas considerações sobre o governo, procurava generalizar para todas as pessoas o contrato feudal, que limitava os direitos do suserano sobre os seus vassalos, concedendo a estes maior protagonismo.
A Declaração de Independência dos Estados Unidos da América foi um acto que desafiou este neofeudalismo, pois o Congresso Continental passou a enumerar os actos tirânicos do rei inglês e declarou a colónia desligada dos laços que a uniam à metrópole.

Como referenciar este artigo:
Europa Feudal: Inglaterra, França e Germânia (sécs. X-XIV). In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2009

D.2. : Cultura: Arte e Religião: Cultura:NovasOrdens Religiosas:Universidade

A Cultura reflecte a maneira de pensar e de sentir das pessoas. Entre os séculos XII e XIV desenvolveram-se na Europa diferentes formas de cultura, ligadas à Igreja e aos mosteiros, às cortes dos reis e nobres e ao povo das aldeias e das cidades.
A CULTURA MONÁSTICA
A cultura monástica desenvolveu-se nos mosteiros, igrejas, e catedrais. Era uma cultura religiosa e erudita, ligada à oração, ao ensino; à cópia de livros e à música.
Os mosteiros eram centros de cultura, os monges copistas traduziam para latim livros gregos e copiavam livros da Antiguidade, obras religiosas, sermões, vidas de santos, hinos e cantos religiosos. Os monges também desenvolveram a música sacra e o canto gregoriano.
Durante a Idade Média apenas os membros do Clero e alguns Nobres sabiam ler e escrever. O Ensino era controlado, quase na totalidade, pela Igreja.
Em Portugal os principais centros de difusão da cultura monástica foram os mosteiros de Lorvão;Alcobaça e Santa Cruz de Coimbra.
A CULTURA CORTESÃ
A Nobreza nos seus castelos e palácios cercavam-se de uma corte faustosa e organizavam grandes festas;caçadas;torneios;peças de teatro e serões de poesia.
-Representações teatrais-autos e entremeses
-Poesia trovadoresca:as cantigas de amigo;cantigas de amor e de maldizer
-Romances de cavalaria.
CULTURA POPULAR
A cultura popular era marcada pelas vivências do dia-a-dia e estava ligado ao divertimento,ao riso e ao cómico.
-Contos e lendas
-Bailes
-Jograis
O Povo era analfabeto. Havia uma mistura de sagrado e profano nas festas populares.
NOVAS ORDENS RELIGIOSAS
O desenvolvimento económico dos séculos XII e XIII foi acompanhado por um movimento de renovação espiritual e cultural.A fundação de novas ordens religiosas e de universidades é um reflexo dessa renovação.
AS ORDENS RELIGIOSAS MENDICANTES
O Clero tornou-se mais poderoso e rico. A decadência dos costumes, o abandono dos ideais de pobreza, amor ao próximo e simplicidade levaram à criação das ordens religiosas mendicantes (Os membros faziam voto de pobreza e viviam de esmolas, pregando nas cidades).
As principais ordens mendicantes desta época foram:
-ORDEM DOS FRANCISCANOS (fundada por S. Francisco de Assis)
-ORDEM DOS DOMINICANOS (fundada por S. Domingos de Gusmão)
Renunciam aos bens materiais, vivem de esmolas, pregavam, ensinavam, e prestavam assistência aos mais necessitados.
A UNIVERSIDADE
O ressurgimento económico, o crescimento das cidades e o desenvolvimento da burguesia levam no século XII a novos centros de estudos. Em algumas cidades começaram a aparecer associações de estudantes e professores com regras pròprias. Estas deram origem às primeiras universidades.
Em Portugal a universidade foi fundada em Lisboa, pelo rei D.Dinis em 1290.

D.2. : Cultura: Arte e Religião: Românico

A ARTE ROMÂNICA
Entre os séculos XI e XII surgiu e espalhou-se por toda a Europa.
Os edíficios românicos tinham um aspecto austero e robusto, assemelhando-se a fortalezas.
Este aspecto defensivo, liga-se ao facto da Europa ter atrevassado um período de invasões, marcado pela guerra e pela insegurança.
CARACTERÍSTICAS DA ARTE ROMÂNICA:
- Utilização de elementos de influência romana
- ARCO DE VOLTA PERFEITA-ABÓBADA DE BERÇO-PLANTA EM CRUZ LATINA-JANELAS PEQUENAS: o que faz que os interiores tenham pouca luminosidade
-PAREDES GROSSAS-CONTRAFORTES: no exterior para suportar o peso das abóbadas
-TÍMPANOS,ARQUIVOLTAS,COLUNAS DECORADOS COM MOTIVOS GEOMÉTRICOS OU COM CENAS ´BÍBLICAS (PORTAL).
As construções eram verdadeiras fortalezas, serviam de refúgio ás populações. Os interiores das igrejas eram pouco iluminados, o que reflecte o ideal de religiosidade da época, que era marcado pelo silêncio e pela meditação.
O ROMÂNICO EM PORTUGAL
-DOMUS MUNICIPALIS: Bragança
-Castelos
-IGREJA de S.PEDRO DE RATES
-SÉ VELHA DE COIMBRA

PORTUGAL:C.4.: A Península Ibérica: Dois Mundos em Presença: BIOGAFIAS DOS 1º s REIS DE PORTUGAL

D. AFONSO HENRIQUES

I DINASTIA: Dinastia Afonsina
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D. Afonso Henriques: O Conquistador (1139-1185)
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Primeiro rei de Portugal.
Filho do conde D. Henrique e da infanta D. Teresa.
Terá nascido em Coimbra e foi, possivelmente, criado em Guimarães onde viveu até 1128.
Tomou, em 1120, uma posição política oposta à de D. Teresa (que apoiava o partido dos Travas), sob a direcção do arcebispo de Braga. Este forçado a emigrar leva consigo o infante que em 1122 se arma cavaleiro. Restabelecida a paz, voltam ao condado. Entretanto novos incidentes provocam a invasão do condado portucalense por D. Afonso VII, que, em 1127, cerca Guimarães onde se encontrava D. Afonso Henriques. Sendo-lhe prometida a lealdade deste, D. Afonso VII desiste de conquistar a cidade. Mas alguns meses depois, em 1128, as tropas de D. Teresa defrontam-se com as de D. Afonso Henriques tendo estas saído vitoriosas – o que consagrou a autoridade de D. Afonso Henriques no território portucalense, levando-o a assumir o governo do condado.
Consciente da importância das forças que ameaçavam o seu poder este concentrou os seus esforços em dois planos: Negociações junto da Santa Sé com um duplo objectivo: alcançar a plena autonomia da Igreja portuguesa e o reconhecimento do Reino.
Os passos mais importantes foram os seguintes:
Fundação do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, em 1131, directamente subordinada à cúria romana – fundação que propiciou a reunião das dioceses portuguesas à metrópole de Braga;
declaração de vassalagem por parte de D. Afonso Henriques à Santa Sé em 1143 – em virtude de uma nova fase da sua política iniciada com o use do título de rei; obtenção da bula de 1179, na qual o papa Alexandre III designava pela primeira vez D. Afonso Henriques rei a ao qual dava o direito de conquistar terras aos Mouros sobre as quais outros príncipes cristãos não tivessem direitos anteriores;
pacificação interna do reino e alargamento do território através de conquistas aos Mouros – o limite sul estabelecido para o condado portucalense – e assim Leiria em 1135, Santarém e Lisboa em 1147 – quer mesmo para além deste, sempre que isso não viesse originar conflitos com o Imperador – e assim Almada e Palmela em 1147, Alcácer em 1160 e quase todo o Alentejo (que posteriormente foi de novo recuperado pelos Mouros).
Ficha genealógica:
D. Afonso Henriques, nasceu possivelmente em Coimbra, em 1109, e faleceu em Coimbra em 8 de Dezembro de 1185. Casou em 1145/1146 com D. Mafalda, que nasceu em data incerta, e morreu em Coimbra a 4 de Novembro de 1157, ficando sepultada no Convento de Santa Cruz; filha de Amadeu II, conde de Sabóia e Piemonte, e da condessa Mafalda de Albon. Tiveram os seguintes filhos:
1. D. Henrique, nasceu a 5 de Março de 1147 e morreu jovem;
2. D. Sancho, que herdou a coroa;
3. D. João, nasceu e morreu em data incerta;
4. D. Urraca, nasceu em Coimbra, por volta de 1150, e casou com D. Fernando II, rei de Leão, por 1165; sendo repudiada em 1179; faleceu em ano incerto;
5. D. Mafalda, nasceu em Coimbra, em ano incerto; noiva do conde D. Raimundo de Berenguer, filho do conde de Barcelona, em 1160; faleceu pouco depois;
6. D. Teresa, nasceu em ano incerto; casou com Filipe de Alsácia, conde de Flandres, por volta de 1177; faleceu depois de 1211, em Furnes);
7. D. Sancha, nasceu e faleceu em data incerta.
O monarca teve os seguintes filhos bastardos:
8. D. Fernando Afonso, referido em documentos de 1166 a 1172;
9. D. Pedro Afonso (n. e f. em data incerta), por muitos considerado também irmão do monarca, pois tomou parte na conquista de Santarém e esteve em Claraval antes de 1153.
10. D. Afonso, nasceu em ano incerto; mestre da Ordem de S. João de Rodes, de 1203 a 1206; faleceu em 1 de Março de 1207;
11. D. Urraca, que nasceu e faleceu em data incerta.
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D. Sancho I: O Povoador (1185-1211)

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Segundo rei de Portugal, filho de D. Afonso I e de D. Mafalda.
Casou em 1174 com D. Dulce de Aragão. Por volta de 1170 passou a comparticipar da administração pública, pois o seu pai estava doente. Após a morte de seu pai foi solenemente aclamado em Coimbra.
Foi um grande administrador, tendo acumulado no seu reinado, um verdadeiro tesouro. Protegeu a fomentou a indústria, o povoamento das terras foi uma das suas maiores preocupações, criou concelhos e concedeu cartas de foral. Conquistou Silves, que era na altura uma cidade com 20000 a 30 000 habitantes a uma das mais ricas cidades do ocidente peninsular a também Albufeira.
Passou a intitular-se rei de Portugal a dos Algarves. Perdeu-se novamente Silves a os mouros reconquistaram novamente Alcácer, Palmeta a Almada, ficando apenas Évora na mão dos portugueses.
Grande conflito surgiu durante o seu reinado com o prelado da cidade do Porto, tendo-se o rei oposto ao clero duma maneira extraordinária. No final da sua vida reconciliou-se com o clero.
No campo da cultura, o próprio rei foi poeta a enviou muitos bolseiros portugueses a universidades estrangeiras.
Ficha genealógica:
D. Sancho I, nasceu em Coimbra, 1154, e morreu em Coimbra a 26 de Março de 1212. Casou em 1174 com D. Dulce, que nasceu em 1152 e morreu em Coimbra a 1 de Setembro de 1198, filha do conde de Barcelona, Raimundo Berenguer IV, rei de Aragão, e de D. Petronilha. Tiveram os seguintes filhos:
1. D. Teresa, nasceu em Coimbra por volta de 1175; rainha de Leão, em 1191, pelo casamento com D. Afonso IX, de quem se separou em 1196; entrou em religião por volta de 1228; morreu em Lorvão, com o título de infanta-rainha, a 18 de Junho de 1250; beatificada pela bula Sollicitudo Pastoralis Offici de 13 de Dezembro de 1705);
2. D. Sancha, nasceu em ano incerto, anterior a 1182; morreu no Mosteiro de Celas, a 13 de Março de 1229, sendo o corpo levado para Lorvão. Foi beatificada em 1705;
3. D. Constança, nasceu ao redor 1182; faleceu solteira a 3 de Agosto de 1202;
4. D. Afonso II, que herdou a coroa;
5. D. Pedro, nasceu em Coimbra a 23 de Fevereiro de 1187; residiu em Leão; foi conde de Urgel e rei das Baleares, tendo morrido em 2 de Junho de 1258);
6. D. Fernando, nasceu em 24 de Março de 1188; foi conde de Flandres pelo seu casamento com D. Joana, filha do conde Balduíno; esteve na batalha de Bouvines; morreu em Noyen a 4 de Março de 1233;
7. D. Henrique, nasceu em 1189 e morreu a 8 de Dezembro de ano incerto, sendo ainda jovem;
8. D. Raimundo, nasceu em ano incerto, tendo falecido depois de 1189;
9. D. Mafalda, nasceu em ano incerto, por volta de 1190; foi rainha de Castela em 1214, sem consumar o matrimónio com D. Henrique, filho do rei D. Afonso VIII, que faleceu de acidente em 1217; freira em Arouca, morreu em Rio Tinto (Amarante) a 1 de Maio de 1256; beatificada por breve papal de 27 de Junho de 1793;
10. D. Branca, nasceu por volta de 1192, tendo morrido solteira em 17 de Novembro de 1240, estando sepultada em Santa Cruz de Coimbra;
11. D. Berengária, nasceu c. 1195; rainha da Dinamarca, em 1214, pelo seu casamento com Valdemar II (1202-1241), morreu em 1221.
O monarca teve os seguintes bastardos de D. Maria Aires, de Fornelos:
12. D. Martim Sanches, nasceu em data incerta; passou a Leão; morreu em 1229;
13. D. Urraca Sanches, casou com D. Lourenço Soares, tenente de Viseu e Lamego, neto de Egas Moniz; morreu depois de 1256.
De D. Maria Pais Ribeira, a célebre Ribeirinha, filha de D. Paio Moniz, teve D. Sancho I os seguintes filhos:
14. D. Rodrigo Sanches, nasceu em data incerta, e morreu em 1245, no combate de Gaia; sepultado no Mosteiro de Grijó;
15. D. Gil Sanches, nasceu em data incerta; faleceu em 14 de Setembro de 1236;
16. D. Nuno Sanches, que morreu de tenra idade;
17. D. Maior Sanches, que morreu de tenra idade;
18. D. Constança Sanches, nasceu em Coimbra no ano de 1204; professou no Convento das Donas; morreu em 8 de Agosto de 1129, estando sepultada em Santa Cruz;
19. D. Teresa Sanches, nasceu em data incerta; segunda mulher de D. Afonso Telo de Meneses, senhor de Albuquerque; morreu em 1230.
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D. Afonso II: O Gordo (1211-1233)

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Terceiro rei de Portugal.
Filho de D. Sancho I e da rainha D. Dulce.
Ocupou o trono em 1211. Não seguiu a orientação dos seus antepassados quanto ao alargamento do Reino, voltando-se somente para a organização da administração deste a para a consolidação do poder real. Assim, logo em 1211 reúne as cortes de Coimbra donde parece ter saído a primeira colectânea de leis gerais que mostram em Portugal, muito mais cedo que noutros países, a acção centralizadora do rei.
As Cortes de Coimbra destinaram-se principalmente a garantir o direito de propriedade, a regular a justiça civil, a defender os interesses materiais da coroa e a evitar os abusos. O desejo de firmar a soberania da coroa manifestou-se ainda nas «confirmações», raras até D. Afonso II a que, de 1216 a 1221, se generalizam como medida de administração pública, a nas «inquirições» que a partir de 1220 representam também uma tentativa de reprimir abusos.
Não teve quaisquer preocupações militares. Foi sem a sua presença que as tropas portuguesas intervieram na Batalha de Navas de Tolosa. Por iniciativa particular foram, neste reinado, conquistadas aos Mouros: Alcácer do Sal, Vieiros, Monforte, Borba, Vila Viçosa e, possivelmente Moura.
Ficha genealógica:
D. Afonso II, nasceu em Coimbra em 12 de Abril de 1185, tendo morrido na mesma cidade a 25 de Março de 1223. Foi enterrado no Mosteiro de Alcobaça. Casou com D. Urraca, filha de Afonso VII de Castela e irmã da rainha Branca, mulher de Luís VIII, rei de França, que morreu em Coimbra a 3 de Novembro de 1220. Tiveram os seguintes filhos:
1. D. Sancho II, que herdou a coroa;
2. D. Afonso III, que herdou a coroa;
3. D. Leonor, nasceu em 1211; rainha da Dinamarca em 1229, pelo seu casamento com Valdemar III da Dinamarca; faleceu depois de 1231;
4. D. Fernando, nasceu depois de 1217; foi senhor de Serpa; esteve em Roma por volta de 1239 para implorar perdão de Gregório IX, por desacatos cometidos; faleceu por volta de 1243.
O monarca teve um bastardo de mãe que se ignora:
5. D. João Afonso, que morreu em 1234, sendo enterrado em Alcobaça.
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D. Sancho II: O Capelo (1233-1248)

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Quarto rei de Portugal.
Nasceu em Coimbra, filho de D. Afonso II e de D. Urraca.
Retomou as negociações já iniciadas com o seu pai para uma reconciliação do poder estatal com o poder eclesiástico. O rei morrera excomungado e o reino estava interdito. Finalmente estabeleceu-se uma concórdia com 10 artigos.
A partir de 1226 iniciou a campanha do Alentejo, conquistando Elvas, Jerumenha, Serpa, Aljustrel, Mértola, Aiamonte a provalvelmente Cacela a Tavira. Como guerreiro foi digno continuador de D. Afonso Henriques, mas foi mau administrador.
Foram frequentes durante o seu reinado as lutas entre os ricos-homens e os homens da Igreja, tendo o bispo do Porto feito queixas do rei ao papa. O papa em bula enviada aos barões, concelhos das cidades e vitas a outros lugares, aconselha a chefia do reino a alguém activo a prudente.
Foi nomeado o príncipe D. Afonso, futuro D. Afonso III. A Igreja dispôs assim da nação portuguesa. Houve ainda, no início de 1246 guerra civil entre os partidários do rei a do príncipe D. Afonso.
Retirou-se para Toledo.
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D. Afonso III: O Bolonhês (1248-1279)

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Quinto rei de Portugal.
Segundo filho de D. Afonso II.
A incapacidade política levou à intervenção da Santa Sé, tendo o papa Inocêncio IV ordenado a todos os vassalos que obedecessem ao infante. Este chegou a França, onde vivia, em 1246 a foi aclamado rei em 1248.
Realiza-se no seu reinado a conquista definitiva do Algarve. As discórdias com Castela quanto ao domínio algarvio só findaram com o tratado de Badajoz em 1267 no qual ficou estipulado que o Guadiana, desde a confluência com o Caia até ao mar constituiria a fronteira luso-castelhana.
D. Afonso III foi notável administrador, fundou povoações restaurou, repovoou a cultivou lugares arruinados e concedeu numerosos forais.
Reuniu as Cortes em Leiria em 1254, as primeiras em que participaram representantes dos concelhos. Em 1261, nas Cortes de Coimbra foi-lhe reconhecido o direito de cunhar moeda fraca.
Também procedeu a inquirições que revelaram muitos abusos praticados pelas classes privilegiadas, tendo promulgado várias leis tendentes a reprimi-los.
Ficha genealógica:
D. Afonso III, nasceu em Coimbra a 5 de Maio de 1210, e morreu em Coimbra a 16 de Fevereiro de 1279. Casou em França, em Maio de 1239, com D. Matilde, condessa de Bolonha e viúva de Filipe, o Crespo, que tinha falecido em 1234, não tendo havido descendência, pelo que foi repudiada em 1253. Por um segundo casamento, feito em S. Estêvão, termo de Chaves, no ano de 1253, com D. Beatriz ou Brites, filha natural de Afonso X, rei de Castela, deixou sucessão:
1. D. Branca, nasceu em Guimarães a 25 de Fevereiro de 1259; faleceu em Burgos a 17 de Abril de 1321, onde era «Senhora e Guardadora» do Convento das Huelgas;
2. D. Fernando, nasceu em 1260 e faleceu em 1262, estando sepultado em Alcobaça;
3. D. Dinis, que herdou a coroa;
4. D. Afonso, nasceu em 8 de Fevereiro de 1263 e faleceu em Lisboa a 2 de Novembro de 1312; casou com D. Violante, filha do infante D. Manuel, senhor de Escalons, em Castela;
5. D. Sancha, nasceu em 2 de Fevereiro de 1264. Viveu em Castela, falecendo em Sevilha por volta de 1302. Está sepultada no Convento de Alcobaça;
6. D. Maria, nasceu em Coimbra a 21 de Novembro de 1264; freira no Convento das Donas Cónegas de S. João, junto ao Mosteiro de Santa Cruz; morreu em Coimbra a 6 de Junho de 1304;
7. D. Vicente, nasceu em 22 de Janeiro de 1268 e morreu em Lisboa em ano incerto, sendo enterrado no Mosteiro de Alcobaça.
D. Afonso III teve de várias mulheres os seguintes filhos bastardos:
8. D. Leonor Afonso, nasceu em data incerta; casou com D. Estêvão Anes, e, em segundas núpcias, com D. Gonçalo Garcia de Sousa, alferes-mor; viveu quase sempre em Santarém, onde morreu a 26 de Fevereiro de 1291, sendo enterrada na Igreja de Santa Clara, onde ainda se guarda o seu túmulo;
9. D. Gil Afonso, nasceu em data incerta; cavaleiro da Ordem do Hospital, foi sepultado na Igreja de S. Brás, em Lisboa, ignorando-se o ano da sua morte;
10. D. Martim Afonso, por alcunha o Chichorro;
11. D. Afonso Dinis, nasceu e faleceu em data incerta, filho de D. Marinha Peres, de Enxara dos Cavaleiros;
12. D. Urraca Afonso, nasceu e faleceu em data incerta, sendo enterrada em São João de Tarouca. Casou duas vezes, a primeira com D. Pêro Eanes, tenente do distrito da Guarda, que morreu antes de 1286; e, a segunda, com D. João Mendes de Briteiros, c. 1290.
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D. Dinis: O Lavrador (1279-1325)

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Sexto rei de Portugal.
Filho de D. Afonso III a de D. Beatriz de Castela. A doença de seu pai preparou-o bem cedo para governar.
Foi aclamado em Lisboa em 1279, para iniciar um longo reinado de 46 anos, inteligente e progressivo. Lutou contra os privilégios que limitavam a sua autoridade. Em 1282 estabeleceu que só junto do rei a das Cortes se podiam fazer as apelações de quaisquer juízes, a um ano depois revogou doações feitas antes da maioridade. Em 1284 recorreu às inquirições, a que outras se seguiram. Em 1290 foram condenadas todas as usurpações.
Quando subiu ao trono, estava a coroa em litígio com a Santa Sé motivado por abusos do clero em relação à propriedade real. D. Dinis por acordo diplomático, obteve a concordata após a qual os litígios passaram a ser resolvidos pelo rei a os seus prelados. Apoiou os cavaleiros portugueses da Ordem de Santiago, que pretendiam separar-se do seu mestre castelhano. Salvou a Ordem dos Templários em Portugal, passando a chamar‑Ihes Ordem de Cristo.
Travou guerra com Castela, mas dela desistiu depois de obter as vilas de Moura a Serpa, territórios para lá do Guadiana e a reforma das fronteiras de Ribacoa. Percorreu cidades a vilas, em que fortificou os seus direitos, zelou pela justiça a organizou a defesa em todas as comarcas. Fomentou todos os meios de uma riqueza nacional, na extracção de prata, estanho, ferro, exigindo em troca um quinto do minério a um décimo de ferro puro. Desenvolveu as feiras, protegeu a exportação de produtos agrícolas para a Flandres, Inglaterra e França. Exportações que abrangiam ainda sal e peixe salgado. Em troca vinham minérios e tecidos. Estabeleceu com a Inglaterra um tratado de comércio, em 1308. Foi o grande impulsionador da nossa marinha, embora fosse à agricultura que dedicou maior atenção. A exploração das terras estava na posse das ordens religiosas. D. Dinis procurou interessar nelas todo o povo, pelo que facilitou distribuições de terras. Fundou aldeias, estabeleceu toda uma série de preciosas medidas tendentes a fomentarem a agricultura, adoptando vários sistemas consoante as regiões a as províncias.
Deve-se ainda a D. Dinis um grande impulso na cultura nacional. Entre várias medidas tomadas, deve citar-se a Magna Charta Priveligiorum, primeiro estatuto da Universidade, a tradução de muitas obras, etc.
A sua corte foi um dos centros literários mais notáveis da Península.
Ficha genealógica:
D. Dinis, nasceu em 9 de Outubro de 1261, e morreu em Santarém a 7 de Janeiro de 1325. Casou em 1288 com D. Isabel (nasceu em Saragoça, 1270; morreu em Estremoz a 4 de Julho de 1336; enterrada em Santa Clara de Coimbra), filha de Pedro III e de D. Constança, reis de Aragão. Tiveram a seguinte descendência:
1. D. Constança (n. em 3 de Janeiro de 1290; casou em 1307 com Fernando IV, rei de Castela; f. a 18 de Novembro de 1313);
2. D. Afonso IV, que herdou a coroa.
De várias mulheres teve D. Dinis os seguintes filhos:
3. D. Pedro Afonso, nasceu ao redor de 1280; foi conde de Barcelos; morreu em Lalim, c. 1354);
4. D. Afonso Sanches, nasceu 1288; morreu em Vila do Conde, 1329. Filho de Aldonça Rodrigues Telha, foi senhor de Albuquerque em Castela; jaz no Mosteiro de Santa Clara de Vila do Conde;
5. D. Pedro Afonso, nasceu e morreu em data incerta. Casou com D. Maria Mendes, crendo-se que foi sepultado na Capela de Santa Isabel da Sé de Lisboa;
6. D. João Afonso, nasceu em data incerta; degolado em 4 de Junho de 1325. Filho de D. Maria Pires, «huma boa dona do Porto de Gança»; foi legitimado a 13 de Abril de 1317; foi senhor de Lousã a Arouce; casou com D. Joana Ponce, de família asturiana;
7. D. Fernão Sanches, que nasceu e morreu em data incerta. Casou com D. Froilhe Anes de Besteiros;
8. D. Maria Afonso, nasceu e morreu em data incerta. Filha de D. Marinha Gomes, mulher nobre de Lisboa; casou com D. João de Lacerda, fidalgo castelhano;
9. D. Maria Afonso, nasceu em data incerta; morreu em 1320. Foi religiosa no Convento de Odivelas, tendo deixado fama de santidade.
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D. Afonso IV: O Bravo (1325-1357)

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Sétimo rei de Portugal.
Filho de D. Dinis a de D. Isabel.
Ainda infante lançou o reino na guerra civil devido a favores que D. Dinis concedia ao filho bastardo Afonso Sanches. Proclamado rei (1325), reúne cortes em Évora, condena o seu irmão ao desterro e à perda total dos seus haveres. Afonso Sanches invade Portugal, tendo a paz sido alcançada devido, em parte, à mediação de D. Isabel.
Os maus tratos infligidos pelo rei de Castela, Afonso XI, a sua esposa D. Maria, filha de Afonso IV, e o facto de D. Constança, esposa de D. Pedro ter sido retida em Castela, levaram o monarca português a sustentar uma guerra contra o seu genro. A guerra durou quatro anos tendo terminado com a paz de Sevilha (10 de Julho de 1339 ou 1340) graças à mediação da «fermosíssima Maria», enviada a Portugal por Afonso XI, quando os Mouros retomavam a ofensiva.
Os dois monarcas combateram então na batalha do Salado (30 de Outubro de 1340), assinalando-se a valentia do rei português.
No final do reinado deu-se o assassinato de Inês de Castro (1355) e a subsequente rebelião de D. Pedro. Afonso IV impulsionou a marinha datando possivelmente do seu reinado as primeiras viagens às Canárias (ca. 1345).
Ficha genealógica:
D. Afonso IV, nasceu em Lisboa a 8 de Fevereiro de 1291; morreu na mesma cidade a 8 de Maio de 1357. Casou a 12 de Setembro de 1309 com D. Brites ou Beatriz, que nasceu em Toro em 1293 e morreu em Lisboa a 25 de Outubro de 1359, filha de Sancho IV e D. Maria Molina, reis de Castela. Tiveram a seguinte descendência:
1. D. Maria, nasceu em 1313, e casou em 1328 com D. Afonso XI, rei de Castela; morreu em Évora em 1357, estando sepultada na Capela dos Reis da Catedral de Sevilha;
2. D. Afonso, nasceu em Penela, em 1315, e morreu de tenra idade, sendo sepultado no Mosteiro de S. Domingos de Santarém;
3. D. Dinis, nasceu em Santarém em 1317; morreu no ano seguinte, ficando sepultado no Mosteiro de Alcobaça;
4. D. Pedro, que herdou a coroa;
5. D. Isabel, nasceu em 21 de Dezembro de 1324, morreu em 11 de Julho de 1326, ficando sepultada no Mosteiro de Santa Clara de Coimbra;
6. D. João, nasceu em 23 de Setembro de 1326, e morreu em 21 de Junho de 1327, ficando sepultado no Mosteiro de Odivelas;
7. D. Leonor, nasceu em 1328, foi rainha de Aragão pelo seu casamento, em 1347, com Pedro IV, o Cerimonioso, morreu em Exerica em 1348.
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D. Pedro I: O Justiceiro (1357-1367)

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Oitavo rei de Portugal, quarto filho de D. Afonso IV e de Beatriz de Castela.
Casou primeiro com Branca de Castela, a quem repudiou por debilidade física e mental. Casou depois com Constança Manuel, filha de, um fidalgo castelhano que, quando veio para Portugal, trouxe consigo Inês de Castro.
A ligação amorosa entre o infante D. Pedro e Inês de Castro foi imediata o que provocou forte conflito entre D. Afonso IV e seu filho e provocou a morte prematura de Constança Manuel. Temendo o monarca a nefasta influência dos Castros em seu filho, resolveu condenar à morte Inês de Castro, o que provocou a rebelião de D. Pedro contra si. Contudo a paz entre o pai e o filho foi estabelecida em breve e D. Pedro foi associado aos negócios do Estado, ficando-lhe desde logo incumbida uma função, que sempre haveria de andar ligada à sua memória – a de exercer justiça.
Durante o seu reinado evitou guerras; logrando aumentar o tesouro. Cunhou ouro e prata. E exerceu uma justiça exemplar, sem discriminações, julgando de igual modo nobres e plebeus.
Os documentos coevos e o testemunho de Fernão Lopes definem-nos D. Pedro como justiceiro, generoso, folgazão, amado pelo povo e de grande popularidade. A sua morte o povo dizia que «ou não havia de ter nascido, ou nunca havia de morrer».
Ficha genealógica:
D. Pedro I nasceu em Coimbra a 8 de Abril de 1320 e morreu em Lisboa a 18 de Janeiro de 1367. Casou em 1328 com a princesa D. Branca de Castela, não se consumando o matrimónio por doença da noiva. Em 1334 tratou-se de um novo consórcio com a infanta D. Constança, que nasceu em data incerta e morreu em 1345, filha de D. João Manuel, infante de Castela. Tiveram a seguinte descendência:
1. D. Maria, nasceu em Évora a 6 de Abril de 1342; casou em 1354 com o infante D. Fernando de Aragão; morreu em Aveiro depois de 1363, ficando sepultada no Convento de Santa Clara de Coimbra;
2. D. Luís, nasceu em 1344 e morreu uma semana depois;
3. D. Fernando, que herdou a coroa.
De uma nobre castelhana, D. Inês de Castro, nascida ao redor de 1325, tendo morrido em Coimbra em 1354, foi sepultada em Alcobaça em 1361, filha de D. Pedro Fernandes de Castro a de D. Aldonça Soares de Valadares, teve os seguintes filhos:
4. D. Afonso (morreu de tenra idade);
5. D. João, nasceu em data incerta c. 1349; faleceu em Salamanca após 1385, tendo sido candidato ao trono português;
6. D. Dinis, nasceu em data incerta por volta de 1350, foi aclamado rei em Santarém, no ano de 1384, mas já tomara o partido de Castela; fundou a casa de Vilar no reino vizinho, tendo morrido em data incerta;
7. D. Beatriz, nasceu em Coimbra c. 1351; foi educada em Santa Clara de Coimbra; casou com D. Sancho, conde de Albuquerque, irmão de D. Henrique II de Castela; morreu em data incerta.
De uma Teresa Lourenço, nasceu em 14 de Agosto de 1356:
8. D. João, que veio a ser Mestre de Avis o primeiro rei da segunda dinastia.
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D. Fernando I: O Formoso (1367-1383)
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Nono rei de Portugal e último da primeira dinastia, cognominado como o Formoso ou o Inconstante.
Era filho de D. Pedro I e da rainha D. Constança. Subiu ao trono com 22 anos, quando em Castela se disputava a coroa entre D. Pedro, filho legítimo de Afonso X e Henrique de Trastamara, um dos muitos bastardos do falecido rei com D. Leonor de Gusmão. Assassinado D. Pedro, D. Fernando abandonou a sua neutralidade e Portugal entrou puma sucessão de períodos de guerra a paz.
D. Fernando alegando ser bisneto de Sancho IV, mas movido pela rivalidade comercial e marítima entre Lisboa e Sevilha, interveio nesse episódio peninsular. Foi reconhecido como rei em cidades do norte da Península, aliado ao rei mouro de Granada, atraiu a si D. Pedro IV de Aragão, propondo-lhe casamento com sua filha D. Leonor. Em 1369 invade a Galiza. Mas D. Henrique II atravessa o Minho, apodera-se de Braga a cerca Guimarães a sai por Trás-os-Montes para ir em auxílio de Algeciras cercado pelo rei de Granada.
Em 1371, com a intervenção do papa Gregório XI, os dois monarcas assinaram a paz de Alcoutim. D. Fernando comprometia-se a casar com D. Leonor, uma das filhas de Henrique II, porém ao casar com D. Leonor Teles não cumpria o tratado, o que se não teve consequências com Castela, pois Henrique II não se deu por ofendido, teve-as com a Nação a quem tal casamento não agradou.
Surge então o duque de Lencastre que se apresentava como pertencente ao trono castelhano. A França apoiou o Trastamara, Portugal, o Duque de Lencastre. Nasceu aqui a expressão política da aliança luso-britânica, primeiro no tratado de Tagilde, depois o de Westminster, a 16 de Julho de 1373 assinado entre os reis de Portugal a de Inglaterra. Henrique II invade novamente Portugal a chega a Lisboa onde entra em Fevereiro de 1373. O Cardeal Guido de Bolonha intervém como medianeiro a em Santarém foram assinadas as condições humilhantes de um novo tratado.
Em 1378, com o Grande Cisma do Ocidente que opõe ao papa de Roma o papa de Avinhão, D. Fernando envolve-se em nova guerra com Castela. A Inglaterra tomou partido por Roma, a França por Avinhão. D. Fernando que oscilou entre um a outro papa, solicitado pela aliança com a Inglaterra, quebrada a paz com Castela recomeçam as escaramuças de um a outro lado da fronteira do Alentejo, sem que de ambos os lados se faça qualquer esforço para uma batalha decisiva que ninguém desejava. Em Agosto estabelecem-se negociações sem conhecimento da Inglaterra.
Estas três guerras custaram a Portugal o preço de três derrotas e de três tratados de paz com cláusulas de vencido. Contudo, durante os períodos de paz, D. Fernando mostrou-se hábil com a sua política interna. São de salientar as suas medidas de fomento, como reparações de muitos castelos, a construção da nova muralha de Lisboa a do Porto, a criação do cargo de condestável, renovações de armamento, a promulgação da lei das Sesmarias, para defesa da agricultura, defesa da marinha mercante, numa série de medidas de grande alcance, o grande impulso dado à Universidade que foi transferida para Lisboa, além de outras que o revelaram como um rei de excelente visão administrativa.
Ficha genealógica:
D. Fernando I nasceu em Lisboa a 31 de Outubro de 1345 e morreu na mesma cidade a 22 de Outubro de 1383. Casou em Leça do Balio, em Janeiro de 1372, com D. Leonor Teles, nascida em Trás-os-Montes por volta de 1350; tendo morrido em Tordesilhas a 27 de Abril de 1386, filha de Martim Afonso Telo e de D. Aldonça de Vasconcelos, portanto prima de D. João Afonso Telo de Meneses, conde de Barcelos. A nova rainha fora já casada com João Lourenço da Cunha, senhor do morgado de Pombeiro, sendo o consórcio declarado nulo para poder efectivar o matrimónio real. Tiveram a seguinte descendência:
1. D. Pedro, nasceu por 1370; morreu de tenra idade;
2. D. Afonso, nasceu por 1371; morreu de tenra idade;
3. D. Beatriz, nasceu em Coimbra no ano de 1372; casou em 1383 com D. João I, rei de Castela; morreu naquele reino depois de 1409.
De mulher que se ignora teve D. Fernando:
4. D. Isabel, nasceu em 1364; casou com D. João, filho de D. João Afonso Telo de Meneses, não se efectivando o projecto devido à pouca idade dos nubentes; voltou a casar com D. Afonso, conde de Gigon e Noronha, filho ilegítimo de Henrique II, rei de Castela; morreu em Portugal, onde se instalou depois de viúva. Foi esta bastarda a mãe de D. Constança de Noronha, que veio a ser, pelo casamento, esposa de D. Afonso, conde de Barcelos, mais tarde primeiro duque de Bragança.


Fontes:
Joel Serrão (dir.)
Pequeno Dicionário de História de Portugal,
Lisboa, Iniciativas Editoriais, 1976
Joaquim Veríssimo Serrão,
História de Portugal, Volume I: Estado, Pátria e Nação (1080-1415),
2.ª ed., Lisboa, Verbo, 1978

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