25 de fevereiro de 2009

C.3. A Sociedade Europeia nos Séculos IX A XI: SOCIEDADE MEDIEVAL

A SOCIEDADE SENHORIAL

A Sociedade Medieval era uma sociedade TRIPARTIDA (três ordens, TRIFUNCIONAL e HIERARQUIZADA (uns mais importantes que os outros).
A Sociedade Medieval era composta por 3 ordens sociais:(TRIPARTIDA)
1-CLERO
2-NOBREZA
3POVO

Esta divisão era feita em função de critérios como o nascimento (a linhagem), o poder económico , a posse de propriedades e o desempenho de determinadas funções na sociedade.
(TRIFUNCIONAL):Cada ordem cumpria uma função na sociedade:
-CLERO: rezava e protegia espiritualmente a população; dedicava-se ao ensino e à assistência a pobres e doentes.
- NOBREZA: combatia e protegia fisicamente a população.
- POVO: trabalhava e pagava impostos sustendo os restantes grupos sociais .
A Sociedade Medieval era uma sociedade hierarquizada , isto porque as pessoas estavam ordenadas de acordo com a sua importância social.
O CLERO e a NOBREZA eram PRIVILEGIADOS porque não pagavam impostos, recebiam rendas e tributos e administravam a justiça nos seus territórios, tendo leis e tribunais próprios.
O POVO era NÃO-PRIVILEGIADO e ainda se dividia em cOLONOS OU VILÂOS (homens livres que trabalhavam uma terra arrendada ao senhor) ou SERVOS (camponeses não livres que pertenciam ao senhor ou à propriedade)

C.1. A Europa do século VI ao século IX: FILME

ÁTILA O HUNO

C.1. A Europa do século VI ao século IX:OS BÁRBAROS NA PENÍNSULA IBÉRICA


Em volta do Império Romano viviam povos a quem os Romanos chamavam "Bárbaros" por não falarem latim nem terem os mesmos hábitos. A partir do século III começaram a deslocar-se para Oeste, invadindo o Império e derrotando as legiões romanas. Assim se deu a queda do Império Romano a Ocidente.
No século V (ano de 409) passaram pela Península Ibérica Alanos e Vândalos, a caminho do Norte de África, e Suevos e Visigodos que aqui se estabeleceram.
No entanto, após anos de guerra, os Visigodos venceram os Suevos, passando a dominar toda a Península. A capital do reino dos Visigodos era Toledo.
A pouco e pouco, os Visigodos foram adoptando o modo de vida romanizado dos povos peninsulares, tendo-se até convertido ao Cristianismo.


C.1. A Europa do século VI ao século IX:Povos Barbáros e reinos


Introdução
Os povos bárbaros eram de origem germânica e habitavam as regiões norte e nordeste da Europa e noroeste da Ásia, na época do Império Romano. Viveram em relativa harmonia com os romanos até os séculos IV e V da nossa era. Chegaram até a realizar trocas e comércio com os romanos, através das fronteiras. Muitos germânicos eram contratados para integrarem o poderoso exército romano.
Os romanos usavam a palavra "bárbaros" para todos aqueles que habitavam fora das fronteiras do império e que não falavam a língua oficial dos romanos: o latim. A convivência pacífica entre esses povos e os romanos durou até o século IV, quando uma horda de hunos pressionou os outros povos bárbaros nas fronteiras do Império Romano. Neste século e no seguinte, o que se viu foi uma invasão, muitas vezes violenta, que acabou por derrubar o Império Romano do Ocidente. Além da chegada dos hunos, podemos citar como outros motivos que ocasionaram a invasão dos bárbaros: a busca de riquezas, de solos férteis e de climas agradáveis.

Principais Povos Bárbaros

Francos : estabeleceram-se na região da atual França e fundaram o Reino Franco

Lombardos : invadiram a região norte da Península Itálica

Anglos e Saxões : penetraram e instalaram-se no território da atual Inglaterra

Burgúndios : estabeleceram-se na sudoeste da França

Visigodos : instalaram-se na região da Gália, Itália e Península Ibérica (veja exemplo abaixo da arte visigótica)

Suevos : invadiram e habitaram a Península Ibérica

Vândalos : estabeleceram-se no norte da África e na Península Ibérica

Ostrogodos : invadiram a região da atual Itália


Economia, Arte, Política e Cultura dos Bárbaros Germânicos

A maioria destes povos organizavam-se em aldeias rurais, compostas por habitações rústicas feitas de barro e galhos de árvores. Praticavam o cultivo de cereais como, por exemplo, o trigo, o feijão, a cevada e a ervilha. Criavam gado para obter o couro, a carne e o leite. Dedicavam-se também às guerras como forma de saquear riquezas e alimentos. Nos momentos de batalhas importantes, escolhiam um guerreiro valente e forte e faziam dele seu líder militar.
Praticavam uma religião politeísta, pois adoravam deuses representantes das forças da natureza. Odin era a principal divindade e representava a força do vento e a guerra. Para estes povos havia uma vida após a morte, onde os bravos guerreiros mortos em batalhas poderiam desfrutar de um paraíso.
A mistura da cultura germânica com a romana formou grande parte da cultura medieval, pois muitos hábitos e aspectos políticos, artísticos e econômicos permaneceram durante toda a Idade Média.

Os Hunos

Dentre os povos bárbaros, os hunos foram os mais violentos e ávidos por guerras e pilhagens. Eram nômades ( não tinham habitação fixa e viviam a percorrer campos e florestas ) e excelentes criadores de cavalos. Como não construíam casas, viviam em suas carroças e também em barracas que armavam nos caminhos que percorriam. A principal fonte de renda dos hunos era a pratica do saque aos povos dominados. Quando chegavam numa região, espalhavam o medo, pois eram extremamente violentos e cruéis com os inimigos. O principal líder deste povo foi Átila, o líder huno responsável por diversas conquistas em guerras e batalhas.


24 de fevereiro de 2009

B.2. O mundo Romano no apogeu do Império. Ficha

FICHA DE AVALIAÇÃO
Fundada no século VIII a. C. a cidade de Roma veio a tornar-se a capital do maior império da Antiguidade. A Civilização Romana foi a mais poderosa da Antiguidade, tendo-nos deixado uma vasta herança que ainda hoje se faz sentir em domínios como o urbanismo, o direito, a administração, a língua e a cultura.

1. Lê o documento com atenção.
“ Não foi sem razão que os deuses e os homens escolheram este lugar para assento de Roma. A extrema salubridade das suas encostas, as grandes vantagens de um rio por onde descem, por um lado , os víveres do continente, do outro, chegam aprovisionamentos do mar, este mar suficientemente próximo para as facilidades do comércio, e bastante afastado para nos expor a ataques das frotas inimigas; uma posição no centro de Itália, e que parece prestar-se, por si mesmo, ao alargamento do nosso poderio.”
Tito Lívio, História Romana
1.1. Indica as áreas para onde se expandiram os Romanos.

1.2. Enumera os principais vestígios deixados pelos Romanos na Península Ibérica
1.3. Descreve a lenda da fundação de Roma.

2. Lê o documento
“ Na sociedade romana (…) os homens que nasciam livres estavam radicalmente separados da multidão de escravos. (…) Depois, entre os próprios homens livres existia uma diferença profunda entre aqueles que eram cidadãos romanos e os que não o eram. Por fim, mesmo os cidadãos romanos encontravam-se hierarquizadpos numa escala social determinada pelo nível das suas fortunas.”
Jerôme Carcopino, A Vida Quotidiana em Roma no Apogeu do Império

2.1. Descreve a organização da sociedade romana no período do Império

2.2. Identifica as habitações dos romanos.


2.3. Comenta a afirmação: “ O Imperador concentrava nas suas mãos todos os poderes.”

2.4. Assinala com V as afirmações verdadeiras e com F as falsas.

O Senado era o principal órgão político da República.
Durante o império o Senado tinha mais poder que o Imperador.
O Imperador era adorado como um Deus.
Os bárbaros nunca conquistaram Roma.

4.Arte romana.
4.1. Quais são as principais características da arquitectura romana?


5. Lê o texto
“ Os romanos viviam rodeados de deuses, cada uma das acções, cada momento da sua vida, estavam ligados a uma divindade. Tanto mais que, acompanhando as conquistas, o Panteão romano não cessou de ser enriquecido com novas divindades. A religião romana, politeísta, não se fechou. As divindades gregas e orientais (…) gozavam de grande popularidade.”
Roma, Mil anos de Poder e Glória, As Grandes Civilizações, Selecções Reader´s Digest

5.1. Descreve as formas de culto praticadas pelos Romanos.

5.2. Enumera três deuses romanos e respectivos atributos.

CRISTIANISMO
O Cristianismo surgiu na Palestina, durante o Império Romano.
Os valores defendidos por esta religião e a sua mensagem inovadora agradaram a muitos romanos que passaram a seguir esta religião.
Proibido e perseguido no início, o Cristianismo acabou por se tornar religião oficial do Império no século IV.


6. Lê o documento.
“ Ao principio os cristãos foram considerados uma seita, quer pelos Judeus, quer pelos gentios (…) A religião dos Judeus, continuou a ser considerado pelos Romanos como uma religião nacional, ao passo que os cristãos ultrapassaram, desde o principio, as barreiras nacionais e proclamaram a sua vocação de religião única e universal, pretensão que não seria admitida pelo Império.”

Juan Maria Laboa, Cristianismo, 2000 anos de História, Edições Inapa

6.1. Indica os princípios defendidos pelo Cristianismo.
6.2. Relaciona a perseguição aos Cristãos com a construção de catacumbas.
6.3. Avalia a importância do Edicto de Milão na afirmação do Cristianismo.

B.2. O mundo Romano no apogeu do Império. Bárbaros

O Império Romano do Ocidente sofreu invasão dos povos bárbaros (qualquer povo não-romano ou não dominado pelos romanos) e, já enfraquecido internamente, não conseguiu resistir, vindo à ruína o maior e mais bem formado Império de todos os tempos. Após a queda do Império Romano do Ocidente, em 476, o Império Romano do Oriente, com capital em Constantinopla, continuou a existir por quase mil anos, até 1453.
O rei dos hérulos, Odoacro, depôs Rômulo Augústulo, último soberano do Império Romano do Ocidente, tomou o trono romano e reinou até que seu reino na Itália fosse conquistado pelos ostrogodos.
Lista de reis bárbaros da Itália
Os reis listados abaixo reinaram em territórios da península Itálica, adotando Roma ou outrras cidades como capital, porém nenhum deles adotou o título de Imperador Romano, que continuou sendo usado pelos soberanos do Império Romano do Oriente. Este por sua vez continuou por muito tempo reivindicando os territórios na península Itálica, ocasionando conflitos como as Guerras Góticas.
Odoacro (476-493)
Reis ostrogodos da Itália
Teodorico o Grande (493-526)
Atalarico (526-534)
Teodato (534-536)
Vitige (536-540)
Ildibaldo (540-541)
Erarico (541)
Totila (541-552)
Teia (552)
Teia foi derrotado e morto pelo general bizantino Narses, e com ele terminou o domínio ostrogodo na Itália.

puzzle

B.2. O mundo Romano no apogeu do Império: Biografias: Protagonistas de Roma Antiga

ÚLTIMO IMPERADOR DO IMPÈRIO ROMANO DO OCIDENTE

RÓMULO AUGUSTO
Flávio Rómulo Augusto, (em latim Flavius Romulus Augustus), conhecido pelo depreciativo de Rómulo Augústulo, (c.459 - 476), nasceu em Ravenna[carece de fontes?], e foi, em 31 de outubro de 475, com idade entre 15 e 18 anos, empossado na função de Imperador por seu pai, o general bárbaro Flávio Orestes (que havia anteriormente servido a Átila o Huno). Imposto por por seu pai que depôs o imperador legítimo, Júlio Nepos, viu-se impotente frente a um Império em crise.

Em todo o século V, Roma e a Península Itálica viram-se várias vezes assolados por incursões bárbaras de visigodos, hunos e vândalos. O Império, embora vacilante, conseguia reagir e sobreviver.

A data de deposição de Rômulo Augústulo pelo bárbaro Odoacro (4 de setembro de 476), na cidade de Ravenna, é tradicionalmente conhecida como o fim do Império Romano do Ocidente, o fim da Idade Antiga e o começo da Idade Média. Rómulo Augusto terminou sua vida no exílio.

Seu substituto, Odoacro, nunca chegou a ser considerado imperador do Ocidente, mas apenas rei da Itália, sob o comando do Imperador Romano do Oriente.

Coincidentemente, o último imperador de Roma tem o mesmo nome de seu suposto primeiro rei.

B.2. O mundo Romano no apogeu do Império. Exército romano

EXÉRCITO ROMANO

LEGIÃO
A legião romana era a divisão fundamental do exército romano. As legiões variavam entre os 4.000 e os 8.000 homens, dependendo das baixas que eventualmente sofressem nas batalhas. Para além dos soldados, há que contar com os inúmeros servos, escravos e seguidores que as acompanhavam. Durante as suas campanhas na Gália, as legiões de Júlio César eram compostas por não mais de 3.000 soldados.
Um legionário é um soldado de uma legião. Legionário era um infante de Roma, era conhecido por ser um soldado bem treinado e organizado. Ele usava basicamente um escudo retangular de 1,5 metros, uma armadura especial que podia ser produzida em vários locais e depois montada assim acelerando sua produção (primórdios da produção militar moderna), um gládio, uma pilo, sandálias de couro, um elmo e malha de ferro trançada. Eles andavam em pequenos grupos, grupos de 10 que formavam grupos de 80 que recebiam ordens de seu centurião. A Legião no total contava com 4000 a 8000 homens, sendo que a maioria eram formadas por 4800 legionários.
LEGIONÁRIO
Também chamado de miles ("soldado") ou legionarius em latim, o legionário romano era, normalmente, um cidadão romano com menos de 27 anos de idade. Um soldado era alistado numa legião para um tempo de serviço de 25 anos, uma mudança na prática anterior de alistamento para apenas uma campanha (batalha). Os últimos 5 anos de serviço de um legionário veterano eram prestados em serviços mais leves.
Na marcha por entre territórios inimigos, um legionário era equipado com uma armadura (lorica segmentata ou mais comumente chamada lorica hamata) e um escudo (scutum), um capacete (galae) e dois dardos (um pesado chamado pilum e outro leve chamado hasta), uma espada curta (gladius), uma adaga (pugio), um par de sandálias resistentes e pesadas (caligae), uma sarcina (bolsa de carga) que continha comida para algo em torno de 14 dias, material para cozinhar, duas estacas (sudes murales) um tipo de cerca romana, uma pá e um cesto de usos gerais.
Um soldado romano era submetido a rigorosos treinamentos; a disciplina era a base para o sucesso do exército. Os soldados eram constantemente treinados com armas e especialmente treinados em marchas, marchas forçadas com toda a carga que um soldado pudera carregar e em formação de guerra. Como já foi dito, a disciplina era muito importante nas legiões e quaisquer infrações eram severamente punidas pelos centuriões.

Centurião - Terceiro nível da hierarquia militar romana.
Centurião romano.As legiões romanas tinham como unidade básica de guerra a Centúria. Esta é formada por um quadrado de 10 fileiras de 10 homens cada, dando o total de 100 soldados, de onde advém o nome centúria.
Centurião.O centurião era o soldado responsável por comandar a centúria, dando ordens que deveriam ser prontamente obedecidas pelos soldados, especialmente as formações militares. Os romanos são famosos por usos de formações curiosas e eficientes, como a "formação tartaruga" onde os escudos encaixavam-se um no outro, formando um bloco maciço que impedia qualquer ataque de armas de longo alcance como flechas ou pedras de fundas. O centuríão, apesar de seu posto de destaque, era um soldado que lutava com os demais, não se locomovia a cavalo, marchava junto à sua centúria e acampava conjuntamente a eles. Seria o equivalente a capitão, na hierarquia militar atual.
Cada centúria possuía 10 decuriões, que eram os responsáveis pela organização de sua fileira, sendo estes semelhantes aos cabos na hierarquia militar atual.
ARMAMENTO
O gládio era a espada utilizada pelas legiões romanas. Era uma espada curta, de dois gumes, de mais ou menos 60cm, mais larga na extremidade. Era muito mais uma arma de perfuração do que de corte, ou seja, devia ser utilizada como um punhal, ou uma adaga, no combate corpo-a-corpo. Diz-se que era capaz de perfurar a maior parte das armaduras. Também chamado Gladius hispaniensis, por ter sido inspirado em armas utilizadas pelos celtiiberos na época. A Península Ibérica, no seu conjunto, era chamada de Hispania pelos romanos, dai o nome Gladius Hispaniensis. Não confundir com Espanha, que só existiu 16 séculos mais tarde.
Por parte dos Romanos, não somente os legionários eram treinados pelos Doctores armorum na técnica do gládio, mas também os gladiadores.
Uma armadura é uma vestimenta utilizada para proteção pessoal, originalmente de metal, usada por soldados, guerreiros e cavaleiros como uma forma de proteção às armas brancas durante uma batalha.
O escudo era uma arma defensiva que consistia, essencialmente, numa chapa de metal, madeira ou couro, usado para se proteger de golpes inimigos. A sua origem é difícil de datar. Presume-se que o homem primitivo começou a usar esta arma quando iniciou as lutas de posse de território, logo após o sedentarismo.
Um capacete é um objeto que serve para proteger a cabeça de impactos externos.
Adaga é o nome genérico de um tipo de espada curta, de perfuração, com duplo corte de têmpera forte, serrada ou compacta. Crê-se que tivesse origem na Península Ibérica, Mediterrâneo e Oriente Próximo(região dos sete mares).

B.2. O mundo Romano no apogeu do Império. Éditos

Édito de Caracala

A Constituição Antonina (em latim "Constitutio Antoniniana de Civitate"), popularmente conhecida como Édito de Caracala, ou ainda como Édito de 212, foi uma legislação do Império Romano.

A cidadania romana era restrita nos primeiros tempos de Roma, no tempo da Monarquia e também durante a República. Por esse diploma, no ano de 212, o imperador Marcus Aurelius Antoninus (186–217), popularmente conhecido como Caracala, concedeu a cidadania romana a todos os súditos do Império:

"Poder satisfazer a majestade dos deuses imortais de introduzir, no culto dos deuses, os peregrinos[1], sendo que concedo a todos os peregrinos que vivem no território a cidadania romana, salvaguardando os direitos das cidades, com excepção dos Bábaros vencidos. Assim, este édito aumentará a majestade do povo romano."
O Édito, ao estabelecer o direito de cidadania aos indivíduos livres do Império, causava uma perda de privilégios de Roma.

O jurista Ulpiano comenta essa legislação, referindo:

"Pela constituição do imperador Antonino todos os que se acham no orbe romano se tornaram cidadãos romanos" (em latim: "In orbe romano omnes qui sunt ex constitutione imperatoris Antonini cives romani effecti sunt.") (Digesto, I, 5, 20, 17).

Édito de Milão


O Édito de Milão (313 d.C.), também referenciado como Édito da Tolerância, declarava que o Império Romano seria neutro em relação ao credo religioso, acabando oficialmente com toda perseguição sancionada oficialmente, especialmente do Cristianismo. O édito foi emitido nos nomes do tetrarca ocidental Constantino I, o grande, e Licínio, o tetrarca Oriental.

A aplicação do Édito fez devolver os lugares de culto e as propriedades que tinham sido confiscadas aos cristãos e vendidas em hasta pública: "... o mesmo será devolvido aos cristãos sem pagamento de qualquer indenização e sem qualquer fraude ou decepção..."

Deu ao cristianismo (e a todas as outras religiões) o estatuto de legitimidade, comparável com o paganismo e com efeito desestabeleceu o paganismo como a religião oficial do império romano e dos seus exércitos.

Na tentativa de consolidar a totalidade do Império Romano sob o seu domínio, Licínio em breve marchou contra Constantino I. Como parte do seu esforço de ganhar a lealdade do seu exército, Licínio dispensou o exército e o serviço civil da política de tolerância do Édito de Milão, permitindo-lhes a expulsão dos cristãos. Alguns cristãos perderam consequentemente propriedades e alguns a vida.

No final, por volta de 324 d.C., Constantino ganhou o domínio de todo o Império e ordenou a execução de Licínio, por traição.

B.2. O mundo Romano no apogeu do Império. Instituições


SPQR é um acrônimo para a frase latina Senatus Populusque Romanus. A tradução é "O Senado e o Povo Romano".

A frase era inscrita nos estandartes das legiões romanas e era o nome oficial do Império Romano. Hoje continua presente não apenas no brasão da cidade como em boa parte de seus edifícios, públicos ou privados, e também nas tampas dos bueiros.

Existem diversas versões para o significado correto do acrônimo, dependendo da declinação do 'R', que pode ser Romanus (Senatus OU Populus) ou Romani (plural: Senatus E Populus). De toda forma, Senatus Populusque Romanus é a versão presente na Coluna de Trajano.
O Senado romano, em latim Senatus, é a mais remota assembleia política da Roma antiga, com origem nos Conselhos de Anciãos, da Antiguidade oriental (surgidos após o ano 4000 a.C.). Daí a origem de seu nome, de senex, velho, idoso. Era uma assembleia de notáveis - o conselho dos patres, ou chefes das famílias patrícias - que provinha já dos tempos da realeza romana. Rigorosamente hierarquizado, constituía, sob a república (509 a.C.-27 a.C.), a magistratura suprema, que foi mantida sob o império (27 a.C.-476 d.C.), mas com poderes bem diminuídos, passando a ser quase como a "oposição republicana", sendo os seus titulares muitas vezes alvos a abater ou a enviar para o exílio por parte de imperadores mais hostis à instituição.
O Fórum Romano (em latim Forum Romanum) era o principal centro comercial da Roma Imperial. Ali havia lojas, praças de mercado e de reunião. Também era o local onde exatamente ficava o coração comunal. Seqüências de remanescentes de pavimento mostram que o sedimento corroído das colinas circundantes já levantava o nível do fórum nos primeiros tempos republicanos. Originalmente ele tinha sido terreno pantanoso, que foi drenada por Tarquínio com a Cloaca Máxima. Seu pavimento final de travertino, ainda para ser visto, data do reinado de Augusto.
O princeps senatus era o líder do Senado romano. Embora oficialmente fora do cursus honorum e sem imperium, este cargo era considerado de grande prestígio (Seriam hoje comparados com os presidentes do senado).

O princeps senatus não era, como todos os cargos políticos romanos, um posto vitalício, sendo atribuído por períodos de cinco anos passíveis de renovação. O novo líder do senado era escolhido pelos censores de entre os senadores patrícios com estatuto consular, isto é, ex-consules. O candidato era normalmente um político respeitado, com provas dadas e respeitado pelos seus pares. As tarefas de um princeps senatus incluíam:

Declarar a abertura e encerramento das sessões do senado
Decidir a ordem de trabalhos e o local do encontro
Impor a ordem e demais regras do senado
Representar o senado em reuniões com embaixadas de outros países
Escrever as cartas e os despachos do senado
Depois da queda da República Romana, o princeps senatus passou a ser um cargo exclusivo do imperador.
Na Roma Antiga, o termo latino Pontifex Maximus ("Sacerdote Máximo") designava o sacerdote Supremo do colégio dos Sacerdotes, a mais alta dignidade na religião romana. Até 254 a.C., quando um plebeu foi designado para o cargo, só os patrícios podiam ocupá-lo. De início um posto religioso durante a República, foi gradualmente politizado até ser incorporado pelo imperador, a partir de César Augusto.

Augusto (título) (plural: Augusti) é uma palavra latina que, fazendo parte do nome dos imperadores romanos, tinha o significado de Majestade ou Venerável. Nesta acepção, o cognome Augusto servia para identificar a pessoa na qual se concentravam os vários ramos do poder - absolutismo.
Na tetrarquia, o Império Romano estava na mão de quatro imperadores, dois dos quais chamados Césares e os outros dois Augusti - os mais poderosos.

César (plural Césares), em latim: Cæsar (plural Cæsares), é um título imperial. Deriva do cognome de Caio Júlio César, o ditador de Roma. A transformação do nome de família em título imperial pode ser datada aproximadamente em 68 / 69 d.C., o chamado "Ano dos quatro imperadores".

B.2. O mundo Romano no apogeu do Império: Sociedade

PATRÍCIOS
Os patrícios, cidadãos de Roma, constituíam a aristocracia romana, sua elite. Desempenhavam altas funções públicas, no exército, na religião, na justiça ou na administração. Eram grandes proprietários de terra e credores dos plebeus, os quais viviam sob a constante ameaça de se tornarem escravos. Os patrícios, descendentes das famílias mais antigas da cidade, ou seja, dos chefes tribais da região do período pré-romano, eram donos das maiores e melhores terras e os únicos a possuir direitos políticos.
Habitavam em vilas (latim villa), casas senhoriais constituídas essencialmente por três secções:
a pars rustica, onde ficavam os alojamentos dos criados e escravos;
a pars frumentaria, onde se situavam as instalações de uso comum como os celeiros e armazéns; e a pars urbana, onde moravam os proprietários e a suas famílias.

PLEBEUS
Ao lado dos patrícios e clientes, encontramos os plebeus (do latim plebem, que significa multidão não organizada que formava, em Roma, um mundo à parte, a plebe. Eles habitavam o solo romano, sem integrar a cidade. Como acentua Bouché-Leclercq "eles tinham o domicílio, mas, não a pátria". Eram homens livres, podiam possuir terras, pagavam impostos e prestavam serviços militares. A diferença entre patrícios e plebeus era marcada por barreiras de tabus extremamente exclusivas. A princípio, os plebeus não possuiam direitos políticos nem civis).
A plebe, cuja origem é muito obscura, possivelmente se constituia dos vencidos que ficavam sobre a proteção do Estado, dos clientes das famílias patrícias que se extinguiram, e dos estrangeiros aos quais o Estado protegia.
No período monárquico, os plebeus não eram considerados cidadãos, portanto não tinham direitos políticos, não podendo nem formar famílias legalmente reconhecidas. Serviam no exército e trabalhavam como artesãos, agricultores e comerciantes. Viviam ameaçados pela escravidão, por dívidas e tinham que pagar altos impostos. Na República, eles conquistaram o direito de eleger os Tribunos da Plebe, em um Comício da Plebe. Também conquistaram o direito de casarem-se com patrícios através da Lei Canuléia, votada pouco tempo depois da Lei das XII Tábuas e o direito de eleger magistrados plebeus.
CLIENTES
A clientela, na história romana, foi um grupo originário da plebe que, para sobreviver, colocava-se a serviço de um patrício, denominado patrono. Os clientes recebiam dos patrícios assistência jurídica e terras para cultivo. Por sua vez, tornavam-se fiéis aos patrícios e votavam segundo a sua indicação.

B.2. O mundo Romano no apogeu do Império: Biografias: Protagonistas de Roma Antiga

JÚLIO CÉSAR

Caio Júlio César (em latim Gaius Julius Caesar ou IMP•C•IVLIVS•CAESAR•DIVVS; 13 de Julho, 100 a.C.–15 de Março, 44 a.C.) foi um líder militar e político da República romana. As suas conquistas na Gália estenderam o domínio romano até o oceano Atlântico: um feito de consequências dramáticas na história da Europa. No fim da vida, lutou numa guerra civil com a facção conservadora do senado romano, cujo líder era Pompeu. Depois da derrota dos optimates, tornou-se ditador (no conceito romano do termo) vitalício e iniciou uma série de reformas administrativas e económicas em Roma.

O seu assassinato nos idos de Março de 44 a.C. por um grupo de senadores travou o seu trabalho e abriu caminho a uma instabilidade política que viria a culminar no fim da República e início do Império Romano. Os feitos militares de César são conhecidos através do seu próprio punho e de relatos de autores como Suetónio e Plutarco.

B.2. O mundo Romano no apogeu do Império. 1ºs Imperadores

Dinastia Júlio-Claudiana (31 a. C. - 68 d. C.)


Designa-se deste modo a dinastia que compreende os cinco primeiros imperadores romanos: Octávio (ou Octaviano) César Augusto (31 a. C.- 14 d. C.), Tibério (14 d. C.- 37 d. C.), Caio Calígula (37 d. C.- 41 d. C.), Cláudio (41d. C.- 54 d. C.) e Nero (54 d. C.- 68 d. C.). Augusto, também conhecido por Octávio Turino, nasceu em 63 a.C., tendo sido adoptado por César em 44 a.C. e passando, então, a chamar-se Júlio César Octaviano. Com o assassinato de César, em Março do mesmo ano, empenhou-se na reinvindicação da sua herança e treze anos mais tarde, depois da Batalha de Actium, Octávio tornou-se senhor único do mundo romano, inaugurando um regime que pretendia aliar o poder centralizador de princeps às tradições republicanas. Tibério Claudio Nero nasceu em 42 a. C., casou em 14 a. C. com Júlia, filha de Augusto e foi adoptado, pelo mesmo, em 4 d. C., passando a ser conhecido como Tibério Júlio César. Com a morte de Augusto em 14 d. C., o Senado atribuiu-lhe o Império. Fundou a título definitivo o principado e governou como senhor absoluto, ao compreender que o Senado não poderia assumir o seu papel de outrora, destruindo o projecto de Augusto de retorno às normas republicanas. Abandonou Roma em 27 d. C. e retirou-se para a ilha de Capri, onde morreu em 37 d. C. Cognominado Calígula pelos soldados do exército do Reno, Julio César Germânico nasceu em 12 d. C. Sucedeu a Tibério, como seu sobrinho adoptivo, em 37 d. C., tendo o seu reinado sido curto. Ficou conhecido como sendo um louco sanguinário, embora se possa descortinar na sua conduta um objectivo político específico: a deificação do Imperador. Com a tentação do absolutismo sagrado, durante o reinado de Calígula, o principado afasta-se mais ainda do projecto de Augusto. Calígula é assassinado em 41 d. C., fruto de uma conspiração entre pretorianos e senadores. Tibério Cláudio César Augusto, conhecido por Cláudio, nasceu a 10 a. C. e foi escolhido, pelos pretorianos, para suceder a Calígula em 41 d. C. Ficou na História como um Imperador activo, responsável por uma reforma do Estado, criador de uma instituição admnistrativa notável, devendo-se-lhe a ocupação da Bretanha e a integração da Mauritânia no Império, entre outros feitos. Lúcio Domício Aenobarbo, nasceu em 37 d. C. e foi adoptado por Cláudio em 50 d. C., passando a ser conhecido por Nero Cláudio César Druso Germânico. Foi proclamado Imperador em 54 d. C., por ocasião da morte de Cláudio. No início do seu reinado Nero foi apoiado pelo Senado e pelos pretorianos mas, com a morte de Britânico e o assassinato de Agripina, afasta-se de Séneca, de quem havia sido aluno, e o seu reinado é marcado por uma série de revoltas, como resposta à sua conduta, que parecia fazer duvidar da sua sanidade mental. O Senado declarou Nero vencido e este suicida-se em 68 d. C., deixando o Império muito enfraquecido.

Como referenciar este artigo:
Dinastia Júlio-Claudiana (31 a. C. - 68 d. C.). In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2009. [Consult. 2009-02-24].

B.2. O mundo Romano no apogeu do Império: Biografias: Protagonistas de Roma Antiga

NERO


Quinto imperador romano, tornou-se infame pela sua vida de devassidão tendo perseguido ferozmente os cristãos. Lucius Domicius Aenobarbus, depois Nero Claudius Caesar Drusus Germanicus, era filho de Agripina, a Jovem e de Gneus Domitius Aenobarbus. Nasceu em Antium a 15 de Dezembro de 37 d. C., sendo adoptado por Cláudio em 50. Casou com Octávia, filha deste e de Messalina, em 53. Foi proclamado imperador quando Cláudio faleceu, a 13 de Outubro de 54. Era então aluno de Séneca. A sua autoridade apoiava-se nos pretorianos do prefeito Burro.
No início do seu reinado é favorável ao Senado. Porém, algumas tragédias palacianas (como o assassinato de Britânico, filho de Cláudio) auguram mau futuro.
Só com o assassínio de Agripina, em Março de 59, Nero governa pessoalmente, cada vez mais afastado de Séneca. Assume, então, o aspecto de um soberano helenístico.
Burro morre em 62. O novo prefeito do Pretório é Tigelino. Nessa altura, Nero inicia-se na religião mazdaísta e no culto do Sol-Rei.
Depois do incêndio de Roma, em 64 (reconstrução da Domus Transitoria ou Casa Dourada), atribuído a um propósito premeditado de Nero, eclodiu a Revolta de Pisão (65), na qual estava comprometida uma grande parte da aristocracia senatorial. A repressão é implacável.
Em 66, Nero vai para a Grécia, onde participa nos Jogos. No ano seguinte, é chamado a Roma, onde tem de enfrentar várias sublevações, como a de Julius Vindex, governador da Gália lionesa (província de Lugdunum, Gália) e depois a de Galba, governador da Tarraconense, na Hispânia, e ainda a de Otão, na Lusitânia. O Senado declara Nero como vencido em 68. Nesse ano, em Junho, Nero suicida-se.


Como referenciar este artigo:
Nero. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2009. [Consult. 2009-02-24].
TRAJANO
Marco Úlpio Nerva Trajano (em latim Marcus Ulpius Traianus) (18 de Setembro 53 - 9 de Agosto 117) nasceu em Itálica (hoje Santiponce), na Bética, no sul da Hispania (atual Espanha), perto de Híspalis (depois Sevilha) no ano 53. Foi imperador de 98 a 117.

De família nobre, concluiu a formação militar junto ao pai, governador primeiro da Síria e depois da Ásia, à época de Vespasiano. Comandou uma legião na Hispania e participou das campanhas na Germânia, nas quais conquistou grande prestígio. Em 91 foi nomeado cônsul por Domiciano. O imperador Nerva adotou-o como seu sucessor e, com a morte daquele, em 98, ele foi nomeado imperador. Os pretorianos apoiaram sua escolha.

Eficiente administrador, reorganizou o império, com apoio decisivo do Senado, que lhe concedeu o título excepcional de Optimus Princeps. Manteve um contato permanente e íntimo com a intelectualidade romana como consta da correspondência que manteve com Plínio, o Jovem. Reativou o comércio e a agricultura, reduziu a carga tributária e realizou um ambicioso programa de obras em todo o império. Além de edifícios públicos, como o novo fórum de Roma, construiu estradas, pontes, aquedutos, portos, banhos públicos e infra-estrutura sanitária. Algumas dessas obras sobrevivem ainda na Itália, Espanha, norte da África e Balcãs. Seu prestígio, no entanto, não se deveu somente aos êxitos na política interna, mas também às conquistas militares e territoriais, destinadas a aumentar e consolidar o poder de Roma e a proporcionar os recursos necessários para suas reformas.

Sob seu reinado o Império Romano atingiu sua máxima extensão. Após este período, com seu filho adotado Adriano, a contenção dos vastíssimos territórios geográficos conquistados (de Portugal à Pérsia, da atual Inglaterra ao milenar Egito), passou a ser prioridade.

Derrotou os partos e os armênios e lutou contra os dácios (regiões dos países atuais da Romênia e da Hungria) em duas batalhas que são celebradas nas cenas em relevo da coluna de Trajano, em Roma.

As riquezas obtidas dos saques destas regiões conquistadas, que por centenas de anos haviam evitado, com sucesso, as tentativas de invasão de Roma, serviu grandemente para o financiamento de novas construções em Roma, provavelmente importante para obter a aceitação de um povo que se sentia acima de tudo superior aos interioranos de províncias conquistadas pela espada.


As províncias do Império Romano em sua máxima extensão (governo de Trajano).Também, beneficiado pelo fato de que, dos arquitetos aos mestres de construção de seu império, terem eles atingido o seu apogeu profissional em sua época, as novas construções e renovações puderam ser realizadas sem custos muito superiores aos que tiveram sido necessários para tal por imperadores do passado.

O imperador Trajano, sendo filho da distante província espanhola, portanto, foi o primeiro imperador que não era natural de Roma, abrindo, assim, o caminho para uma nova era, onde os horizontes da participação cidadã romana nos altos escalões do império passou a ser bem mais abrangente.

Além disso realizou novos projetos arquitetônicos e reformas em educação e agricultura.

Muitas obras públicas foram realizadas, inclusive uma nova parte da Via Ápia. Foi um excelente administrador e teve a lealdade de seus súditos.

É considerado por muitos romanos da época e por alguns historiadores como o maior dos imperadores romanos. Porém a verdade é que a sua política de conquistas gerou alguns danos à economia do império, reparados depois por Adriano.

Trajano era, antes de tudo, um chefe militar. Durante a fase final de seu reinado, dedicou-se exclusivamente à guerra e deixou boa parte da administração civil em mãos de terceiros. Morreu, provavelmente de um ataque cardíaco, na viagem de volta da campanha parta, em Selinus, perto do Mar Negro, no dia 8 de agosto de 117.

B.3. Origem e difusão do Cristianismo:CRISTIANISMO

FILME: A PAIXÃO DE CRISTO

O Cristianismo, com todas as suas variantes rituais e teológicas, é a maior religião a nível mundial, com uma expressiva representação em todos os continentes. Este sistema de crenças e de valores tem como elemento central a figura de Jesus Cristo, a partir do qual emergiram diferentes práticas religiosas.
Os vários credos cristãos discordam no seu entendimento e na sua definição daquilo que distingue Cristo e o torna único, mas todos concordam que a sua vida foi um exemplo a seguir, e que os seus ensinamentos acerca do amor e do companheirismo devem ser as bases das relações entre os homens. Grande parte dos seus ensinamentos tem pontos em comum com os dos rabis judaicos e com a filosofia de Confúcio e de Sócrates.
Para os Cristãos, Jesus Cristo é o supremo pregador e um exemplo moral de vida, mas para muitos destes crentes isso, por si só, não justifica inteiramente o significado do seu trabalho e da sua vida.
As parcas informações históricas acerca de Jesus estão contidas nos Evangelhos do Novo Testamento da Bíblia e nos escritos de Flávio Josefo, um historiador judeu romanizado do século I.
Um dos princípios fundamentais deste credo, que pode ter muitos nomes diferentes, é o conceito de "Pai". Os Cristãos identificam Jesus como "O Filho de Deus". A doutrina cristã, entretanto, evoluiu para uma forma segundo a qual Jesus Cristo, mais do que o filho de Deus, passou a integrar a Trindade absoluta, isto é o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Não se trata de três entidades distintas, mas antes uma só. Este conceito é um dos princípios básicos do Cristianismo, presente, nomeadamente, no sacramento do baptismo, um acto simbólico pelo qual o crente é ritualmente purificado e perfilha esta religião.
A oração privada foi ensinada por Jesus Cristo, mas este também apelou à oração em comunidade. Desde o tempo do Novo Testamento, o primeiro dia da semana foi o escolhido para a oração comunal. O domingo, o dia da ressurreição do senhor, é o dia de descanso semanal e o dia por excelência de oração, tal como o Sabbath dos Judeus.
A pregação de Jesus Cristo está baseada nos dez mandamentos. Todavia, entre estes, há dois que se destacam dos demais: são eles o amor a Deus e o amor ao próximo, que sintetizam os seus ensinamentos.
A esperança numa vida depois da morte é outro dos elementos basilares deste credo. A Igreja fala nesta esperança na linguagem da ressurreição, uma nova vida de participação na glória da ressurreição de Cristo. Esta crença serve muitas vezes de motivação para tornar a vida na terra mais confortável.
Os dados conhecidos sobre Jesus Cristo e sobre os primórdios do Cristianismo foram-nos legados pelos seus seguidores, e muitas vezes estes relatos subjectivos, sem grande rigor histórico, levantam mais questões do que aquelas a que respondem. No entanto, podem descortinar-se algumas informações sobre Jesus de Nazaré e as primeiras comunidades cristãs.
Sabe-se que a mensagem de Cristo atraiu muitos seguidores que o consideravam como um novo profeta. As suas palavras e acções foram transmitidas às gerações vindouras pelos evangelistas, que narraram a vida de Jesus na terra à luz da experiência identificada pelos cristãos primitivos com o milagre da ressurreição. Muitos dados foram recolhidos da Bíblia Hebraica (basicamente o Pentateuco), chamada pelos Cristãos Antigo Testamento, para construir uma realidade que vieram a conhecer, a do Novo Testamento.
A cidade de Jerusalém foi o centro da primeira comunidade cristã, pelo menos até à destruição da cidade pelos Romanos em 70 d. C., por ordem de Tito, que mandou destruir também o templo. O centro do movimento cristão irradiou então a sua influência a outros núcleos urbanos da Palestina e mesmo para além desta.
O primeiro apelo estava confinado aos Judeus, para quem representava o cumprimento da promessa feita por Deus aos profetas, a Abraão, a Isaac e a Jacob. Já nos primeiros tempos do Cristianismo, a sua posição face ao Judaísmo era de continuidade e de preenchimento, mas também de antítese e de afirmação. A quebra da continuidade entre o Judaísmo e o Cristianismo nunca foi total, porque muitos elementos do judaísmo estão presentes na Bíblia cristã. O próprio Jesus Cristo era judeu, e o Novo Testamento da Bíblia não aparece sozinho; ele é, em grande medida, a continuação do Antigo Testamento dos Judeus.
A cisão entre estes dois credos deu-se com a mudança de membros no final do século II. Num determinado momento, os Cristãos sem raízes judaicas ultrapassaram em número os judeus cristãos. A influência do apóstolo Paulo foi crucial. Paulo nascera judeu, com estatuto de cidadão romano, mas converteu-se ao Cristianismo, vindo a tornar-se um instrumento de transmissão da mensagem de Cristo aos gentios através das suas Epístolas (cartas) direccionadas para as comunidades cristãs.
Paulo merece o título de "primeiro teólogo cristão", e a sua obra terá seguimento no trabalho de muitos teólogos que se basearam nos conceitos apresentados nas suas Epístolas, compiladas no Novo Testamento.
A clarificação da mensagem cristã tornou-se uma necessidade quando começaram a surgir diferentes interpretações sobre os mesmos temas. Estas heresias diziam respeito à pessoa de Cristo. Alguns tentaram proteger a sua divindade pela negação da sua qualidade humana, enquanto outros protegeram a fé monoteísta tornando Cristo menos divino do que Deus.
A Igreja respondeu a estes desvios com a especificação da divindade de Cristo. As conclusões relativas à sua relação com Deus e com a sua humanidade saíram de Concílios reunidos durante os séculos IV e V. Os mais importantes foram o Concílio de Niceia, de 325, e o de Calcedónia, de 451, nos quais foram estabelecidas as doutrinas da Trindade e da dupla natureza de Cristo (divino e humano), e a criação de uma linguagem de teologia filosófica em grego e em latim. O grande mentor da teologia ocidental foi Santo Agostinho de Hipona, o autor de obras como Confissões e Cidade de Deus, obras marcantes do pensamento cristão.
Durante os primeiros tempos do Cristianismo, a relação com o poder instituído não foi muito pacífica, como seria de esperar. Inicialmente era visto como uma seita judaica dentro do Império Romano. Antes da morte do imperador Nero, em 68 d. C., tinha já sido apontada como inimiga do Estado. A hostilidade face aos Cristãos cresceu desde então.
A lealdade dos Cristãos ao seu Senhor, Jesus Cristo, era um ponto incontornável que os romanos não admitiam, pois colidia com a adoração e o culto do imperador como o único "senhor". Os imperadores Trajano e Marco Aurélio, empenhados na unificação e na reforma do império, estão entre alguns dos mais ferozes combatentes desta ameaça. Todavia, não foi o aspecto religioso que alarmou Roma, mas antes o facto desta considerar o Cristianismo uma ameaça à ordem pública.
A perseguição dos primeiros Cristãos levou-os a praticar o seu culto clandestinamente, em lugares afastados dos olhos dos Romanos. A reunião dos crentes era feita maioritariamente em catacumbas ou galerias subterrâneas, onde podiam livremente expressar a sua fé, longe dos perigos do mundo da superfície.
Esta religião cristã teve necessidade de construir espaços onde os crentes pudessem praticar a sua fé. Assim, numa primeira fase, as catacumbas eram os únicos espaços que ofereciam alguma segurança para os fiéis se reunirem em segredo. As catacumbas mais importantes são as de Roma, onde se encontram ainda hoje vestígios de frescos da autoria de artistas modestos, formados nas oficinas romanas, que dão um tratamento inovador à estética pagã.
As formas arquitectónicas da arte paleo-cristã evoluíram a partir de tipologias romanas. Inicialmente, não havia uma arquitectura característica porque o culto era praticado em locais privados. Na arte funerária era diferente, sobretudo para as famílias cristãs que possuíam propriedades fora das cidades, onde escavavam galerias para enterrar os seus mortos, que, ao contrário dos pagãos, não eram cremados. Nestas paredes surgem os primeiros exemplares deste tipo de arte.
A questão da iconografia paleocristã é bastante problemática, pois alguns teólogos cristãos eram adversos à figuração humana, isto é, à representação dos Santos e de Cristo, presente na arte pagã (intransigência que é visível, por exemplo, no Islão, que ainda hoje tal proíbe). Outros, porém, eram defensores deste tipo de temática na iconografia, direccionada para ensinar a religião a uma população maioritariamente analfabeta. Embora tardiamente, esta foi a tendência que triunfou no Ocidente.
A maior evolução desta arte deu-se sobretudo no campo da iconografia, com a constituição de um programa temático para a nova religião. Eram representadas figuras naturalistas, sem grande profundidade nem riqueza de pormenores, com um forte teor pedagógico.
A iconografia paleocristã apresentava temas retirados do Antigo Testamento (o Bom Pastor ou o Orante) aliados a temas do Novo Testamento (Daniel e a cova dos leões, a Última Ceia) e temas clássicos readaptados a esta nova religião (os pássaros que representam a alma, as vindimas como símbolo da Eucaristia, etc). Em finais do século IV, a estas referências veio juntar-se uma forte influência oriental, também patente na arte romana.
Por outro lado, a Cristandade tinha crescido a tal ponto, desde meados do século IV d. C., que ou era totalmente irradicada ou teria que ser aceite. O imperador Diocleciano tentou acabar com o cristianismo, movendo violentas perseguições aos seus seguidores. O imperador Constantino, pelo contrário, aceitou o Cristianismo, convertendo-se ele próprio, e deu origem a um "império" cristão.
Com a conversão do império, a Igreja passou a ocupar um lugar privilegiado na sociedade. A partir deste momento, era mais fácil ser-se cristão do que não sê-lo. Constata-se, então, um fenómeno novo: alguns crentes começaram a sentir que os padrões da conduta cristã tinham baixado. Para estes, o único caminho a seguir era o da vida monástica. Só este tipo de vida rigorosa permitia uma total entrega ao Cristianismo.
Este movimento de entrega teve o seu início nos desertos do Egipto com Santo Antão, o eremita, e propagou-se por diversas partes do império, tendo atingido não só as áreas gregas e latinas, mas também a Ásia, nos séculos IV e V. Estes monges devotavam a sua vida à oração, aos serviços religiosos e ao ascetismo.
Do período bizantino ao período medieval tornaram-se a maior força de cristianização dos não-crentes. Eles eram os grandes teólogos, pedagogos e pregadores. A cristandade dos nossos dias muito deve a estes fervorosos Cristãos, que devotaram a sua vida à religião.

Como referenciar este artigo:
Cristianismo: do Sofrimento ao Triunfo. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2009. [Consult. 2009-02-24].

B.2. O mundo Romano no apogeu do Império:HISTÓRIA CONCISA DE ROMA

A formação do império romano foi bastante lenta, decorrendo entre os séculos V a. C. e o século II d. C., a partir da cidade de Roma. Em finais do século I a. C., o Mediterrâneo era já um "lago romano", e o Império Romano, urbano e esclavagista, alcançava o auge no século II da nossa era. No Império foram integrados povos de todo o Mundo, unidos pela acção do exército e das actividades comerciais, que transportavam consigo a língua e a cultura romanas.
A fundação de Roma diz-se ter ocorrido por volta de 753 a. C. Trata-se de uma das mais famosas lendas da história romana e será veiculada por figuras como o poeta Virgílio e o historiador Tito Lívio. Reis Silvia, filha de Numitor, rei de Alba Longa (cidade do Lácio), dera à luz dois filhos do deus da guerra, Marte: Rómulo e Remo. Amílio, irmão de Numitor e usurpador do trono, ordenou que os dois recém-nascidos fossem, no entanto, atirados ao rio Tibre. Quis o destino que fossem salvos por pastores e amamentados por uma loba, Rea, na colina do Palatino. Quando cresceram, resolveram fundar uma cidade no local onde foram encontrados, na planície na confluência das colinas de Roma. Foi Rómulo quem acabou por fundar a cidade ainda que, para isso, tenha morto o irmão, tornando-se o seu primeiro rei. Ainda de acordo com a lenda, a Rómulo sucederam: Numa Pompílio (715-673), Túlio Hostílio (673-641), que libertou Roma da dependência de Alba Longa; e Anco Márcio (641-616).
Esta cidade foi cobiçada pelos etruscos, um povo da Toscânia, que a conquistou e engrandeceu. Mais uma vez, é difícil distinguir a verdade histórica da tradição. De acordo com esta, Tarquínio, o Antigo (616-578), conquistou o Lácio e inaugurou a dinastia etrusca. A ele seguiram-se Sérvio Túlio (578-534) e Tarquínio, o Soberbo (534-510), que reinou como um tirano. De qualquer modo e ao que parece, é a ele que Roma deve a construção do templo de Júpiter, no Capitólio, e a conclusão de grandes obras públicas, como a Cloaca Máxima (rede de esgotos), junto à ilha Tiberina, no Tibre iniciadas pelos seus antecessores.
O regime ditatorial deste monarca acarretaria o fim da Monarquia. Os cidadãos de Roma eram, exclusivamente, os patrícios, famílias nobres a quem o direito reconhecia todos os privilégios, civis, políticos e religiosos. Os Etruscos tudo fizeram para abater a preponderância dos patrícios; contudo, uma revolução liderada por estes e apoiada pelo exército, em 509 a. C., derrubou a Monarquia e implementou um regime republicano; o poder supremo passou para as mãos de dois cônsules e o Senado tornou-se a grande força do novo regime.
Com a República, Roma entrou numa fase de franca expansão, que conduziu à constituição de um descomunal império, espalhado por todos os cantos do Mundo por onde passaram os seus exércitos, as legiões.
A implementação da República de base patrícia acarretou a guerra com os etruscos a qual marca o início da expansão romana, que culminará com a construção do estado imperial.
No início do século IV a. C. Roma dominava o Lácio e conquistara cidades como Tusculum, Aricia e Lavinium. Em 387 vive-se um período sombrio: Roma é invadida e incendiada pelos gauleses, povo céltico, proveniente do Norte. Depois de afastado este perigo, retorna-se à expansão militar com a tomada da Campânia, da Etrúria e de outros territórios da Itália Central e Meridional. Em 290 a. C., numa altura em que o espaço romano já se estendia numa área superior a 130 mil km2, os romanos venceram as guerras Samnitas, batendo este povo de montanha, guerreiro, que cobiçava a Campânia e tinha como aliados os etruscos e os gauleses. Revelava-se, então, a organização e disciplina do exército romano que tantas vitórias lhe dariam no futuro. Em 272 cai Tarento, no Sul (na Magna Grécia), considerada a Atenas de Itália; depois dela, todas as colónias gregas do Sul da Península ficam na dependência de Roma. Completava-se, assim, a primeira fase de expansão. A cidade do Lácio dominava toda a Itália.
O próximo passo era o domínio do Mediterrâneo. A tarefa não se adivinhava fácil; havia que defrontar Cartago, poderosa cidade norte-africana de origem fenícia, detentora de um numeroso exército com cavalaria, elefantes de combate e a mais poderosa frota de guerra do seu tempo. Depois da ocupação da Sicília, os romanos lançaram-se ao assalto de Cartago, em 261 a. C. Começava a Primeira Guerra Púnica. E começava bem para o agressor: os Cartagineses são batidos no cabo Milas (260 a. C.) e nas ilhas Égatas (241 a. C). Em 241 pedem a paz. Dois anos depois, Roma anexa as ilhas da Sardenha e da Córsega. Em 218 a. C. os Cartagineses reagem. Iniciava-se a Segunda Guerra Púnica. A "dinastia" Barca, Amílcar e, sobretudo, o seu filho Aníbal instalam-se na Península Ibérica e, apesar de se terem comprometido com Roma (226) a não ultrapassar o Ebro, atacam Sagunto, aliada desta. Os exércitos romanos são clamorosamente derrotados em Canas (216) pelo génio militar de Aníbal mas, em contrapartida, uma força naval comandada por Cipião, dito o Africano, atravessa o Mediterrâneo e bate os Cartagineses em Zama (202). Acabava a Segunda Guerra Púnica, da qual ficou para a História a célebre travessia dos Alpes pelos elefantes de Cartago e pelo génio guerreiro de dois grandes rivais: Aníbal e Cipião.
O destino de Cartago estava traçado. Em 149, com o pretexto de auxiliar os seus aliados númidas, as legiões romanas de Cipião Emiliano desembarcaram em África, ocuparam e arrasaram Cartago. Cumpria-se o discurso de Catão que exortava à destruição da antiga metrópole fenícia com as palavras "Delenda Cartago", "é preciso destruir Cartago".
Por essa altura, as legiões de Roma instalavam-se na Península Ibérica, dando início a um processo de conquista que se concluiria em 133 a. C. e durante o qual se destacou a resistência dos Lusitanos, comandados, primeiro, por Viriato e, depois, por Sertório, um general romano dissidente.
Entrava-se num período de guerra civil em Roma que, no entanto, não impediu a continuidade das conquistas. Em 120 a. C., após a submissão dos Lígures, do golfo de Génova, os romanos penetram na Gália transalpina e conquistam os Alpes e o Languedoque, junto ao Mediterrâneo.
Entre 107 e 48 a. C., em termos de expansão, destacam-se as campanhas de Mário em Jugarta (África); em Aix (Cabália Oriental, hoje Aachen), contra os Teutões (102) e na Cisalpina contra os Cimbros (101); as campanhas de Sila ou Sula no Ponto Euxino, submetendo territórios do oriente até aí nas mãos de Mitridates VI (88) e submetendo a Grécia; por sua vez, Júlio César conquistou a Gália (campanha que descreve na obra De Bello Gelico - ''A Guerra das Gálias'') derrotando os Helvéticos e os irredutíveis Belgas (58-57); os Germanos (55) e os Bretões. Antes da subjugação de toda a Gália, César defrontou a insurreição do chefe gaulês Vercingetórix, que derrotou em Alésia (52 a. C.). A Gália tornava-se mais uma região romana, depois dividida em províncias.
Eentretanto, a oriente, na sequência da perseguição a Pompeu, seu rival em Roma, que se acolhera no Egipto, César conquista a "terra dos faraós" e substitui a dinastia dos Ptolomeus por Cleópatra.
No ano 85 da nossa era os Romanos concluíram a conquista da Bretanha, a actual Grã-Bretanha. Na Europa estabelecia-se o Limes que se estendia de Ratisbona aos arredores de Coblença, na actual Alemanha e não muito longe da linha Reno-Danúbio. Estavam praticamente concluídas as conquistas. Com Trajano (53-117) Roma atingia o auge territorial: a fronteira do império estendia-se às montanhas limítrofes do Irão (Zagros), depois de uma série de conquistas que levaram os seus exércitos ao Danúbio (vitória sobre os Dácios entre 101 e 107 na actual Roménia); os Partos foram derrotados (114-116) e, consequentemente, a Arménia (114), Mesopotâmia (115) e Assíria (116) foram anexadas.
O povo de Roma e a sua cultura foram muito influenciados pela tradição grega, mas, ao contrário dos Gregos, os Romanos ultrapassaram o seu ideal de beleza, adoptando uma mentalidade prática, empregue na vida quotidiana, na cultura e na arte.
A administração de um tão vasto império era extremamente eficiente, pois regia-se pela aplicação de um código de leis universais (Direito Romano). Não é por acaso que muitos dos códigos de leis europeus tiveram por base o direito romano. Por exemplo, a lei ou édito de Caracala, de 212, teve uma grande repercussão por todo o império romano, uma vez que concedia o direito de cidadania a todos os habitantes livres. Era a forma hábil de identificar todas as pessoas com a cidade de Roma e garantir, com isso, a unidade imperial.
Outro dos factores originais desta civilização, que lhe conferira grande eficiência, foi uma preocupação especial com o urbanismo. Este aspecto não foi descurado, pois constituía um ponto importante na organização do império.
As cidades fundadas pelos Romanos durante o período imperial respondiam a um plano regular preconcebido, orientado racionalmente, segundo dois eixos: o cardo (N/S) e o decumanus (E/O) recebendo a influência dos acampamentos militares, que estão na origem das povoações do império. Estas eram servidas por cerca de 100 mil quilómetros de vias, lajeadas, que ligavam todo o império e eram completadas pelas rotas marítimas do Mediterrâneo. As novas cidades foram também dotadas de edifícios públicos, monumentais mas ao mesmo tempo funcionais, como pontes, aquedutos, anfiteatros, teatros, circos, bibliotecas, circos, banhos públicos, etc., O urbanismo representava outra forma de unidade, pois todas as cidades do império obedeciam, em princípio, a um modelo: a cidade de Roma.
A arquitectura urbana era funcional e sólida. Assentava na utilização de dois elementos inovadores: o arco de volta perfeita e a abóbada. A escultura e a pintura eram caracterizadas pelo naturalismo, embora deixassem entrever a influência grega na idealização patente em algumas das figuras representadas.
A literatura, a arte e a filosofia partilhavam igualmente de uma herança helenística, presente na obra de escritores como Catão e Cícero, na dos poetas Ovídio, Horácio e Virgílio, cujos poemas falam de amor e dos deuses. A Eneida, de Virgílio, escrita à imagem dos poemas de Homero, é a epopeia nacional romana que serviu de instrumento de fundamentação e propaganda do império. Este poema épico juntamente com os de Homero inspirarão, no século XVI, os Lusíadas, onde Luís de Camões canta os feitos dos Lusitanos.
Tito Lívio representa o expoente máximo da literatura histórica romana. A sua obra, a História Romana, desempenhou inclusivamente um papel importante na exaltação das conquistas. É a chamada história do tipo apologético.
Na expressão teatral, os Romanos preferiam a comédia à tragédia, e na filosofia reflectiam sobre o combate das paixões, o desprezo pela riqueza e a luta pela honra. Os movimentos filosóficos de raiz moralista mais destacados foram o estoicismo e o epicurismo, muito mais consentâneos com o espírito lutador e pragmático dos Romanos.
Para além da influência grega, de longe a mais expressiva, a cultura romana integrou alguns elementos assimilados das culturas etruscas e orientais (como os cultos solares ou de divindades do Próximo Oriente). Todas as manifestações da cultura romana serviam ao mesmo tempo a glorificação individual dos seus promotores, mas serviam também a ordem imperial romana.
A religião politeísta tradicional, disseminada pelo império, integrava os ritos públicos e cívicos, onde estava presente o culto ao imperador. No tempo de Octávio Augusto surgiu o Cristianismo, uma religião monoteísta que desafiou a autoridade romana, nomeadamente recusando a deificação e adoração do imperador, rejeitada perante a fidelidade a um deus único. Após um longo e violento período de perseguição aos Cristãos, Constantino adoptou o Cristianismo como religião do império, pelo édito de Milão (313), restituía aos Cristãos os bens confiscados e protegia o Concílio de Niceia (325) e as suas linhas de orientação teológica, o dogma da Santíssima Trindade, por ele instituído. Com Constantino, a capital do império passou de Roma para Constantinopla.
A mudança para o estado imperial ou Principado aconteceu dentro do regime republicano. Esta evolução, lenta e progressiva, decorreu em parte da impossibilidade do Senado manter a ordem, à medida que as conquistas aumentavam. Octávio César Augusto instituiu a autoridade imperial, absoluta e dinástica, de origem quase divina. O culto ao imperador funcionou como um dos factores de coesão política do império.
O governo imperial permitiu o restabelecimento da paz, através da utilização de um aparelho administrativo centralizado e de um código de leis universais, justas e racionais. A administração local, no caso das províncias mais antigas, era entregue ao Senado, enquanto as províncias mais recentes e menos integradas eram controladas pelo imperador, na pessoa do legado, e pelos funcionários imperiais.
O ano 476 da nossa era marca o fim do Império Romano, com a conquista de Roma pelos Hérulos.




Como referenciar este artigo:
Roma: da Cidade ao Império. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2009. [Consult. 2009-02-24].

23 de fevereiro de 2009

B.2.

B.2. O mundo Romano no apogeu do Império: Biografias: Protagonistas de Roma Antiga


Caio Júlio César Otaviano
[ou Octávio Augusto
(63 a. C. - 14)
Primeiro Imperador romano

Primeiro imperador romano, filho de Caio Otávio e Átia e sobrinho-neto de Júlio César, que o adotou e o fez seu herdeiro. Caius Octavius que se tornou, por adoção, Caio Júlio César Otaviano e posteriormente, César Augusto, o Augusto, foi o idealizador da pax romana e do império, um extraordinário político e administrador. Sem revogar as leis e instituições republicanas, concentrou todo o poder em suas mãos, inaugurando uma época de esplendor e prosperidade no mundo antigo. Quando soube do assassinato de César, quando estudava na Ilíria, do outro lado do mar Adriático, organizou então um exército e assumiu o controle de Roma, ao lado de dois poderosos amigos de César, Marco Antônio e Lépido. Os três se aliaram contra os assassinos de César e, em seguida, passam a lutar entre si. Depois de várias manobras políticas e militares tornou-se senhor único do Império Romano (30 a. C.). O nome Augusto foi-lhe então outorgado pelo Senado (27 a. C.) e depois lhe conferiu o título de Pai da Pátria (2 a. C.), confiando-lhe o poder absoluto por 44 anos, embora jamais tenha governado de forma despótica. Habilmente propiciava ao Senado o máximo esplendor, embora seu governo tenha a marca perfeita do absolutismo. Declarou guerra à união de Antônio e Cleópatra e após a vitória definitiva (30 a. C.), na batalha naval de Áccio, transformou o Egito em província romana. Pacificou as Gálias, reformou os costumes, ampliou os territórios do império até o Elba e o Danúbio e proclamou a paz universal (Pax Augusta). Governante moderado e enérgico deu a Roma um traçado urbanístico dividindo a cidade em bairros e ruas. Demarcou a Itália em regiões e o resto do império em distritos e províncias, exceto o Egito que, para ele, era de domínio pessoal. Fez uma ampla reforma monetária, criou impostos públicos e um serviço postal estatal. Fortaleceu o exército e a esquadra garantindo solidez as fronteiras, conseguindo afinal um longo período de paz. Entregou as obras de infra-estrutura pública como estradas, aquedutos, galerias, etc., ao leal e competente ministro Agripa, que seria seu sucessor caso não tivesse também falecido logo após sua morte. Favoreceu as artes e as letras e, após sua morte, foi divinizado. Deixou uma autobiografia gravada em duas colunas de bronze, no Campo de Marte, em Roma, Res gestae divi Augusti (Manumentum Ancyranum) conservadas até hoje. Foi sucedido por Tibério, um seu filho adotivo e general nomeado, confirmando assim, o estabelecimento de um regime monárquico.

B.2. O mundo Romano no apogeu do Império: DIVISÃO DO IMPÉRIO ROMANO

Divisão do Império Romano


Após a morte do imperador Teodósio em 395, a unidade do Império é definitivamente quebrada com a divisão feita pelos seus dois filhos: Arcádio (Augusto desde 383), o mais velho, obteve o Oriente com sede em Constantinopla; Honório (Augusto desde 393), recebeu o Ocidente com sede em Milão ou Ravena. Na época, este acto não representava qualquer inovação, já que a partilha das responsabilidades e atribuições era prática corrente. Além disso, a ideia de unidade mantinha-se devido à figura de Estilicão, general de origem vândala, imposto por Teodósio como tutor dos jovens soberanos. Nas duas partes do império mantinham-se também idênticas instituições, tanto nas províncias como nos organismos centrais. Porém, não há dúvida que se vinha já produzindo uma diferenciação económica e social profunda entre Ocidente e Oriente, iniciada muito antes de 395, e que se acentuou nos anos seguintes, entre 395 e 410, devido, sobretudo, ao problema germânico. O Ocidente apresentava-se militarmente frágil e permeável às investidas bárbaras. A partir de 401, os Ostrogodos invadem as províncias do Danúbio superior. A partir de 406, são os Vândalos, os Sármatas, os Alanos e os Alamanos que devastam a Gália Ocidental, e Alarico saqueia Roma (410). O próprio Estilicão, internamente perseguido pelo partido antibárbaro, é decapitado a 22 de Agosto de 408. O Ocidente ficou sob o poder dos chefes bárbaros e em 476, Odoacro, chefe dos Hérulos, depôs o último imperador romano do ocidente, Rómulo Augusto, e devolveu as insígnias ao imperador do Oriente cujos sucessores reinaram em Constantinopla até 1453.

B.2. O mundo Romano no apogeu do Império: QUEDA DE ROMA

Capitulação de Roma (473 d. C. -476 d. C.)


Nos últimos oitenta anos do Império Romano do Ocidente, as províncias foram assoladas por guerras civis e invasões bárbaras, que agravaram o seu estado, já debilitado pelos pesados tributos que sustentavam o exército. Inicialmente, a política que conciliava o invasor, com os comandos militares e a ocupação de cargos administrativos, parecia resultar. Contudo, os bárbaros, que se haviam estabelecido no Oriente, apontaram como alvo a conquista do Ocidente. Em 410 d. C., Alarico I, rei dos Visigodos, conquistou e saqueou Roma, abalando para sempre a estabilidade do Império. Morreu pouco depois, quando se preparava para invadir a Sicília. O seu sucessor, Ataulfo, atraiu os Visigodos até à Gália e, em 419 d. C., Honório deu uma autorização formal, aos Visigodos, para se estabelecerem no território sudoeste da Gália até Toulouse, onde fundaram uma dinastia Visigótica. A divisão da Espanha entre Vândalos, Suevos e Alanos havia sido, igualmente, realizada por Honório. O seu sucessor, Valentiniano III, assistiu à conquista de África pelos Vândalos e à captura de Itália e da Gália pelos Hunos, sob o comando de Atila. Os Vândalos, que haviam conquistado Cartago, foram reconhecidos por Valentiniano no seu novo reino africano, em 440 d. C., e os Hunos, senhores da Europa central e do norte, confrontaram os imperadores do Oriente e Ocidente como um poder independente. Atila marchou primeiro sobre a Gália, mas os Visigodos, sendo já um povo cristão e romanizado, opuseram-se-lhe por lealdade aos Romanos e derrotaram os Hunos em Chalons, em 451 d. C. No ano seguinte Átila invadiu a Lombardia mas foi incapaz de prosseguir, acabando por morrer em 453 d. C. Dois anos depois, Valentiniano, último representante da Casa de Teodósio no Ocidente, foi assassinado. Nas duas décadas seguintes, foram proclamados e depostos nove imperadores romanos mas o verdadeiro poder encontrava-se nas mãos de Flávio Recimero, um general de origem sueva. O último Imperador Romano do Ocidente, Rómulo Augústulo, foi destronado por Odoacro, que foi proclamado rei de Itália pelas suas tropas. Terminava assim o Império Romano do Ocidente.

B.2. O mundo Romano no apogeu do Império: BIOGRAFIAS: PROTAGONISTAS DE ROMA ANTIGA

Caio Calígula


O terceiro Imperador de Roma
Nasceu em Antium (Anzio), em 31 de Agosto de 12 d.C.;
morreu em Roma em 24 de Janeiro de 41 d.C.

Último filho de Germânico, filho adoptivo de Tibério, segundo imperador de Roma, e de Agripina, filha de Agripa, tinha 25 anos quando se viu nomeado para o Império, devido à acção decisiva do perfeito do pretório Marco, que lhe obteve o juramento dos pretorianos, dos soldados e dos marinheiros da frota de Itália, e depois a investidura senatorial. Recebeu primeiro o título de imperator, e a seguir, e de uma só vez, todos os outros, com o poder tribunício e o pontificado, e por fim, um pouco mais tarde, foi considerado Pai da Pátria.

Desta maneira, este jovem que só tinha a seu favor o ser o único filho sobrevivente de Germânico e o principal herdeiro civil de Tibério, conseguiu, de uma só vez, tal como um príncipe real, reunir todos os títulos, e todos os poderes, que Augusto, o primeiro imperador romano, tinha levado anos a acumular e que Tibério tinha em parte recusado. Assim, e muito rapidamente, o Principado deixou de ser uma lenta consagração política de uma pessoa, para se tornar uma instituição constitucional, de facto uma instituição monárquica, cuja nomeação dependia da aprovação do exército e da investidura formal pelo Senado.

As legiões das províncias aceitaram o decidido em Itália e Roma, e prestaram juramento de fidelidade a Caio, que passou a realizar a cerimónia de juramento anualmente. Os primeiros meses do governo foram calmos, tendo o príncipe mostrado o desejo de governar com o Senado, chamando do exílio as vítimas de Tibério, honrando os membros da sua família - a sua avó Antónia, o seu tio Cláudio, esquecido por toda a gente, e mesmo Gemellus, nomeado co-herdeiro com Caligula por Tibero, que vestiu a toga viril e foi declarado Princeps juventutis. Não proclamou a apoteose de Tibério mas distribuiu o legado imperial como previsto, aumentando o seu valor.

Pouco tempo depois a avó Antónia morreu, a única pessoa que poderia ter alguma influência sobre ele, já que o tinha educado na infância. Adoeceu gravemente, provavelmente com uma depressão nervosa, que terá actuado no seu carácter como um catalisador, mostrando a sua verdadeira natureza. Com pouca saúde, com várias doenças congénitas, como a epilepsia, a doença desequilibrou de uma forma irreversível este jovem dotado, inteligente e bom orador, fazendo com que os autores modernos ainda hoje discutam o significado dos seus actos. É também preciso ter em conta a sua inexperiência e a excitação do exercício do poder, para além da influência dos escravos e dos libertos orientais que conheceu em casa de Antónia, filha de António: é que parece haver em Calígula uma vontade infantil de reviver o sonho do seu antepassado, a «vida inimitável» do monarca helenístico, desdenhoso da austeridade conformista de Augusto e de Tibério.

Logo após o seu restabelecimento, Caio lança-se numa política, se é que é disto que se pode falar, extravagante e cruel que representam o essencial da biografia de Suetónio. Gemellus foi morto, já que era fácil de prever que seria a base de uma oposição futura. Em relação ao Senado mostra-se, tanto irónico como ofensivo, como cruel e sádico. Os melhores servidores de Tibério, velhos e excelentes membros da classe consular, assim como experientes governadores são ridicularizados, subjugados, necessitando de se rebaixar às mais reles baixezas e aterrorizados. Muito são executados sumariamente, algumas vezes em pleno Senado, ou obrigados ao suicídio ouvindo as graçolas do algoz imperial. As enormes despesas em realização de Jogos, em festas e outros esbanjamentos assim como em construções inúteis levam o tesouro deixado por Tibério à exaustão, e para encher os cofres de novo volta-se às condenações de ricos, tanto em Roma como na Gália, com confisco dos bens.

No começo da sua governação Calígula contrariou muitas das decisões de Tibério, projectando entregar aos comícios as eleições que lhes tinham sido retiradas em 14, mas a ideia não foi para a frente. Queria governar, dizia, para o povo e a classe equestre, rodeando-se de libertos. Nomeia-se cônsul todos os anos, tirando o ano de 38, para sublinhar a preeminência do princeps na constituição. Retirou ao procônsul de África o comando da 3.ª Legião, Augusta, para que todas as tropas estivessem nas mãos dos legados imperiais. Mas, de facto, não mudou praticamente nada o pessoal administrativo das províncias, que não sofreram das suas loucuras, tirando a Gália, em que residiu entre 38 e 40, tendo em Lyon uma corte magnífica, rodeado de príncipes orientais, como Júlio Agripa, ou helenizados como Ptolomeu da Mauritânia, neto de António e Cleópatra, pela sua mãe Cleópatra Selena). A sua política externa opõem-se também aqui à de Tibério, e mesmo à de Augusto, que pretendiam acabar com os vários estados clientes existentes no Oriente. Calígula entregou vários territórios, como a Trácia, a Arménia, a Itureia, Damasco, uma parte da Judeia aos herdeiros dos reis desapossados, o que teve como resultado aumentar a confusão.

Mas há outro fio condutor. Calígula quis, e claramente desta vez, governar como um monarca oriental, como um déspota, de acordo com o seu bel-prazer. O mais grave é que para realizar o que pretendia não necessitava de modificar as bases do principado fundado por Augusto, já que os princípios de uma monarquia sem controlo estavam presentes na obra do «restaurador da liberdade» (vindex libertatis). Algumas das iniciativas de Calígula foram arcaizantes, como as festas em honra de Jupiter Latiar ou a reconstituição do rito do Rex Nemorensis (regresso às origens : aos montes Albanos), possivelmente inspirados pelo seu tio Cláudio, um sábio «antiquário». Os outros aspectos da política religiosa são mais lógicos; exaltação da ideologia oriental helenistica e de auto-deificação. Fez construir templos, sobretudo no Oriente, onde a sua estátua era colocada ao lado da divindade no naos. Tentou impor aos senadores a genuflexão como forma de saudação (proskysene), como Diocleciano fará dois séculos e meio mais tarde. Divinizou Drusila, a sua irmã referida, tanto em Roma como nas províncias, após a sua morte em 38, e rendeu-lhe culto como às mulheres-irmãs dos reis Ptolomeus do Egipto helenístico, o que fez nascer os boatos sobre relações incestuosas entre os dois. Tentou que o Senado mandasse construir um templo em sua honra no Capitólio, e enquanto esperava aumentou o templo de Castor e Polux, onde era adorado em pessoa. Fez ligar o seu palácio no Palatino ao Capitólio por uma passagem imensa, afim de poder contactar Júpiter mais facilmente, segundo as suas próprias palavras. A lembrança de António, a recordação da sua visita a Alexandria, acompanhando os pais, em 18 quando tinha 6 anos, a sua preferência pela monarquia Ptolemaica explica a sua devoção ao culto de Ísis. Por isso autorizou o culto, proscrito por Tibério, construiu no Campo de Marte um Isaeum, e inscreveu o culto de Ísis no calendário romano. As províncias orientais aceitaram facilmente esta política que irritava os Romanos. Mas ao querer colocar a sua estátua no templo de Jerusalém entrou em conflito com os Judeus.

Em Roma, onde tudo ainda se decidia, se as províncias se mantivessem calmas, as coisas não podiam manter-se assim durante muito tempo. Depois de ter alienado as classes dirigentes, Calígula teve a imprudência de criar impostos para os artífices e os comerciantes da capital, não perdendo também uma ocasião de insultar os tribunos das coortes pretorianas, que eram o único apoio que lhe restava. Após o falhanço sangrento de numerosas conspirações, foi finalmente assassinado pelo tribuno do pretório Cassius Chaerea, que foi o executor de uma conspiração onde se encontravam senadores, um dos dois perfeitos do pretório e de libertos importantes, cansados de tanto loucura.

O reinado trágico e louco de Calígula acabava em sangue, o primeiro de uma longa série. Mas, sob muitos pontos de vista, a política de Calígula não era completamente demente nem prematura: a hora do despotismo oriental é que ainda não tinha chegado a Roma. E de facto, havia outras maneiras de resolver as contradições deste regime monárquico fundado no respeito da tradição republicana, e o reinado seguinte, de Cláudio, iria mostrá-lo.

Fonte:

Paul Petit, Histoire Générale de l'Empire Romain, 1, Le Haut-Empire (27 av. J.-C. - 161 ap. J.-C.), Paris, Éditions du Seuil («Univers Historique»), 1974.

A ler:

Suetónio, Os Doze Césares, Livro IV: Caius Caligula

15 de fevereiro de 2009

HISTÓRIA AO VIVO

O QUE É A HISTÓRIA AO VIVO?
"História ao Vivo é uma técnica de recriação do passado, que tem por objectivo proporcionar tanto a crianças como a adultos uma oportunidade de contactar de uma forma lúdica e concreta com alguns aspectos da vida quotidiana. Geralmente pouco conhecidos, porque mal contemplados nos programas, mesmo nos mais actuais. Esta técnica faz principalmente apelo a três entidades fundamentais para o sucesso de qualquer acção: a escola, o museu ou o monumento e a comunidade.
Antes do mais, tem que se escolher um tema histórico adaptado ao local que se deseja fazer reviver; em seguida encontrar a época mais adequada aos objectivos pedagógicos a atingir, não esquecendo a viabilidade do projecto.
Entendemos que um projecto de "História ao Vivo" é uma técnica eminentemente pedagógica, que ensina e responsabiliza as crianças, os professores e a comunidade, criando-lhes o gosto pelo passado, pela investigação e preservação desse mesmo passado, que é da responsabilidade de todos."
Paula Bárcia, Grupo de Trabalho do Ministério da Educação para a Comemoração dos Descobrimentos Portugueses.


B.2. O mundo Romano no apogeu do Império: Mitologia

A Mitologia Romana


Como quase todos os povos da Antiguidade, os Romanos, antes da cristianização, eram politeístas.
Tal como na Grécia, a vida familiar, social e cultural dos Romanos estava ligada à religião. Os lares (deuses da família), os Penates (deuses das refeições) e os Manes (almas dos antepassados) eram os deuses domésticos. Após a conquista da Grécia, os romanos assimilaram os deuses gregos dando-lhes nomes latinos.
No período do Império, a religião tradicional passou a integrar ritos políticos e cívicos dos quais fazia parte o culto do Imperador.
A família tradicional romana, unida à volta do seu chefe e do culto doméstico, passou gradualmente a ficar desagregada. Casamentos e divórcios, principalmente nas classes mais ricas, sucediam-se como meras formalidades.
O culto aos deuses, e também ao imperador, fazia-se através de orações e sacrifícios que tinham lugar nos templos e nas aras (altares).
Os templos passaram a ser muito frequentados, além de orações e sacrifícios realizavam-se inúmeras festas com banquetes e procissões. Tal como na Grécia também havia jogos públicos que em Roma eram dedicados a Júpiter. A ostentação e o prazer estavam sempre presentes nestas festas.
As pessoas adoravam os seus deuses em dias santos e festivais, que eram em grande número. Nesta altura não havia semanas de sete dias com um dia santo de descanso, excepto entre os judeus. Rezava-se em períodos de problemas ou doenças.
Os sacerdotes (áugures e pontífices) e as sacerdotisas (vestais) eram os organizadores do culto dos deuses: os áugures interpretavam a vontade dos deuses; Os pontífices fixavam os ritos e o calendário dos "dias nefastos"; as Vestais mantinham acesa a chama sagrada no templo de Vesta. Os principais deuses: eram Júpiter (o equivalente em grego era Zeus) que era o pai dos deuses, Juno ( sua mulher), Marte, Vénus ,Diana, e Baco . Mais à frente iremos ver a sua importância entre os romanos.

B.2. O mundo Romano no apogeu do Império: Queda do Império

O FIM DO IMPÉRIO ROMANO, O CRISTIANISMO, AS INVASÕES BÁRBARAS
As Transformações no Império Romano
Durante o governo de Diocleciano e Constantino, várias medidas foram adoptadas na tentativa de conter a crise, como a criação de impostos pagos em produtos, congelamento de preços e salários, e a fixação do camponês à terra, iniciando-se a prática de um processo de maior ruralização.

Imperador Constatino
O imperador Constantino foi ainda o responsável pela conciliação entre o Império e o cristianismo, a partir do Edito de Milão (313), que garantia a liberdade religiosa aos cristãos, que até então haviam sofrido intensas perseguições e que naquele momento representavam uma possibilidade de justificativa ao poder centralizado e ainda serviria para travar o movimento popular e de escravos, uma vez que a doutrina cristã reforçava a esperança de uma vida digna após a morte, no Reino de Deus.
A nova religião foi ainda mais reforçada durante o governo de Teodósio quando, através do Edito de Tessalónica, o cristianismo foi considerado como religião oficial do Império. A política imperial baseava-se na utilização da Igreja como aliada, na medida em que esta era uma instituição hierarquizada e centralizada e que nesse sentido, contribuiria para justificar a centralização do poder.

A Desagregação

Apesar desse conjunto de medidas, a crise económica aprofundava-se, assim como a presença de povos bárbaros aumentava, estimulando a fragmentação territorial e a ruralização, pois o desenvolvimento das Villae estimulava uma economia cada vez mais voltada para a auto-suficiência. Esse fenómeno era particularmente forte na parte ocidental do Império, onde a presença bárbara foi muito maior e onde a decadência do comércio foi mais acentuada.


Átila
A divisão do Império em duas partes no final do século IV também contribuiu para esse processo: O Império Romano do Oriente, com capital em Constantinopla ainda conseguiu manter uma actividade comercial com outras regiões do Oriente, enquanto que o Império Romano do Ocidente, com capital em Milão, viveu um aprofundamento constante da crise.

Bárbaros em Roma
Podemos perceber que nesse período de agonia final do Império Romano do Ocidente surgiram características que irão sobreviver e que estarão presentes na Idade Média, fazendo parte da estrutura feudal, como o trabalho do servo e a organização das Villae, que servirão de modelo para o trabalho servil e para a organização do Feudo; assim como o cristianismo.

B.2. O mundo Romano no apogeu do Império. Romanização

Os Romanos na Península Ibérica

Há cerca de 2200 anos a Península Ibérica foi conquistada por um povo muito poderoso: os Romanos.
Este povo era originário de Roma, na Península Itálica, mas cedo alargaram o seu território conquistando territórios em torno do Mar Mediterrâneo a que passaram a chamar "mare nostrum" - o nosso mar.
Com estas conquistas, os Romanos pretendiam aumentar os seus territórios, apoderar-se das riquezas naturais dessas zonas e dominar o comércio do Mediterrâneo.
A Resistência dos Lusitanos
Na Península Ibérica, um dos povos que mais resistiu ao exército romano foram os Lusitanos. Embora tivessem um exército mais fraco e menos organizado, utilizaram tácticas de guerra como os ataques de surpresa que desnorteavam os Romanos. Um dos mais famosos chefes dos Lusitanos foi Viriato.
Os Romanos tinham um forte exército, muito organizado e bem armado o que lhes permitiu conquistar este vasto império, isto é, um conjunto de territórios habitado por vários povos mas sujeitos ao poder de um mesmo chefe - o imperador.

Romanização
Os Romanos trouxeram muitas inovações que foram alterando o modo de vida dos povos peninsulares:

-novas cidades com teatros, templos, balneários públicos com água quente (termas), aquedutos, monumentos;
-um novo tipo de casa, coberta com telha, jardins interiores, repuxos de água, mosaico a cobrir o chão;
-uso do latim como língua falada na Península e que está na base das línguas latinas (português, espanhol, francês, italiano, romeno);
-uso da numeração romana;
-a partir do século IV, o Cristianismo passou a ser a religião oficial de todo o Império Romano.
-novas culturas como a vinha e a oliveira;
-exploração de minas;
-desenvolvimento de indústrias como a salga de peixe, olaria e tecelagem;
-novos materiais de construção como as telhas, os tijolos e os mosaicos;
-novos utensílios como ânforas, talhas, candeias, jóias;
-o uso generalizado da moeda para o comércio;
-uma rede de estradas e pontes para unir as diversas cidades a Roma e facilitar a circulação do exército e das mercadorias;
-novas cidades com teatros, templos, balneários públicos com água quente (termas), aquedutos, monumentos;

B.2. O mundo Romano no apogeu do Império; Religião

A religião romana

A religião romana surgiu da combinação de diversos cultos com várias influências. Crenças etruscas, gregas e orientais foram incorporadas aos costumes tradicionais para adaptá-los às novas necessidades do povo.
O Estado romano propagava uma religião oficial que prestava culto aos grandes deuses de origem grega, porém com nomes latinos, como por exemplo, Júpiter, pai dos deuses; Marte, deus da guerra, ou Minerva, deusa da arte. Em honra desses deuses eram realizadas festas, jogos e outras cerimónias.
Os cidadãos, por sua vez, buscavam protecção nos espíritos domésticos, chamados lares, a quem rendiam culto dentro de casa.
O Edito de Milão de Constantino estabeleceu a liberdade de culto aos cristãos, encerrando as violentas perseguições. No século IV d.C., o cristianismo tornou-se a religião oficial, por determinação do imperador Teodósio.

B.2. O mundo Romano no apogeu do Império: Arte

A arte romana
Inspirada no modelo grego, a arte romana incorporou as formas e as técnicas de outras culturas do Mediterrâneo.

Museu de Arte Romana em Mérida
Roma destacou-se na arquitectura com grandes edifícios privados e públicos. Entre os privados, incluem-se as casas e as residências colectivas. Os públicos dividem-se em religiosos (templos), administrativos e comerciais (basílicas) e lúdicos (teatro, anfiteatro e circo). O espírito prático de Roma reflecte-se no urbanismo e nas grandes obras de engenharia, como estradas e aquedutos.

B.2. O mundo Romano no apogeu do Império

Império Romano (27 a.C. - 476 d. C.)

Roma teve distintas formas de governo ao longo da sua história. Após a República (época de ex­pansão militar e económica), o regime imperial impôs-se durante cinco séculos.
Que poderes concentrava o imperador? Que di­ferenças havia entre as formas de governo da República e do Império?
O Império sucedeu à República de Roma. Augusto reorganizou o território, acabando com a corrupção e extorsão que haviam caracterizado a administração do período anterior. Esse período representa o auge da idade de ouro da literatura latina, em que se destacam as obras poéticas de Virgílio, Horácio e Ovídio e a obra em prosa de Tito Lívio.
Para melhor dominar e organizar o seu vasto império, os Romanos implantaram nos territó­rios conquistados os seus costumes, modos de vida e cultura.

Como se deu a integração dos povos vencidos no Império? Que papel teve o latim e o direito roma­no nesse processo?
Os imperadores seguintes da dinastia Júlio-Cláudia foram: Tibério, Calígula, Cláudio I e Nero. Durante os últimos anos, cometeram-se muitos excessos de poder.
Vespasiano, junto com seus filhos Tito e Domiciano, constituíram a dinastia dos Flávios. Ressuscitaram a simplicidade do início do Império e tentaram restaurar a autoridade do Senado e promover o bem-estar do povo.

Marco Cocceius Nerva (96-98) foi o primeiro dos denominados cinco bons imperadores, junto com Trajano, Adriano, Antonino Pio e Marco Aurélio. Com Trajano, o Império alcançou sua máxima extensão territorial e seus sucessores estabilizaram as fronteiras. A dinastia dos Antoninos terminou com o sanguinário Lúcio Aurélio Cómodo.
Trajano foi imperador de Roma no ano 98 e expandiu o Império pela Europa Central e Mesopotâmia graças às suas vitórias militares. Empreendeu importantes projectos de engenharia civil (construiu estradas, canais e portos). Também instituiu reformas sociais para reconstruir as cidades e reduzir a pobreza.
Constituíram a dinastia dos Severo: Lúcio Sétimo Severo, hábil governante; Caracala, famoso por sua brutalidade; Heliogábalo, imperador corrupto; e Alexandre Severo, que se destacou por sua justiça e sabedoria.
Dos 12 imperadores que governaram nos anos seguintes, quase todos morreram violentamente. Os imperadores Ilírios conseguiram que se desenrolasse um breve período de paz e prosperidade. Esta dinastia incluiu Cláudio II, o Gótico, e Aureliano.
Diocleciano levou a cabo um bom número de reformas sociais, económicas e políticas. Após seu mandato, houve uma guerra civil que só terminou com a ascensão de Constantino I, o Grande, que se converteu ao cristianismo e estabeleceu a capital em Bizâncio. Teodósio I reunificou o Império pela última vez. Após sua morte, Arcádio converteu-se em imperador do Oriente e Honório, em imperador do Ocidente.
Os povos invasores empreenderam gradualmente a conquista do Ocidente. Rómulo Augústulo, último imperador do Ocidente, foi deposto no ano de 476. O Império do Oriente, também denominado Império Bizantino perduraria até 1453.
A crise do Império Romano

A partir do século III, o Império Romano entrou em declínio. Com o fim das guerras de conquista, esgotou-se a principal fonte fornecedora de escravos. Teve início a crise da escravatura que abalou seriamente a economia, fez surgir o colonato e provocou o êxodo urbano. Além disso, houve disputas pelo poder e as legiões diminuíram. Enfraquecido, o Império Romano foi dividido em dois e a parte ocidental não resistiu às invasões dos bárbaros germânicos no século V.

B.2. O mundo Romano no apogeu do Império: Cidade Romana

A cidade de Roma no século I a.C.
No século I a.C., Roma passou por uma transformação espectacular, tornando-se uma cidade repleta de confortos, com casas comerciais, jardins e edifícios monumentais. Construíram-se numerosas residências e locais de diversão – como o Coliseu – e foram feitas grandes melhorias no sistema de esgotos e nos aquedutos da cidade.

B.2. O mundo Romano no apogeu do Império: Exército Romano

O exército romano

O Império Romano dependia de um exército forte e bem organizado, que realizava as campanhas de expansão e defendia as fronteiras. Os legionários eram a base do exército romano; a maioria deles era voluntária. Para entrar no exército era imprescindível ser cidadão romano. O exército estruturava-se em legiões de seis mil soldados, cada uma dividida em dez cortes.
O exército romano, nos dias áureos do Império, era uma máquina de guerra devastadora e tremendamente bem sucedida. A unidade principal era a legião, com cerca de 6000 homens, quase todos tropa de infantaria. Podia incluir 100 a 200 homens a cavalo, utilizados como batedores, porta-estandartes e enviados em perseguição de inimigos em fuga. O legionário tinha de ser cidadão romano, e os recrutas tinham de submeter-se a um rigoroso programa de selecção antes de serem aceites nas fileiras. Deviam medir pelo menos 1,70 m e ser aprovados num exame médico para garantir que se encontravam em boa condição física e tinham boa visão. Depois, alistavam-se por 20 anos.

O equipamento foi evoluindo ao longo dos anos, mas no século I d. C, um legionário usava um elmo de ferro, uma armadura peitoral ou aduelas de ferro, um escudo de madeira, dois grandes dardos, um punhal, uma espada curta, o chamado gládio, e sandálias robustas de couro.

Para além da armadura e das armas, os soldados levavam ainda um cesto, uma picareta, um machado, uma serra, uma panela, duas estacas para a paliçada de defesa do acampamento e cereal suficiente para uns 15 dias, num total de 40 kg.

Também, nos cercos, os Romanos eram impressionantes. Para derrubarem as portas das cidades, unidades de 27 legionários agrupavam-se em testudo, ou formações "em tartaruga", juntando-se uns aos outros com os escudos sobre as cabeças, o que constituía uma "carapaça" que os protegia dos projécteis inimigos. Também na guerra de cerco usavam torres móveis, rampas, escadas e catapultas gigantes, as ballistae, para lançar sobre o inimigo pedras e setas em chamas.

As vitórias eram celebradas com toda a pompa. Em Roma, era costume realizarem-se "triunfos", ou seja, celebrações públicas para dar as boas-vindas aos comandantes e tropas vitoriosas, com brilhantes cortejos de carros alegóricos, porta-estandartes, trombetas, exibição de prisioneiros e execuções rituais dos chefes inimigos num local perto do fórum. Os insucessos eram mal vistos: uma unidade considerada desobediente ou cobarde em batalha era sujeita à "dizimação" - escolhia-se à sorte um soldado em cada 10, que era selvaticamente morto à paulada pelos seus anteriores camaradas.

B.2. O mundo Romano no apogeu do Império: Escravos


Escravos
Em consequência das guerras de expansão, os escravos em Roma eram muito numerosos. Não eram considerados seres humanos, mas sim propriedades e, portanto, eram explorados e vendidos como mercadorias.
O seu trabalho, no artesanato e na agricultura, era decisivo para a produção de bens necessários para a sociedade. Podiam comprar a sua liberdade ou então serem libertados pelo proprietário. A partir do século II a.C., sucederam-se diversas rebeliões de escravos, como a comandada por Espártaco.

B.2. O mundo Romano no apogeu do Império: Política

MONARQUIA E REPÚBLICA
A Monarquia

Num período lendário, Roma foi governada por sete reis que tinham poder absoluto. O Senado era formado por chefes de família que os aconselhavam.
Por volta de 575 a.C., os reis etruscos dominaram Roma e influenciaram decisivamente o início da civilização romana. Estes elaboraram leis prudentes que favoreciam o artesanato e o comércio, com os quais Roma adquiriu grande importância. Aos poucos, porém, esses reis deram lugar a outros monarcas, violentos e tirânicos, que desprezavam as opiniões do Senado.

A República e os seus magistrados

As famílias patrícias que formavam o Senado, temerosas de perder o seu poder diante da tirania dos reis expulsaram-nos e proclamaram a República. Esta baseava-se em três órgãos: o Senado, os magistrados e as Assembleias, simbolizados pela conhecida sigla S.P.Q.R. (Senatus Populusque Romanus, ou seja, "Senado e povo romano").

Império Romano

Iniciou-se em 27 a. C., a 16 de Janeiro, com a ascensão de Augusto (Octávio) ao Império, na sequência da derrota imposta a Marco António e Cleópatra em Ácio (31 a. C.). Ocupou o sólio até 19 de Agosto de 14 d. C., tendo sido o primeiro imperador, iniciando também a dinastia Júlio-Claudiana. Este título de imperador assumia não só uma conotação política mas também religiosa, com uma posição apoiada numa autoridade superior à de todos os magistrados romanos. O reordenamento político-institucional operado por Augusto lançou as bases da estrutura do governo imperial: através de uma hábil propaganda, redimensionou a política expansionista romana (organização das províncias em imperiais e senatoriais, estacionamento de legiões nas fronteiras) e criou um forte aparelho burocrático dinamizado essencialmente pela classe equestre; participação no governo imperial da plebe e dos estamentos em ascensão, através de mecanismo clientelares; restauração dos valores de romanidade; criação de colónias com veteranos de guerra; manutenção de uma paz civil durante um longo período de tempo, depois de várias lutas fratricidas. Todo este edifício legislativo de Augusto visava a estabilidade à pesada estrutura imperial e que não podia ser governado com os antigos mecanismos republicanos.
Apesar da governabilidade ter uma aparência republicana, na essência era monárquica, o que era visível no aspecto da sucessão, como aconteceu com a escolha de Tibério por Augusto como seu sucessor. Tibério provinha de uma grande família republicana, aparentada com o imperador. As dinastias que se seguiram a Augusto (Júlio-Cláudios, 14-68, e Flávios, 69-96), deram imperadores que se distinguiram pelo seu temperamento, capacidades e métodos de governo. A continuidade dinástica baseava-se também na fidelidade do exército e das províncias, ambos com forte ligação à imagem do imperador e pouco inclinados a acatarem as exigências da aristocracia romana. Assim, a Tibério sucedeu Calígula, filho de Germânico (sobrinho de Tibério), e depois Cláudio, Nero (filho de Agripina, última mulher de Cláudio).
Tibério tentou manter uma colaboração estreita com o Senado, apesar deste com o tempo oferecer resistências crescentes aos governos aristocráticos. Com Calígula e principalmente Nero o imperador ganhou uma imagem autocrática e marcadamente orientalizante, o que gerou anticorpos entre a inteligenzia romana e entre os exércitos e províncias ocidentais, pondo-se em causa essa tendência autocrática. Assim, em 68, na sequência de uma viagem de Nero ao Oriente, explodiram revoltas entre as legiões e as províncias ocidentais contra o imperador: em Espanha os exércitos aclamaram Galba, na Germânia Vitélio, com Vespasiano a ser aclamado no Oriente e Otão entre a poderosa Guarda Pretoriana. Vespasiano acabou por levar a melhor, apesar de se manter acesa uma guerra na instável Judeia. Este turbulento ano de 68, ou "dos quatro imperadores", demonstrou a precaridade do equilíbrio do poder imperial. Com Vespasiano (69-79), iniciou-se a dinastia dos Flávios, sucedendo-lhe Tito, que pouco tempo governou para demonstrar alguma tendência orientalizante: antes foi ele mesmo que solucionou brutalmente a questão judaica. Domiciano, outro Flávio, foi um imperador autocrático, não à imagem de Nero, mas acabou ser alvo da confluência de conjuras do Senado, dos Pretorianos e da corte, sendo substituído por um velho senador (Nerva, 96-98), por acção da aristocracia.
A política externa do século I d. C. foi a que foi traçada na essência por Augusto: mais conservação dos territórios que ampliação das conquistas. Depois da renúncia à conquista da Germânia, avançou-se para a Bretanha e foram criadas as províncias da Mauritânia, Trácia e Capadócia. Interrompeu-se a campanha da Dácia (actual Roménia, aproximadamente), onde as dificuldades foram muitas. Mas a máquina do Império não deixou de funcionar no século II, atingindo níveis de coesão e de prosperidade material consideráveis, com Trajano, por exemplo (quando o Império conheceu a sua extensão máxima) e depois com os Antoninos, bons governantes. Trajano (98-117), teve como sucessores Adriano (117-138), Antonino Pio (138-161) e Marco Aurélio (161-180). O princípio da adopção do sucessor - ou a escolha do melhor, noutro sentido - manteve-se até Marco Aurélio, que entregou os destinos do Império ao filho, Cómodo (180-192). Trajano foi um imperador militar, conquistando finalmente a Dácia (depois bastante romanizada) e algumas regiões párticas, mas a que o seu sucessor, Adriano, teve que renunciar.
Com os Antoninos inaugurou-se uma política de paz, benéfica para o governo desta dinastia e uma opinião favorável entre o povo, fazendo com que muitos historiadores considerem a sua época como o apogeu do Império e os seus imperadores os protótipos do príncipe perfeito. Adriano, por exemplo, promoveu a cultura helenística; Antonino Pio era o soberano totalmente dedicado ao bem público; Marco Aurélio, filósofo e escritor, simbolizou o sonho antigo dos sábios chegarem ao poder. Mas no seu reinado o poder romano começou a ser posto à prova, com as invasões de populações germânicas, o que fez tremer a organização militar e as finanças de Roma. Eram os pródromos da crise imperial: as campanhas defensivas de Marco Aurélio (entre 161 e 180) e o governo despótico de Cómodo - que rompeu todos os equilíbrios institucionais romanos alcançados, abrindo uma espiral de revoltas provinciais e levantando suspeitas na aristocracia - assinalaram o fim da "época feliz" do Império. Começava então a dinastia dos Severos e a crise do século III.
De facto, no fim do reinado de Cómodo estalou uma grave crise institucional em Roma: insurreições nas províncias, que acusavam o imperador de olhar apenas por Roma; várias eleições de imperadores pelas várias legiões, entre os quais Sétimo Severo e Piscénio Níger, entre outros, como Dídio Juliano, preferido dos pretorianos. Ganhou o africano Severo (193-211), apoiado na força militar. Inaugurou a dinastia dos Severos (193-235), que se notabilizou pela fase dita "clássica" do direito romano. Sucedeu-lhe Caracala (211-217), que teve inúmeros problemas no Oriente. Ficou conhecido por querer dotar Roma e outras cidades de termas. Macrino seguiu-se-lhe no trono imperial, embora como usurpador, de certa maneira, o que lhe valeu a oposição tenaz das mulheres da família dos Severos, que fizeram com que o jovem Heliogábalo ascendesse ao império em 218 (até 222). Indivíduo extravagante, importou e difundiu cultos orientais (Mitra, Baal e outros cultos solares, por exemplo), o que criou um sincretismo religioso que lançou a confusão entre os Romanos. De 222 a 235 esteve no poder o último dos Severos, Alexandre Severo. Esta época de confusão religiosa foi relativamente tolerante com o Cristianismo, já que as correntes monoteístas enxameavam então em Roma.
Muitos eram os problemas militares no Império, principalmente no Oriente, onde vários povos persas assolavam as fronteiras e dizimavam legiões, e também no Reno. As legiões, perante a impotência de Alexandre Severo logo o mataram em 235 e aclamaram Maximino I, o Trácio . Mas começaram aí cinquenta anos de crises gravíssimas, sucedendo-se vários imperadores e usurpadores sem que se conseguisse criar estabilidade no poder. Apenas os imperadores-soldados ilíricos (268-284) conseguiram pela força impor alguma acalmia, mas sem grandes resultados ao nível administrativo. O Império era constantemente abalado nas fronteiras, com incursões de povos germânicos frequentes e razias. O Cristianismo atingia uma dimensão clandestina notável e estava já bastante impregnado na sociedade. Décio (249-251), um imperador tradicionalista deste período turbulento, ficou famoso pelas mais cruéis perseguições feitas aos Cristãos, acabando com a tradicional tolerância religiosa dos Romanos. Em 258 na Gália criou-se um contra-poder usurpador e no Oriente, por essa altura, a situação agudizava-se, com estados regionais rebeldes (como em Palmira, por exemplo). Aureliano (270-275) foi um dos imperadores que se destacou positivamente neste período, elaborando reformas monetárias e militares sérias, reforçando as defesas de Roma e procurando resolver os problemas religiosos.
Aureliano, como tantos outros imperadores do século III acabou morto pelos soldados. Entre 275 e 284 vários foram os imperadores e muitas as lutas e querelas. Só com o soldado ilírico Diocleciano (284-305) surgirá um reinado longo. Para disciplinar a sucessão imperial, instituiu o sistema da tetrarquia: dois imperadores (os dois augustos) e dois césares, que deveriam suceder aos primeiros. Outras reformas foram empreendidas por Diocleciano: novo sistema fiscal, reordenamento das províncias com fins militares e tributários, aumentos dos efectivos militares e uma nova hierarquização administrativa, entre outras. O imperador foi divinizado como nunca antes o fora, empreendendo duríssimas e sangrentas perseguições aos Cristãos. Mas não demorou muito a este credo monoteísta oriental se impor no mundo romano: em 313, Constantino (306-337), no Édito de Milão, promulgou a liberdade de culto para o Cristianismo e sua paridade com o paganismo, para além de uma série de privilégios e da possibilidade de erecção de templos próprios. O Império era uma realidade bicéfala, com duas sedes, uma em Roma, no Ocidente, latina, e outra em Constantinopla (inaugurada em 330 como uma "Nova Roma"), no Oriente, grega, criando duas matrizes culturais que marcariam a civilização cristã e europeia até à actualidade.
O século IV foi no entanto a antecâmara da queda do Império Romano que se verificaria na centúria seguinte. A aristocracia refugiou-se nas suas villas fortificadas, alienada do poder e das legiões. A ameaça dos "bárbaros" era uma constante e não raro atingia o interior do Império. Apesar dos esforços legislativos constantinianos, não houve seguimento ao seu trabalho, com revoltas internas no Ocidente e invasões germânicas à mistura. O Oriente estabilizava e florescia e afastava-se cada vez mais de Roma. Houve lugar ainda a um retorno ao paganismo com Juliano, o Apóstata (355-363), que foi vítima dos anticorpos que criou e principalmente do eterno problema oriental, personificado quase sempre nos Persas. Os imperadores sucessivos envolveram-se todos em constantes e irresolúveis guerras com os "bárbaros", chegando alguns a serem mortos por estes (como Valente, em 378). Depois veio Teodósio, imperador do Oriente (374-395) e imperador único em 394-95, o último que impôs alguma estabilidade política, militar e até religiosa. Em 391-92, promulgou em Constantinopla o Cristianismo como religião de Estado. Com acordos com os "bárbaros", conseguiu aplacar durante vários anos as surtidas destes. Mas em 395 morreu e a unidade imperial ruiu definitivamente, anunciando-se um fim próximo no Ocidente, que foi sendo adiado por uma série de imperadores sem força política e militar e muitos deles "fantoches", por vezes dos "bárbaros" mesmo e sempre dependendo do Oriente. Duas realidades políticas, militares e burocráticas distintas, apesar de se manter o ideal da unidade, impossível já.
O Ocidente encolhia-se, os "bárbaros" instalavam-se já no Império e muitos dos seus eram mesmo generais (como Recimero, entre 461 e 472, por exemplo) ao serviço de Roma, à frente de legiões de mercenários nem sempre fiáveis. Os saques de Roma sucediam-se, com a Cidade a perder esplendor e mergulhada no medo. As províncias estavam à mercê da voracidade germânica. As questões palacianas marcavam o quotidiano do Império, desgovernado e com o limes sempre ameaçado. Ironicamente, o último imperador romano teve o nome do fundador de Roma, Rómulo, e o do primeiro imperador (ainda que em forma diminutiva, mas zombeteira), Augústulo (Augustozinho , em tradução livre). Em 476, Odoacro, rei "bárbaro", saqueava Roma e calmamente depôs e encaminhou aquele imperador, ainda adolescente, e sua mãe para um exílio dourado no sul de Itália. O Império Romano (do Ocidente) acabava, mas a Oriente resplandecia e abria caminho ao refulgente mundo bizantino, de matriz grega e cristã.